Eduardo Chiarini

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Prevalência Transitória.

A vida prevalece à morte,
Sendo a primeira transitória e
A segunda definitiva.
O mal prevalece ao bem,
Sendo o primeiro transitório e contínuo,
O segundo definitivamente divino.
O forte supostamente prevalece ao fraco
Sendo o primeiro transitório exercício e
O segundo perpétuo, severo e doloroso ofício.
O flexível prevalece ao rígido
Sendo o primeiro dócil e submisso,
O segundo permanentemente quebradiço.
Extraordinário!
De forma definitiva prevalece o transitório.



Este poema ficou colocado em quarto lugar no Concurso Nacional Novos Poetas - 2015

Inserida por EduardoChiarini

⁠A despedida.
O que se passava era então, passado,
Mas, não importa, que já nada passa...
Era assim talvez, que desejasse
Minha alma apaixonada
Escrever em um verso apenas
A imensa falta....
A distância enorme entre o passo e a porta,
Pela caminho até a outra...
Pressentindo um enorme sofrimento por vir
No tímido gesto de não ficar ou sair.

Inserida por EduardoChiarini

⁠Ser

Este vago, vazio ser
É meu único companheiro.
Vejo agora no espelho
Deste meu lado de ver.
Vejo um rosto inaceitável
Que nunca queria ter.
Do seu lado de imagem
Deve me ver sem coragem,
Que deste meu lado, miragem,
Julgo ter.

Inserida por EduardoChiarini

⁠Minha alma.

Minha alma
Irmã da tua, voa indiferente, agora,
Vendo, alva, a lua.

Pequena parte daquela
Que também é parte dela.
Caminha, então
Na sua rua...
De mãos dadas com a sua.
Errantes, estrelas brilhantes,
Mas, aos teus olhos, os meus
Parecerão tristes ao luar
Pois a poesia dispensa os fatos,
Os atos, contratos...
E, entre a fantasia do teria sido.
E do que parecerá ter havido,
Optamos irrevogáveis, por sonhar....
Mas, meu coração é leve
E quando vier o adeus
Voará, E ao lado do teu, mansamente, pousará.

Inserida por EduardoChiarini

⁠Esperança

Aprendo enfim a enxergar
Ouvindo notícias do passado,
Quase sempre amargurado e quebrado,
Em vozes vizinhas às minhas,
Mas, me deixo embalar,
Em um sonho de lembranças de novos amores,
Que virão...sorrindo.
Não sei bem de onde,
Minha esperança de cores e flores,
Onde eu sei...
Não há na vida, nem seus atores,
Inefável e indolores.

Inserida por EduardoChiarini

O passado

O passado pequena
Passou...
Quadro preso em um sonho
Que talvez, sonhou
Agora,
Nesta exata hora
O futuro chegou
Vivo, presente
Sonho, que nunca sonhou.

Inserida por EduardoChiarini

E, acabei na madrugada, triste
Com a alma frustrada e vazia.

Inserida por EduardoChiarini

Papel.


Fiquei olhando o papel amarelo,
Queria escrever alguma coisa da emoção
Singelo.
Sinto forte em meu peito
Mas, o papel, não me responde
Quase sem respeito.
Me dizia que não tinha palavras
Que a ideia não saia de suas entranhas
Presas em suas celas
Estranhas
Queria um gosto de mel
Mas, a vida estava difícil
Era preciso superar
Palavras
Ideias
Sentimentos
Esperar...

Inserida por EduardoChiarini

Escrito

Queria ter escrito
O verso perfeito
Em métrica e rima
Mas, o pensamento
Foi desfeito.

Queria muito ter falado
O que sentia
Por que e para quem meu coração batia
Mas, o pensamento
Me esvazia.

Queria, enfim, ter feito alegorias
Viagens, aventuras, romances e romarias
Uma taça de vinho e desmandos
Mas, o pensamento
Acabou com a fantasia

Queria, mas só queria...
E, acabei na madrugada, triste
Com a alma frustrada e vazia.

Inserida por EduardoChiarini

A procura.

À noite, sozinho...
Invade-me uma tristeza profunda,
Quero estar ao seu lado,
Contemplar, em paz, o caminho percorrido.

Porém, você já não está mais aqui
Então, sigo calado, o peito congelado
O coração perdido.

Procuro, em uma perspectiva lógica
Algum motivo, mera explicação...
Compreendo, entrementes, não haver
A não ser simplesmente o dito não.

