Afonso Cruz

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O meu pai só pensava em livros (livros e mais livros!), mas a vida não era da mesma opinião, a vida dele pensava noutras coisas, andava distraída, e ele teve de se empregar. A vida, muitas vezes, não tem consideração nenhuma por aquilo que gostamos.

Inserida por SheylaTasso

O rés do chão não serve à literatura. Está muito bem a construção civil, é cómodo para quem não gosta de subir escadas, útil para quem não pode subir escadas, mas para a literatura há que haver andares empilhados uns em cima dos outros. Escadas e escadarias, letras abaixo, letras acima.

Inserida por SheylaTasso

"(...) Não há nada mais estúpido do que amar incondicionalmente como fazem os cães e aqueles dois que o Shakespeare imortalizou"

Inserida por SheylaTasso

O deserto é uma praia que, por melancolia, se afastou do mar.

Viver não tem nada a ver com isso que as pessoas fazem todos os dias, viver é precisamente o oposto, é aquilo que não fazemos todos os dias.

Inserida por pensador

Dizem que um homem vendado, se lhe pedirem para caminhar em linha reta, anda em círculos. Porque é que o homem anda em círculos quando fecha os olhos? É um mistério, dizem, mas o homem de olhos fechados caminha para dentro. E o tempo também se dobra, também não anda a direito. O tempo é como um homem de olhos fechados. No fundo anda tudo aos círculos, desde as recordações às histórias. Tudo acaba por se dobrar, um dia.

Inserida por pensador

Para mim é evidente: o amor aproxima as pessoas e ficamos todos do mesmo tamanho.

Não há visão mais terrível que o interior do homem, seja anatomicamente seja moralmente.

Não me quero sobressaltar como quando era jovem. Uma pessoa só pode ter paz quando está ao pé das mesmas coisas, quando nem repara nelas, porque elas já fazem parte de si, como se as tivesse comido e mastigado e engolido e agora fossem carne da sua carne e sangue do seu sangue. Só somos felizes quando já não sentimos os sapatos nos pés.

Inserida por pensador

O tempo não nos separa, somos no presente uma face do passado, um novo ângulo do que já aconteceu.

Afonso Cruz
Flores. São Paulo: Companhia das letras, 2015.
Inserida por pensador

⁠A vida eterna depende do amor dos outros, são eles que escavam a terra com as suas unhas e nos salvam do lugar frio e amorfo a que todos fomos condenados.

Afonso Cruz
Flores. São Paulo: Companhia das letras, 2015.
Inserida por pensador

⁠A solidão deve ser a única emoção que não conseguimos partilhar, se o fizermos ela desaparece.

Afonso Cruz
Flores. São Paulo: Companhia das letras, 2015.
Inserida por pensador

⁠A primeira palavra é a palavra mãe, é essa que todos dizemos pela primeira vez, semelha-se à primeira respiração. Quando a dizemos, reatamos o cordão umbilical.

Afonso Cruz
Flores. São Paulo: Companhia das letras, 2015.
Inserida por pensador

⁠Encontramo-nos no infinito como fazem as rectas paralelas.

Afonso Cruz
A boneca de Kokoschla. Lisboa: Quetzal, 2010.
Inserida por pensador

⁠O mundo é muito mais compacto quando não sabemos o que se passa à nossa volta. É uma coisa portátil que carregamos connosco para onde quer que andemos. Por outro lado, quando se revela para lá das esquinas, quando tem uma paisagem, torna-se difícil de suporta. Demasiado grande para a gaiola onde vivíamos.

Afonso Cruz
A boneca de Kokoschla. Lisboa: Quetzal, 2010.
Inserida por pensador

⁠A nossa velhice atrai o tempo, ele passa por nós com mais intensidade, abrindo rugas ao deslizar pelo nosso corpo. As rugas são as feridas do tempo, por vezes tão fundas que chegamos a morrer de velhice.

Afonso Cruz
A boneca de Kokoschla. Lisboa: Quetzal, 2010.
Inserida por pensador

⁠Só me satisfaz o infinito.

Afonso Cruz
Assim, mas sem ser assim - Considerações de um misantropo. Alfragide: Editorial Caminho, 2013
Inserida por pensador

⁠As palavras mais fortes são poemas.

Afonso Cruz
Assim, mas sem ser assim - Considerações de um misantropo. Alfragide: Editorial Caminho, 2013
Inserida por pensador

⁠As palavras também crescem, como as árvores, e vão mudando de significado ao longo da vida, começam por querer dizer uma coisas e acabam por dizer outra.

Afonso Cruz
Assim, mas sem ser assim - Considerações de um misantropo. Alfragide: Editorial Caminho, 2013
Inserida por pensador

⁠Ninguém quer manter-se igual para sempre e até as lagartas começas a voar, um dia.

Afonso Cruz
Assim, mas sem ser assim - Considerações de um misantropo. Alfragide: Editorial Caminho, 2013
Inserida por pensador

⁠Ninguém parte, tudo o que fazemos é regressar.

Afonso Cruz
Para onde vão os guarda-chuvas. Lisboa: Companhia das letras, 2013
Inserida por pensador

⁠As palavras ditas baixinhos têm um significado mais bonito.

Afonso Cruz
Para onde vão os guarda-chuvas. Lisboa: Companhia das letras, 2013
Inserida por pensador

⁠São precisas duas asas para voar.

Afonso Cruz
Para onde vão os guarda-chuvas. Lisboa: Companhia das letras, 2013
Inserida por pensador

⁠Gostaria que houvesse um cerebeleiro, um homem que penteasse pensamentos, cortasse memórias, alisasse as ideias.

Afonso Cruz
Para onde vão os guarda-chuvas. Lisboa: Companhia das letras, 2013
Inserida por pensador

⁠Os caminhos são mais longos para quem está sozinho.

Afonso Cruz
Para onde vão os guarda-chuvas. Lisboa: Companhia das letras, 2013
Inserida por pensador