Coleção pessoal de GabrieldeArruda
O Eremita
Com lentes tingidas de um brilho sombrio,
Meus olhos, embotados de dor e lágrimas,
Veem o que outros não percebem, no silêncio confinado.
Com olhos que ultrapassam o véu da realidade,
Sou um estranho em minha terra, sem lugar para pertencer,
Amei com a quietude de estrelas esquecidas,
Sonhei com a vastidão de galáxias perdidas,
Mas meu coração é um relicário de esperanças defuntas,
Um navio sem ancoradouro, perdido em um oceano de solitária penúria.
Sou um homem que, em suas próprias marés, se consome e se afoga
E, nas profundezas da mente, se perdeu.
A chegada de certas pessoas nos causa uma felicidade tão profunda que, quando chega o momento de suas partidas, desperta uma tristeza proporcional.
Persisto remando contra a correnteza, na contramão, meu ombro esbarra nos demais, colhendo olhares austeros de reprovação. Sigo por essa trilha solitária, tropeçando em passos incertos.
Há dois caminhos: o da sabedoria e o da felicidade. Qual escolhes? A dor do conhecimento ou o prazer da ignorância?
Na excitação do Carnaval, em meio à folia,
Me pergunto o propósito das máscaras, com ironia,
Todos se fantasiam com máscaras de alegria,
Mas pode um copo cheio afogar uma alma vazia?
Não enterre os sentimentos, pois essas sementes de nossa existência brotarão em árvores, cujos frutos, fantasmas de um passado distante, irão permeando o presente com seu sabor amargo.
O custo de uma mente saudável é um coração doente; a realidade se torna um poderoso instrumento de tortura.
Em certas ocasiões, um abraço pode significar prisão, enquanto um adeus pode representar liberdade.
Quando damos muito de nós, sem reciprocidade, acabamos por ficar vazios. Amor sem mutualidade é, essencialmente, uma forma de suicídio.
Anseio conhecer-te, desvendar teus mistérios e desejos, explorar as zonas mais profundas, mergulhar em teu oceano, envolver-me em teus abraços e deixar-me levar pela correnteza, atracar em tua vida!
Desejaria poder habitar no instante em que te conheci; teu sorriso evoca um passado em que minha felicidade consistia em sonhar com o nosso futuro.
É impossível que tudo se reduza ao nada. É por este motivo que demos o nome de Deus ao Todo e ao nada, Morte.
Viver é uma tortura,
Sem ti, só me resta a saudade. Saudade de ti ao meu lado,
Estou só, acompanhado apenas de minhas loucuras,
Meu coração já não suporta essa dor guardada em silêncio,
As lembranças póstumas do teu amor me deixam às escuras.
Eu me faço de surdo para não ouvir meu coração gritar teu nome.
Eu me faço de cego para não te ver quando fecho os olhos.
E assim sigo, fingindo te esquecer.