Sentimentos que subvertem a razão,
Me provocam arrependimentos angustiantes,
Tento entender o que não é possível
Um exercício de melancolia,
Uma vez que há muito já havia partido,
E eu disto, tristemente, sabia.

Inserida por EduardoChiarini

⁠Caixa de Palavras.

Achei aqui, jogadas algumas palavras soltas,
Esquecidas,
Algumas surpreendentemente magoadas...
Umas tinham uma aparência viçosa, de novas,
Enquanto outras velhas, antigas e empoeiradas
Resolvi juntar todas em uma caixa
Que chamei de caixa de palavras, um achado!
Seria, a princípio, uma caixa para guardar
Palavras....
Sem uso e sem significado.
Curioso que sou, comecei a olhar as palavras,
Antes soltas, mas agora presas em uma caixa,
Palavras simples como amizade, amor, simpatia, alegria...
Outras complicadas como nitente, solilóquio, consoada...
Em um relance de lucidez percebi,
O que não me cabia...
Aprisionar palavras, em uma caixa, outrora vazia.

Inserida por EduardoChiarini

⁠Reclusão.
Meu caro, tem tempo que não vejo algumas coisas,
E assim, lhe pergunto coisas simples
Poderás constatar, nada complicado...
Assim começo: o céu continua estrelado?
A lua continua iluminando de prata o chão da rua?
A rua continua exalando jasmim nas noites frias de inverno?
O que me enchia de alegria e agora se esvazia
Em uma triste poesia?
Outrora, trôpego, vindo da boemia,
A vida me parecia uma dança, bolero....
Sei que não possui todas as respostas, espero
Por que, talvez eu não às queira, de teimosia.
Afinal, meu caro, certamente não saberás
Será que morri e não vi?
Será que passei por aqui e não vivi?
Será que que a vida me mentiu?
Ou eu, covardemente, me escondi?
É que tem tempo que não converso
Comigo, com você, com ninguém.
Em um longínquo deserto, além...
Na lucidez, meu caro, de quem, não disperso.
Certamente não lhe desconcerto,
Não importa se certo ou incerto.

Inserida por EduardoChiarini

Pois é....

Pois é
Meu senhor, Senhor meu...
Parece até que esqueceu
Que ontem choveu
E a terra molhada a absorveu
Hoje, o sol brilhou
Mostrou toda a sua gloria
E, a plantinha miudinha
Atrevida e fasceirinha
Já ao nascer;
Pensou que devia florescer.

Inserida por EduardoChiarini

⁠O homem na rua

Onde está a poesia?
Pergunto espantado
Ao homem parado
Ao meu lado, na rua.
Será que a morena amada
Me esperará de madrugada
Pergunto ansioso, em delírio; espúrio...
Ao homem que diz:
- Não sei, sinto
Em um breve murmúrio

Inserida por EduardoChiarini

⁠Ilógico

Minha querida menina
Ilógico seria
Ser assim, lógica, a poesia.
E não óbvio talvez
Como não se supõe ser
O poeta é louco, e....
Logicamente consente
O que não sente...
E o que sente, desmente
Insistente...
Das suas vidas, contadas no papel
Seu único real confidente.

Inserida por EduardoChiarini

⁠Compreensão

Hoje a tarde vai,
Em mim, como há muito
Não sentia, a tarde vazia.
Lamento, se meu intento
Foi mal resolvido,
Faz-me falta, e essa me dói.
Talvez depois eu consiga,
E se não, assim,
Como a tarde vai,
Poderá soprar uma brisa,
Que encanta e suaviza
E, quem sabe, ameniza,
Este triste sentimento de
Não ter compreendido tua dor.

Inserida por EduardoChiarini

Perdi a Poesia.

Recentemente,
Talvez de forma displicente,
Perdi a poesia,
Literalmente,

Não se tratava de uma grande obra,
Mesmo porque dessa não sou capaz
Era um fato presente,
Frequente,

Uma simples impressão de um ocaso
Vespertino, dolente
Nada extraordinário, especial, ele, o ocaso
Trazia a noite fria, outonal,

Fiquei sem poesia,
O espelho não revela mais, medonho
Um olhar vivo, atento, vibrante,
Apenas monótono e tristonho.

Sim, perdi a poesia.

Procurando a coisa perdida,
Mais que uma poesia, talvez a vida,
Enquanto passam outras tantas,
Despercebidas,

E eu, impassível e ao todo indiferente
Procuro pela poesia loucamente.


Inserida por EduardoChiarini

Coisas que não entendo.

