François La Rochefoucauld

151 - 175 do total de 212 pensamentos de François La Rochefoucauld

Muitos são os remédios que curam o amor, mas nenhum é eficaz.

Todo o bem que dizem de nós não nos diz nada de novo.

Não há quem apresse mais os outros do que os preguiçosos depois de haverem satisfeito a sua preguiça, a fim de parecerem diligentes.

Há péssimas qualidades que fazem grandes talentos.

Todos reclamam da sua falta de memória, mas ninguém se queixa da sua falta de senso.

A graça é para o corpo o que o bom senso é para a mente.

Na adversidade dos nossos melhores amigos, há algo que não nos desagrada.

O ser humano é apenas feliz enquanto não é feliz.

O indício mais seguro de se ter nascido com grandes qualidades é ter nascido sem inveja.

A amizade, depois da sabedoria, é a mais bela dádiva feita aos homens.

O ciúme é o maior de todos os males e é aquele que inspira menos piedade ás pessoas.

Os velhos gostam de dar bons conselhos para se consolarem de já não estarem em estado de dar maus exemplos.

Se há homens cujo ridículo nunca se tornou evidente, é porque nunca procurámos bem.

Há pessoas que nunca se teriam apaixonado se nunca tivessem ouvido falar no amor.

Não serve para nada ser-se jovem sem beleza, nem bela sem juventude.

O encanto da novidade e os velhos hábitos, por mais que uma coisa se oponha à outra, impede-nos igualmente de ver os defeitos dos nossos amigos.

Quando o nosso ódio é demasiado vivo, colocamo-nos abaixo daqueles que odiamos.

O uso frequente da astúcia é sinal de pouca inteligência, e quase sempre quem se serve dela para cobrir-se de um lado acaba por se descobrir do outro.

Ainda que seja raro o verdadeiro amor, é no entanto menos raro que a verdadeira amizade.

Por mais descobertas que se tenham feito nos domínios do amor-próprio, ainda ficarão muitas terras por descobrir.

Descobrem-se maneiras de curar a loucura, mas não se encontra nenhuma para endireitar um espírito louco.

As virtudes perdem-se no interesse como as águas do rio se perdem no mar.

Perdoa-se na medida em que se ama.

Há por vezes tolos com graça, mas nunca com juízo.

A distância é como os ventos: apaga as velas e acende as grandes fogueiras.