Coleção pessoal de MarcioAAC

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São os interesses, materiais e ideais, não as ideias, que dominam imediatamente a ação dos homens.

No futuro todo mundo vai morrer de insatisfação.

O homem é um animal amarrado a teias de significados que ele mesmo teceu.

Os dominantes. os possuidores, os vencedores, os sãos, em síntese, o "homem feliz" raramente se contenta pelo simples fato de possuir a própria felicidade. Ele necessita também ter direito a tal felicidade. Quer ser convencido de "merecê-la" e sobretudo de merecê-la frente aos outros. E quer portanto ser também autorizado a crer que os de menos sorte receberam equitativamente apenas aquilo que lhes cabe. A felicidade quer ser legítima.

Às vezes, nossa vida é colocada de cabeça para baixo, para que possamos aprender a viver de cabeça para cima.

A doença é uma manifestação de vida do organismo humano.

⁠Não se deve esquecer que a recuperação não é realizada pelo médico, mas pelo próprio doente. Ele cura a si mesmo, por seu próprio poder, exatamente como ele anda por meio de seu próprio poder, ou come, ou pensa, respira ou dorme.

⁠O que quer que você condene, você mesmo fez.

⁠Em um tratamento onde transferência e resistência constituem os eixos, tudo o que sobrevém como tentativa de ruptura da relação analítica, como um agravamento brusco da doença ou gesto suicida, é resultado de um ocultamento - da parte do médico e do doente - dos símbolos que operam neste momento.

⁠Se o médico representa a vontade de cura, aparece para o doente - que recorreu à doença para resolver um conflito - como o inimigo a combater. Ambivalente em relação à sua enfermidade, ele pode encontrar em seu médico motivos de resistência à cura e também de agravamento da doença.

⁠Porque é um erro crer que o doente vai ao médico para sarar. Ele tem apenas uma parte do seu ´id´ disposto a isto, a outra teima na doença e espreita sinistramente a oportunidade de obrigar o médico a prejudicá-lo.
(Livre du ça, Gallimard, Paris, 1973, p. 308)

⁠De fato, só se pode aplicar a análise quando o doente permite e reconhece a indicação do tratamento pelo abandono da resistência. Um doente que resiste até a inconsciência não pode ser analisado, pois o objeto do tratamento é o consciente e o recalcado, o que pode aceder ao consciente. Um doente que manifesta sua resistência sob a forma de uma doença rápida não pode ser analisado.
(in La maladie, l´art et le symbole, p. 137-138)

⁠O acaso não existe: toda doença, acidental ou não, tem um significado.
O id utiliza a doença para alcançar certos objetivos.

⁠A linguagem, enquanto dupla articulação, é não somente constituída de signos, mas veículo dos símbolos e, também, portadora de sentido, muito frequentemente desconhecido para aquele que fala.

⁠Ser médico significa ser um ser humano, um ser humano pronto para servir.

Somente quando o médico cessa de querer ser médico, começa, realmente, a arte médica. Quem é ser humano é médico, todo ser humano é médico, todo ser humano pode vir a sê-lo⁠, se deixar de ser persona, comediante, e se encontrar a si mesmo como ser humano.

⁠É preciso não ter medo da doença para poder curá-la.

⁠Médicos perigosos são aqueles que cuidam de doentes para não ver suas próprias doenças.

⁠O resultado da vida é ser uma criança.

⁠Não é preciso ter medo de se aproximar da morte para aí encontrar a vida; as forças que conduzem à morte são também aquelas que reconduzem à vida. É preciso amar e temer a doença, para poder cuidar dela.