Poemas de Sérgio Capparelli

Cerca de 9 poemas de Sérgio Capparelli

Quatro palhaços
Dançam contente
Soltos no ar
Feito meninos.

Quatro palhaços
Fracos,franzinos
Dançam num móbile
Cheios de sinos.

Quatro palhaços
-De jeito ladino-
Tocam viola
E violino.

Quatro palhaços
Estao dormindo
Dentro dos olhos
De um menino.

"Os dentes do jacaré"

De manhã até a noite,
jacaré escova os dentes,
escova com muito zelo
os do meio e os da frente.

– E os dentes de trás, jacaré?

De manhã escova os da frente
e de tarde os dentes do meio,
quando vai escovar os de trás,
quase morre de receio.

– E os dentes de trás, jacaré?

Desejava visitar
seu compadre crocodilo
mas morria de preguiça:
Que bocejos! Que cochilos!

– Jacaré, e os dentes de trás?

Foi a pergunta que ouviu
num sonho que então sonhou,
caiu da cama assustado
e escovou, escovou, escovou.

Sérgio Capparelli
CAPPARELLI, S. Boi da Cara Preta. LP&M, 1983.

O tatu-bola
Lá de Bajé
Aprende chula
Batendo os pés.

O vento frio
Ringindo os dentes,
E o tatu-bola
No seu batente.

Vem vindo a noite,
Abraça o pampa,
E sobre o tablado,
O tatu dança.

Raios no céu
Fazem comício,
E o tatu-bola,
No seu ofício.

Tacos de botas
Contra a madeira,
Tacos de bota,
A vida inteira

Inserida por anabellly

A lua é uma gata branca,
mansa,
que descansa entre as nuvens.

O sol é um leão sedento,
mulambento,
que ruge na minha rua.

Eu sou uma menina bela,
na janela,
de um olhar sempre à procura.

Inserida por loveandrockets

A lua é uma gata branca,
mansa,
que descansa entre as nuvens.
O sol é um leão sedento,
mulambento,
que ruge na minha rua.
Eu sou uma menina bela,
na janela,
de um olhar sempre à procura.

Sérgio Capparelli

Inserida por sanferadich

PONTO

O ponto final
Pode ser o princípio
De um novo ponto.

E nunca ser final!

Sempre a postos,
sempre pronto,
sempre no ponto.

Ele nunca saiu
ou sairá da linha.

Esta é a lei.

E ponto!

Sérgio Capparelli
CAPPARELLI, S. A Casa de Euclides: Elementos de Geometria Poética. L&PM, 2013.
Inserida por pensador

"De muito longe"

Visto aqui da lua
Não há fome nem guerra
sobre a terra.

visto aqui da lua
Na aula só converso
Se for em verso.

Visto aqui da lua
As abelhas tiram mel
Das flores de papel.

Visto aqui da lua
Se eu não me engano
Eu te amo.

Visto aqui da lua
A minha mãe adora
.................

Visto aqui da lua
O jabuti, paradinho ali,
Quer ................


Visto aqui da lua
.................
.................

Visto aqui da lua
.................
.................

Sérgio Capparelli
CAPPARELLI, S. 111 poemas para crianças. L&PM, 2013.
Inserida por pensador

"A bicicleta de Irina Dunn"

Um peixe de bicicleta
Equilibra-se como pode.
Ele avança dentro d’água
De um mar sem ciclovia
E quase perde o equilíbrio
Com o guidão da maresia.

Pois um peixe de bicicleta,
Dentro do mar de espuma,
Segue, contra a corrente,
Com os pedais de bruma,
As rodas luzindo ao sol,
Sem corrente nenhuma.

Levo Irina na garupa
E pedalo em linha reta
Pois Irina disse um dia
(Mas não sei se estava certa):
“Mulher precisa de homem
Como um peixe, de bicicleta.”

Nota do autor do poema: Irina Dunn, feminista australiana, disse certa vez que a mulher precisa dos homens tal como um peixe precisa de bicicleta. Trata-se de um slogan feminista, sugerindo que os homens são supérfulos às necessidades da mulher.

Sérgio Capparelli
CAPPARELLI, S. Poesia de Bicicleta. L&PM, 2009
Inserida por pensador

"Pintando o Sete"

Um pinguço pega o pito
e pita debaixo da pita.
A pita, com muita pinta,
pinta uma dúzia de pintos,
com pingos pretos de tinta.

– E o pinguço?

– Pinta o sete.

– Como pinta o sete
o pinguço?

– Pita pinto pinga pita
pia pintos pingos pingam
pia pia pinto pinto
pinga pito pinto pinga
pingo pinga pinta pia

Depois o pinguço dorme
e a língua morde
sonhando que chovem
pingos de pinga.

Sérgio Capparelli
CAPPARELLI, S. Boi da Cara Preta. LP&M, 1983.
Inserida por pensador