Coleção pessoal de fannycrm

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É o mundo ensinando a gente que ainda não deixamos de ser os adolescentes cheios de dúvidas que éramos. A diferença é que somos maiores que outrora, e em nossas cabeças há ainda mais espaço para mais e mais questionamentos. Quanto mais claro fica para mim a noção do que é certo, mais meus pés apontam para o obscuro caminho do absolutamente desconhecido.

Às vezes acho que me fizeram capaz de sentir demais. E emanar demais o que é sentido, inclusive quando não faz sentido. E isso assusta, afugenta, por chamar atenção demais. Meus pensamentos são como um farol que não consegue se esconder na praia deserta. Ele sempre estará lá, ao alcance dos teus olhos, te impedindo de naufragar em mim. E não há nada capaz de me apagar.

E quem tentou me seguir ficou pelo caminho, por medo de um ou outro precipício. “O que é que tem ali?”. Antes de me fazer essa pergunta, já me encontro lá.

Se tu esperares demais do mundo, das pessoas ao teu redor, podes ter uma única certeza: a decepção, implacável e impetuosa.

Mortos um a um, restam apenas os feridos: eu e tu.

As baixas que a nossa guerra fria estampa nos jornais são justamente os sentimentos bons, os sorrisos verdadeiros e as memórias que valiam a pena serem guardadas.

Como é que tu pretendes lidar com isso? Conheço mil formas de se proceder; mais da metade delas parecem mais sensatas, ao meu ver. Nessa constante mudança de mares, tenho fugido para cada vez mais longe da fumaça dessas explosões. Hoje, distante a ponto de te ver como um minúsculo ponto próximo à curva do horizonte, encontro-me às portas de uma nova vida, aquela vida que eu sempre procurei: viver procurando. A memória recente de uma longilínea silhueta ornada pelos iluminados prédios da metrópole, mesmo sendo fruto de um mero retrato imaginário e possivelmente efêmero, tem me guiado para longe da tua guerra. E para cada vez mais longe da terra firme. Aqui a água é fria, e a hipotermia me força a dar braçadas cada vez mais convictas, em sentido oposto ao dos teus passos.

Eu já fui para longe, e te deixo ir, contanto que não olhes mais para trás. Não com essa cara, e não com essas palavras escritas na testa.

Tenho assistido a guerras, e não são as da tevê.

Tenho desistido da ideia de eterna felicidade. Desisti. Os momentos que a gente chama de bons momentos só são chamados assim porque existem também aqueles que queremos esquecer. Bons momentos são bombas de endorfina que amolecem os espinhos que nos insistem em perfurar as partes onde nossa pele é mais fina. E essas partes são muitas, principalmente quando estamos despidos de armadura (sempre?). Tendo isso em mente, faço o que está ao meu alcance para que esses momentos sejam numerosos, visto que eles jamais são duradouros. Endorfina vicia.

Seria essa, a vida que eu sempre procurei? Aí é que reside o cerne da questão. A vida que eu sempre procurei é, justamente, viver procurando. É eternamente cavar fundo até encontrar, em peito alheio, um coração parecido com meu.

Cada pessoa lida com os acontecimentos do seu jeito. Isso me fascina. Isso me assusta, também. Tem gente que é de guerra, gente de paz, e ainda há aqueles que preferem manter-se alheios a tudo que se passa ao seu redor.

Inclusive, me cansa ver por todo lado gente tentando diferenciar um sentimento do outro. Se é amor, amizade, namoro, rolo, beijo, ficada, passatempo… Não tenho a mínima ideia, e nem quero ter! São inúmeras as espécies de relacionamento e a tentativa de classificar a todo minuto algo que, ás vezes, é simplesmente inclassificável pode resultar em muito mais do que um baço perfurado.

"Sinto que somos como dois carrosséis que giram em sentidos opostos. Eu não quero saber o que acontece quando estamos de costas um para o outro."

De boca fechada, meus olhos gritam mais alto. Lembro de fechá-los por vontade própria, a fim de que ela não me visse despido de tudo que eu crio pra que ela não preste muita atenção em mim.

Ela não quer saber de uma porção de coisas. Talvez saiba demais. Talvez eu a tenha deixado saber demais.

Nada mudou: continua tudo mudando a todo minuto.

Com a saudade, que há muito não vejo. Ela está chegando, e não parece ter planos de ir embora tão cedo. Eu aguento. Basta que feche os meus olhos e dê play numas poucas horas de filme, e uma mísera foto sem resolução no meu celular. Cá estou eu, do alto do meu sexto andar, perdendo o controle, de novo.

Os minutos que a gente tem juntos viram dias e semanas em câmera lenta, dentro da minha cabeça. Meu coração está vazio, sem mobília. Mas tudo que eu preciso agora é de espaço pra te construir dentro do meu peito, com as poucas peças que tenho em mãos.

Eu aprendi demais, justamente por errar demais.