Luiselza Pinto
É imprudência acreditar na firmeza absoluta de qualquer coisa ou pessoa que atente contra o natural (ainda que incomum) rítmo de evolução da vida.
Alguns desistem quando nascem; outros se renunciam ao longo da estrada. Mas há os que não se resignam, nem mortos; e estes são os únicos capazes de entender o valor da vida, da morte e da eternidade.
CHUVA DOCE
A suave chuva cai
Deixa a terra doce
Se o ser não fosse
Não iria onde vai.
Escorrem as águas
Verdejam os cantos
E os sorrisos tantos
Sufocam as mágoas.
O amor é a única força capaz de unir a convergência à liberdade e aprender com a interrogação sobre a certeza.
Aqueles que não suportam pensar em tudo, jamais conseguirão conviver com os que podem pensar em qualquer coisa.
A paixão é um embotamento mental e sensitivo cujo prazo de validade é o desanuviar das ilusões. O amor é um microscópio eletrônico de varredura de duração infinita e que, instrumentalizado na realidade, perpetua-se ainda quando o amar se dissocia do querer.
Apenas a certeza maior que qualquer medo consegue avaliar a dimensão do sim ou do não que alguém dá, troca ou vende.
Tanto quanto o tempo é a régua que mede a variação do espaço, um louco é a mais inviável das companhias para um covarde.
Quem está, física e/ ou mentalmente, com algumas pessoas, consome a energia e o espaço-tempo que deveriam ser investidos nas verdadeiras companhias.
A natureza tem uma idéia original toda vez que um ser humano nasce; e, mesmo no caso do nascimento de gêmeos univitelinos, a originalidade emerge, ainda que alguns instantes a posteriori.
Se uma das melhores coisas que alguém me presenteia é ser diferente do que sou, ainda que esteja símile ao que estou, é inconcebível como firmeza minha que eu deseje que o outro seja – principalmente em pensamentos e convicções – igual a mim.
A razão não pode e nem deve controlar o amor que alguém sente. Todavia, ainda que sem rédeas ou regras, mesmo que por somente um infinitésimo de tempo, ela tem que conduzi-lo.
Deve cultivar alguns baldes pequenos todo aquele que polemizaria os incongruentes no descartar do grande.
Transita entre ilusão, erro e/ou negócio torpe delegar ao passado a solução completa de questões que nasceram sob a óptica de outro espaço tempo.