As coisas que não entendo,
Em vãs empresas, são boas;
e, assim as compreendo.
O ato de não entender,
às vezes traz, ou não,
calma a esta alma solitária.
Como se preso fosse
retido no meu ser profundo,
que insiste em querer,
abrir portas e se ver.
Talvez nas marcas do rosto.
Talvez no amargo desgosto.
A porta aberta, escancarada,
nesta longa jornada,
em detrimento do entendimento,
nenhum discernimento.
Desejos e paixões.
Desalento.

Inserida por EduardoChiarini

⁠Despertar.
Acordei pouco inspirado,
Estava travado,
Em meu pensamento,
Em um momento,
Antigo, guardado no porões
Do inconsciente.
Veio à tona de repente,
Como corrente, de vento,
Que abra a janela e o sol
Se faz presente.
E, ai, contente, olhei novamente,
Profunda e delicadamente.

Inserida por EduardoChiarini

Amanhecer.

Amanhece, eu sei
Não sei se dormi ou sonhei,
Manhã de apressada saudade
Esquecida do sentimento,
Agora lembrado, profundamente calado.
Não tenho certeza do dia.
Quero vê-lo. Está lindo!
Me cumprimenta gentilmente
Reverencia que não mereço.
Retribuo, durmo novamente e esqueço.

Inserida por EduardoChiarini

Sábios

As crianças são sábias, os bichos são sábios;
As plantas são sábias; o ser humano desatino,
Não enxerga, o que lhe é retiniano,
Tantos e constantes desenganos

São seres especiais, sensacionais
Desígnios de Deus? Ou simplesmente
Aqueles que procuraram entender melhor;
Daqueles que não são seus
Os sentimentos, momentos, sofrimentos?

São pessoas de idade, almas de muitos anos...
Religiosidade?
Tudo depende de planos?
Divinos, insanos!

Pessoas que amaram mais,
Mais se entregaram, mais sofreram;
Trazem marcadas suas estradas;
Nas faces enrugadas e nas mãos calejadas.

Grandiosos sorrisos luminosos...
De quem sabe que a vida é brindar, cantar e brincar
Música e abraços, mesmo sem música dançar
A mão sempre estendida, apesar de negada
Por aqueles que não entenderam nada.

Inserida por EduardoChiarini

⁠Dúvida.

Se um dia
Escrever o verso
Que de tudo diz
Estaria feliz, mas ferido
Talvez como Bandeira....
Iria para outro lugar
Na mente, uma videira
Pequenas lamparinas
O mar quebrando silente
Em deferência às meninas
Que alheias à dor, brincam
Ao redor de uma fogueira,
Fagueiras.

Inserida por EduardoChiarini

Vizinho

Outrora desconhecido
É agora meu vizinho,
Sempre perto e inconveniente,

Também não sei o porquê
É um espelho partido,
Que carrego comigo,
Sem bem saber o que fazer

Insistente e perseverante
É um espelho refletindo
Coisas que desconheço,
E, esta sim, a lembrança de uma ideia,
Que duvido ter nascido em mim

Me deixa acanhado
Ninguém usa mais estes termos!
Enviando recados
A todo instante lembrando
Me instigando, me levando aos
Meus doces inúmeros pecados.

Inserida por EduardoChiarini

O Abraço.

O homem sério, compenetrado, negócios...
A mulher executiva, ativa, falante, elegante
Todos em desespero!
A bolsa caindo, fechando, falindo....
Ao longe adolescentes cantando e rindo...
O desespero de mais um dia
De tédio, que remédio?
Aquele que pensava em mudar o dia.
Aquele que na primeira hora já partia, apressado, suado...
Cansado.
A todos aqueles que não cumprimentei
Falhei...
Devia tê-los cumprimentado com um abraço
Um sorriso, talvez feliz...
Simples bom dia, que pareceria inusitado;
Ao desconhecido, coitado!
Tomado de surpresa, por gesto raro de beleza, educação;
Rolando na ribanceira de sisuda solidão;
Desta quinta-feira, sem eira nem beira;
À espera de uma solução.

Inserida por EduardoChiarini

O término do dia.

De repente
a música acabou.
Se mudou?
Pergunto eu estupefato.
Pois é um fato,
que dela sou amante,
detalhe importante,
a ser considerado
no instante em que
as lágrimas vieram.
Não eram tristes,
eram de alegria,
pois surgia,
lenta e solene
uma bela melodia.
Meu vizinho violinista,
excelente artista,
dedicou-me esta cortesia.
E, assim, entre lágrimas mudas
e sorrisos Internos, os que
são eternos.
Vai terminando o dia.

Inserida por EduardoChiarini