A inveja, que abrevia ou suprime os elogios, é sempre minuciosa e prolixa na sua crítica e censura.
A impunidade é segura, quando a cumplicidade é geral.
A beleza é uma letra que se vence à vista, a sabedoria tem o seu vencimento a prazos.
O invejoso é tirano e verdugo de si próprio: ele sofre porque os outros gozam.
A ambição sujeita os homens a maior servilismo do que a fome e a pobreza.
Querendo prevenir males de ordinário contingente, o homem prudente vive sempre em tortura, gozando menos do presente do que sofre no futuro.
Os bons conselhos desagradam aos apaixonados como os remédios aos que estão doentes.
A indiferença ou apatia que em muitos é prova de estupidez pode ser em alguns o produto de profunda sapiência.
Os homens de pouca inteligência não sabem encarecer a própria capacidade sem rebaixar a dos outros.
O estudo confere ciência, mas a meditação, originalidade.
Agrada-nos o homem sincero, porque nos poupa o trabalho de o estudarmos para o conhecermos.
A intolerância irracional de muitos escusa ou justifica a hipocrisia ou dissimulação de alguns.
O nosso amor-próprio exalta-se mais na solidão: a sociedade reprime-o pelas contradições que lhe opõe.
O nosso bom, ou mau procedimento, é o nosso melhor amigo, ou pior inimigo.
Os velhos que se mostram muito saudosos da sua mocidade não dão uma ideia favorável da maturidade e progresso da sua inteligência.
A preguiça dificulta, a atividade tudo facilita.
Os homens são poucas vezes o que parecem; eles trabalham incessantemente por parecer o que não são.
As revoluções frequentes fazem raquíticas as nações recentes.
Saber viver com os homens é uma arte de tanta dificuldade que muita gente morre sem a ter compreendido.
Ninguém se agasta tanto do desprezo como aqueles que mais o merecem.