Coleção pessoal de humbertos.santos

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Densa e gélida escuridão
Sorrateiramente achega-se
Cobrindo a tudo e a tudo tragando
Sufocando aos sons do mundo
Conduzindo os seres à inércia
Tornando concreta a solidão do ser
Isolando o indivíduo em sí
Fazendo-o ciente
De que seu corpo
É seu cárcere
E algoz!

9

De madeira pintada de branco
Foi teu primeiro e único berço
Invólucro de mim em miniatura!

Esquife de inestimável tesouro
Em fétida carneira depositado
Habitada por todas as ordens de insetos!

Orgãos inertes
Pulmões que não sorveram ao ar
Olhos que não viram
Perfeição inútil, imperfeita!

Ordem invertida
O translado, foi todo o tempo em que tive aos braços
Haverias de carregar-me rumo ao Letes...
Teu par e poucos de peso
Fizeram-me suar, feriram-me aos músculos, nervos, carne
Alma!

Dei-te adeus, antes de haver-te conhecido por inteiro

Vida esvaziada
Alegria podada
Sonho interrompido

Esperança nati-morta!

Mulher, tu'alma é como um rio
Serena e ao mesmo tempo, impetuosa
Pode-se afogar em tua correnteza
Pode-se nela lavar as impurezas
Devasta a tudo em teu redor, quando irada
Se calma, nos alimenta e sacia à todas as sedes!

Tua essência, pode-se compreender
Jamais decifrar!
A única forma de dominá-la
É abandonar a pretensão de contê-la!

Alma guerreira
Teu fruto destroi impérios
Geradora da vida
Teu fruto ergue impérios!

Por ti, bárbaros choraram, qual pueris infantes
Por ti, santos pecaram!

A ciência desvendou cada átimo do ser humano
Mas, só tu és capaz de dar-nos à vida!

Por não compreender-te
Atrocidades foram cometidas
Buscando compreender-te
Legaram-nos os poetas, os mais admiráveis poemas!

Em um espelho
Há mais do que simples reflexo
Mais do que mera contemplação!

Em um espelho
Há as cicatrizes de decepções vividas
Mas, há o brilho de sorrisos vivenciados!

Em um espelho
Há as marcas das feridas mal cicatrizadas
E há também, alegrias compartilhadas!

Em um espelho
Há diversos "eu", que foram ( Também os que nunca chegaram à ser)
Há o que é (também os que não são)
Há os que serão! (também os que nunca serão)

Em um espelho
Estou eu...
E todas as pessoas que tocaram minh'alma!

O peso do mundo é a solidão!
Enlouqueci
Buscando preencher o vazio que sou!
Muito lutei, e nada sou...
Casca oca
Preenchendo espaços
Mas, nada contendo
Ocupando lugares
Mas, nada representando!

Escoaram os sentimentos
Assim como os sonhos e os desejos
Tornei-me algo suportável
Porém, indesejável
Promessa não cumprida
Peso tolerável
Descartável!

Estou só...
E o peso do mundo recai sobre minha'alma!

Eis diante de mim
A encantadora face de Vênus
Tão próxima e simultâneamente distante
Dos desejos que dilaceram-me à alma!

Sua aveludada tez
Seu radiante viço
Intenso pulsar de vida!

Vida!
Cujo sentido se encerra em
Amar-te!

Presentir teu calor, congela-me ao sangue
Imaginar teus lábios roçando aos meus
Consome-me em chamas!

Qual o sol, que aproxima-se mansamente
Buscando juntar-se à lua
Estendo ao máximo os braços, as mãos e os dedos
Porém, me é impossível alcançar-te!


Magnífica deusa!

Resta-me sorver ao extasiante olor com o qual meus dedos se impregnaram
Doses de felicidade com as quais me presenteasse!

Inebriado
Aquí permaneço!
Sentindo a intensa volúpia
Que teu corpo emana
Seguindo-te neste lúbrico folguedo!

Permites que me acerque, o suficiente
Para que sinta na ponta dos dedos
Os pêlos de teu corpo, macios, eriçados
Teu fogo interno, irradiado por tua pele
Revigorando-me a paixão!

