Coleção pessoal de AlvaroAzevedo

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Creio que a única maneira para não se cansar de algo, seja o que for, é nunca contemplá-lo por inteiro.

Nos campos floridos da inconstância, eu rego as flores que estão para morrer.

Para nós, a inércia é um dos estados de mais dificil contemplação, porque nos obriga a manter o foco no momento presente, e isso é desesperador.

As estrelas acima de mim, não me deixam esquecer de sonhar
Mas o chão sobre os meus pés, não me permite sonhar sem estar dormindo.

Eu não busco mais saciar minhas vontades, pois sei que jamais serão saciadas! Busco ignorá-las o suficiente para não ficar refém de nenhuma delas.

Ao observar as situações a minha volta, creio que a pior parte de ser humano é saber que a desumanidade é uma escolha.

Quando se ama intensamente, um "eu te amo" já é o suficiente.
Mas se forem pedidas provas, além do próprio ato de amar
Não se trata então de amor, mas sim de uma paixão a se enganar
Que por hora acesa, pode parecer constante
Porém no mais leve sopro, corre o risco de apagar num instante

Seria mais correto dizer que ser feliz é estar vivo. Pois a felicidade é uma qualidade inata ao ser humano. E mesmo que não se demonstre em substância, repousa em potencialidade.
podendo a qualquer momento, fazer-se presente pela necessidade do querer, em detrimento da imposição de ter querido.

Joias verdadeiras são caras, e compram as avenidas e os edifícios. Compram também as vitrines das lojas, e os amigos, que são amigos das joias.
Joias caras compram rostos bonitos, e a beleza também! Compram diversos sorrisos… Ora! Sorrisos de vintém.
Joias caras compram quase tudo, só não compram o nada. Porque o nada não se vende, só se deve, não se paga.

Quando se ama intensamente, o intenso é a palavra somente; pois somente amar é o suficiente.

Dito sentimento de cólera, chegaste a mim novamente. Chegaste com teu sorriso estridente, tirando a paz da minha mente.
E eu como ser humano falho que sou, deixei-te apoderar de meu versar, deixei-te estrangular a minha paz, deixei que me matasse um pouco mais.

Pra algumas pessoas, ciência só é ciência se couber num tubo de ensaio

Perco-te nos dias que passam, e a cada segundo tu te vais mais. E perco-me todos os dias, ao compreender que não te tenho mais. Mas ganho na noção da perda, um “relembrar” dos tempos de paz.
Em que batia no peito a vida, esquecida dos dias da ida, que logo viriam para nunca mais.

Lembra-te que a vida é vivida de segundos em comunhão. Cada um em seu cada qual, formando assim essa preciosa noção, que é escolha das palavras em tuas mãos.
E agora caro leitor, voltando as armas de guerrilha, espero que em tuas terras essa poesia repouse não como guerra, mas como calmaria, afagando o teu coração.

Porque alguns preferem a escravidão?
Na escravidão em si, há dois pesos e duas medidas.
A privação da liberdade em razão da garantia de sobrevivência.
E a chave para o funcionamento de tal, é o medo.

Perco-te nos dias que passam, e cada minuto é um perder a mais. E perco-me todos os dias, ao entender que não te tenho mais.

Carlos, que falta fazes aqui! Que saudade eles têm de ti, com teus contos sobre os colibris. E que nostálgico é relembrar o que tu fizestes aqui. Desculpe o meu egoísmo, de hoje não te deixar ir.
Carlos meu amigo, eu sempre te lembrarei! Nos mesmos desencantos, que trazem em teus versos encantos, nos prantos que eu beberei.

Na vida eu quero o suficiente, para com pouco ficar contente.

NOSTALGIA PATERNA

Demétrio Sena, Magé – RJ.

- Saudades de você, minha filha.
- Ué, pai; mas estou aqui todos os dias. Que história é essa?
- Saudades de você na cadeirinha da bicicleta. Pedindo para ver canoas no Rio Suruí. Feliz da vida com um presentinho de nada. Chorando porque me ouviu dizer, de brincadeira, que trocaria nossa casinha humilde por uma mansão. Dando gargalhadas gostosas por qualquer brincadeirinha boba. Deitada na rede, lendo livrinhos infantis. Pulando no upa-upa. De olhinhos arregalados, ouvindo minhas histórias. Dormindo ao som das musiquinhas que fiz para niná-la. Gostando de ser chamada de molequinha.
- Ih, pai; por que esse papo agora? Já acabou?
- Não, filha, tem mais...
- Mais o quê, pai?
- Saudades de quando você não perguntava “que história é essa”... nem dizia “ih, pai; por que esse papo agora?”.
- O que mais, pai?
- Já terminei. Agora o beijo de boa noite.
- Tá bom; pai. Beijo. Boa noite.

Horas se passaram, e eu tentando escrever. Não consegui pensar em nada, a não ser em não conseguir escrever. Os versos não vieram, as letras não se juntaram, as vogais não soaram como soam toda manhã. As métricas não se encaixaram, nada fazia sentido. Às rimas não rimaram, não havia sequer um motivo.
Mas é comum as vezes, o poeta perder os seus dizeres. E o melhor a fazer quando se quer dizer sem saber, é escrever, sobre não conseguir escrever.