Coleção pessoal de Lizzyauer

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Contra a permanente necessidade de ser e tornar os outros infelizes, não há argumento, não há auxílio, não há solução.

Houve um tempo em que amor não era só pele;
e a pele do amor era alma.
Houve tempo em que amor era alma antes de qualquer corpo;
e o corpo do amor era sagrado.
Houve tempo em que amar era sagrado;
e sagrado era o tempo dedicado ao amor.

Agora o tempo é raro,
o corpo é carne,
a alma é cansaço,
e o amor é passado que todos querem esquecer.

É preciso amar as pessoas como se não houvesse Facebook...

Majestosa araucária
Janela para a alma era te ver assim
Soberana
Arranhando os céus
Mas o progresso não para araucária velha
A cidade quer ser vertical

Majestosa araucária velha
Não mais majestosa
no meu horizonte de brisa fresca
Não mais soberana entre o dourado céu
Destronada, súdita e vencida
Teu destino breve e inevitavelmente será horizontal.

JOSÉ

E agora, José?
A copa acabou,
a luz não pagou,
o juro subiu,
o boleto expirou,
e agora, José?
e agora, você?
Você, que é um número,
só um entre tantos
Você que faz empréstimos,
que compra, ostenta?
e agora, José?

Está sem sindicância,
está sem recurso,
está sujinho,
já não pode efetivar,
já não pode parcelar,
discutir já não pode,
a inflação aumentou,
o reajuste não veio,
o concurso público não veio,
o hexa não veio,
não veio a aposentadoria
e a corrupção dominou,
a justiça aboliu,
dr Enéas morreu,
e agora, José?

E agora, José?
Sua doce jornada,
seu direito de férias,
sua multa de rescisão,
sua Unimed,
sua bolsa de estudo
seu seguro desemprego,
sua gratificação,
seu 13°, - e agora?

Com direito a escolher
quer eleição,
não existe eleição;
quer votar,
mas o golpe forjou;
quer atravessar a fronteira,
O Sem fronteiras não há mais!
José, e agora?

Se você implorasse,
se você concordasse,
se você aumentasse,
a hora extra,
se você negociasse,
se você mendigasse,
se você protestasse...
Mas você não faz greve,
você tem orgulho, José!

Dobrando o turno
Qual um escravo,
sem segurança
sem hora almoço
para descansar,
sem conta poupança
que desafogue,
você tributa, José!
José, para quem?

Estágio:
Substantivo masculino singular.
É aquele período depressivo e inevitável que assemelha-se a TPM.

Entre os gritos da multidão ou no silencioso deserto.
Pisando em pedras ou atingido por elas.
Entre os próprios tropeços e as armadilhas da estrada.
Temos uma certeza única e suficiente:
desde o calvário Ele é o nosso caminho.

Ela tinha direito a banhos de sol, e refeições, em ambientes vigiados.
Podia falar ao telefone somente com autorização e escuta.

Algumas visitas eram permitidas, porém, controladas.
Uma conversa ou visitante considerados suspeitos imediatamente serviam como acusação.

Não tinha liberdade de compra e venda, nem de ir e vir.
Não escolhia a roupa que usava, nem o horário de deitar-se.

Objetos pessoais eram revistados diariamente.
A agressão e a ameaça faziam parte da rotina.

Você está enganado! Ela não estava em um presídio de segurança máxima. Ela estava em um relacionamento.
Um tipo de relacionamento bastante comum por aí.

A grama que vês de longe é a grama que te arranca suspiros. Só não reparas que o cheiro do verde que sentes vem da grama que pisas.

Desfrutar ocasionalmente a ausência de companhia ajuda a superar a frequente solidão das conversas.

Recuperando antigos rascunhos concluí que preciso passar-me a limpo.
Para livrar-me desse bolorento odor sobre os meus sonhos.
Livrar-me desse amarelado sem Graça, esse desbotamento da fé.
Desempoeirar as ideias.
Recuperando antigos rascunhos, concluí que já tive projetos melhores, esboçava sentimentos melhores.
Recuperando antigos rascunhos, concluí:
Procrastinar orações, envelhece esperanças.

Olho todos os dias para esses envenenados espinhos, na expectativa de um dia contemplar rosas.
Meus sentidos quase sentem o cheiro dessas cores que em pensamentos desenho.

Eu nunca me impressionei com demonstrações publicas de afeto.
Respeito basta.

Toque Vivaldi, Josh, Gotye...
Abra a janela, deixe entrar um vento gelado.
Esquente um chá.
Onde estão os bons livros?
Preciso dos meus casacos, das minhas luvas, das boas conversas.
Quero sorrisos charmosos, visitas sem pressa.
Simplifique novamente a capela, a música, o sermão.
Eu tenho que observar o asfalto que piso, e contar as estrelas que vejo.
Ando enfadada do que tenho que ser, pra acompanhar a loucura que o mundo tem sido.
Sinto falta da singularidade minha.
Ando com muita saudade de mim.

Calçou as luvas do amor e saiu por aí distribuindo sopa.
Não era uma canja qualquer.
Era temperada com luto, e exemplo herdado daquela mãe.

Olhando para o presente, imaginamos um futuro.
E achamos que esse rio da vida vai continuar seu percurso da mesma forma que o vemos agora.
Sem redesenhar suas margens;
Sem reduzir-se em épocas secas;
ou desbarrancar em tempos tempestuosos.

O futuro é vida, e vida é imprevisível.
Por ser imprevisível, não devemos nos orgulhar.
Pelo mesmo motivo não devemos nos desesperar.

Isso de forçar a barra, se infiltrar em tudo, travar a rotina.
Ser inconveniente, espaçoso, autoritário.
Isso não é amor.
É Baidu.

Chorar é um bom remédio.
Sinto pena das almas secas.

Que Deus esteja sempre com você, mas acima de tudo, que você esteja sempre com Deus.
Porque estando Ele contigo teus passos serão confirmados, e estando você nEle teus passos são corrigidos.

Não há privacidade simplesmente.
São selfies, vídeos e áudios.
E não é possível uma simples audiência.
Com o vizinho, o amigo, o parente.

Na casa, na piscina, na igreja.
Não há privacidade simplesmente.
Na saúde, na alegria e na doença.