Aquí permaneço...
Intentando
Dia após dia
Alcançar a face da deusa!

De volta à tona
Após longa hibernação
Retorna com intensa voracidade!

Intenso sentimento...
Confuso sentimento...

Entrego-me incondicionalmente
Saboreio cada instante
Cultivo em mim, tua presença!

Atendo, inconteste, ao chamado de Afrodite!

Sereia
Castanhas madeixas, pendem sobre tua reluzente face
Acentuando o brônzeo tom de tua acetinada pele

Altiva Siren!
Anseio ser encantado pelo hipnotizante som de tua voz

Majestosa Nereida
Se a areia eu fosse
Que prazer seria, sentir sobre mim, teu corpo sensualmente repousado!

Tua essência me inflama, tal e qual o sol, que irradia seu calor sobre teu corpo
Aquecendo-te, levando-te a um lânguido relaxamento físico e mental

Em meus devaneios, desejo ser o vento, a circundar-te, brincando em teus cabelos
Soprando suavemente os pelos da tua nuca, fazendo percorrer por todo teu corpo um eletrizante calafrio!

Desejo também ser o mar
E, ver-te caminhar soberanamente em minha direção
Adentrar ao meu ser, sem pedir ou vacilar
Permitindo que eu vá aos poucos, envolvendo ao teu corpo, sentindo simultâneamente à cada centimetro do teu ser!

Deixo em teus lábios, meu sal, ao qual recolhes com a ponta da língua!

Sei que à noite, muito depois que me deixaste
Meu calor ainda está em tua pele
Que meus sussurros, ainda ecoam em teus ouvidos...
Meu gosto, ainda está em tua boca!

Assim...
Mesmo distante
Estou contigo
Estou em tí!

Me disse ela
Que também tem saudade
Do beijo nunca dado
Do toque nunca trocado
Do sorriso nunca efetuado
Da música nunca compartilhada
Do silêncio respeitado
Do olhar inesperado
Do encontro nunca marcado
De mim ao seu lado!

Para que resistir?
Porque não antecipar o fatal destino?
Há limite para a dor?
Humilhação incessante
Recaídas constantes
Certezas vacilantes
Verdades mutantes
Agonia dilacerante
Angustia cortante!

Nas chagas abertas
Pululantes vermes
Devorando mais do que a alma
Aniquilando ao equilíbrio mental!

A plateia ansiosa
À espera do primeiro fraquejo
Ao primeiro sinal de fadiga
Pronta para em uníssono urrar!

Vejam!!
Este ser, não pertence à nossa estirpe
Não possui nossa força
Deixa-se arrastar pelas adversidades
Fraqueja ao deparar-se com contrapontos!

Tem sentimentos!

Daquilo o que fomos, o que hoje ainda há?
Somos quem pretendiámos ser?
Fomos quem imaginávamos ser?
Ainda somos capazes de sonhar?
Nossos sorrisos, ainda são francos, ou tornaram-se sardônicos?
Ainda cultivamos esperanças?
Ou a ânsia, a agonia é que nos domina ao espírito?
Somos capazes de ter compaixão?
Ou...nem isto mais?!!

-"Declaras à mim teu amor?

Por assim agires
Não terás de mim
Sequer aquilo
Ao qual aqueles
Que me desprezam
Rejeitaram!

À ti
Não dispensarei
Nem mesmo a hipócrita piedade
Que me dedicam
Aqueles que me fazem rastejar!"

Morena Flor

Morena flor,de extasiante olor
Conceda-me o prazer de ser o beija-flor, ao qual permites beijar-te e levar na boca teu doce sabor
Do teu corpo colher cada gotícula de suor, orvalho natural do amor

Ainda menina, tenro botão
Agora, já mulher, a mais completa forma de sedução
Olhos negros como o breu, profundezas onde se perderam os meus.

Morena flor, de tez selvagem
Fitar-te é receber uma sensação revigorante, tal e qual a brisa madrigal.

Delicada flor, mistura de fragilidade e vigor.
Tocar-te com o devido amor é sentir um misto de temor e furor
É sentir nas veias o sangue congelar, enquanto a carne de ardor queimar.

É necessário compreender que tão esplendorosa flor não deve der subjugada ou arrancada.
Mas sim cultivada com todo carinho e amor.

Para que floresças com total vitalidade, necessário é que sejas cultivada, não com a fria precisão de um botânico, antes com a ardorosa paixão de um jardineiro.

Sublime é a missão do jardineiro, cuja tarefa é aquecer-te no inverno e refrescar-te no verão.
Ter a oportunidade de apreciar com total devoção, o desabrochar de cada parte do teu ser.
Acariciar as intumescências brônzeas de teus botões.
Tragar a incomparável fragrância por ti exalada
Percorrer a sinuosidade de teus ramos e tronco
Acariciar cada reentrância e saliência do teu corpo.

Morena flor, permitas regar-te constante e intensamente
Estimular o teu contínuo renascer, em crescente intensidade.

Bela flor repousada em farpado ninho.
A experiência de apreciar o gosto perfumado que tua alma retém é o tesouro que me impulsiona por entre as flores comuns no objetivo único de reencontrar e conquistar-te.

Deixe-me voltar a recolher dentre as hastes delgadas o bálsamo essencial, exalado de sua flor principal.
Promessa de fantasia, delírios, alegrias!
Elo místico entre o mundo racional e o sensorial.

Morena flor
Tenra flor
Objeto de minha eterna cobiça!

Depois que terminou
Por muito tempo
A impressão de ter falhado me dominou

De longe te observei
Alegre, festiva com a escória da humanidade...
Cheguei a crêr
Que valia menos do que os lixo-humanos
Ao quais declaravas teu amor!

Porém!
Hoje sei
Que te oferecí o melhor que um homem
Pode a uma mulher dar...

Hoje compreendo
Que não falhei ao te amar

O que aconteceu
Foi
Que Tú necessitas
E exiges que te tratem como lixo!
E disto eu realmente
Sou incapaz!

Humberto / Thanatos

Tua loucura, me trouxe a lucidez
Tua boca, me ventilou o ar que me faltava aos pulmões
Teu calor, me aqueceu
Tua jovialidade, tormou-me maduro
Tua maturidade, me deu segurança
Teu sorriso, semeou em mim a felicidade
Teu silêncio, foi mais expressivo do que toda proxilidade possível
Teu corpo, junto ao meu, pulsando ao ritmo do teu coração, fez o sangue ebulir em minhas artérias
As lágrimas, que deslizaram em tua face, me mostraram o que é a dor
O brilho dos teus olhos, me ensinou o que é o amor!

Em teus lábios
Encontro todos os lábios
Que os meus tocaram
Em teu corpo, estão condensados
Todo o prazer e saciedade
Que outros ensejaram
Teu silêncio
Contém as respostas, que há muito busco
Teu sorriso
Faz-me compreender o sentido de: felicidade
Compartilhar contigo dos "passatempos" de Eros
Alça-me além da condição humana
Me és...
Desejo e satisfação!

Vivemos em tempos
Em que amar e esperar ser amado
É o estranho...
Aos que dedicam afeto...
Desprezo e indiferença
É a retribuição dada!

Nestes tempos...
Adorar ao ser amado
É um "erro" imperdoável!

Quando por amar...
Nos chamam de loucos
Quando o nome do ente amado
Em uma poesia
É considerado ofensivo
Só resta...
Deixar de amar!

Ao atingir ao ápice
Da degradação
Só resta ao indivíduo...
Libertar sua'alma!

"Amas" ao mundo
Exceto à mim!
Aquí estou...
Mas, à tí, sou transparente!
Me olhas...
Mas, não me vês!
Rastejo...
Me pisas!
Imploro...
Me ignoras!
Te amo...
Me rejeitas!

Melancolia!
Resquício de um passado
No qual
Conjugávamos o futuro
Na primeira pessoa do plural

Hoje
Resta conjugar
Solidão
Na primeira do singular

(IIº versão)

Te procuro em diferentes formas
Te encontro em diferentes formas!

Te amo de diferente formas
Te odeio de diferente forma!

Te tive e perdí, de todas as diferentes formas....

Humberto
(IIº Versão)