Coleção pessoal de alfredo_bochi_brum
LACRIMEJANDO
Para que engolir o choro
Que a tristeza faz murchar
Pode se fazer socorro
E outras águas navegar
Ao invés de um quase morro
Muita vida para inflar!
DORMIR DE TOUCA
Tudo muda hora e outra
São tantas coisas estranhas
Tal qual um trocar de roupas
É preciso ter mais manha
Para não dormir de touca
Experiência a gente ganha!
BAIXA FREQUÊNCIA
A frequência anda baixa
E a música também
O peito quase racha
Mesmo assim se mantém
Algum dia ele acha
Alguém pra ser seu bem!
ALGAR
O sentimento caiu no buraco
Tão profundo que virou em pedaços
Não há como pensar juntar os cacos
Vida não negue apesar do estilhaço!
DESCOMPASSO
Agora são tantos apelos
Para um socorro que tardou
Ficaram pra trás os desvelos
Convergência descompassou
Muito pior tentar revive-los
E insistir no que não mudou.
FRATERNA INANIÇÃO
Ronca a vizinha do umbigo
Na espera dos temperos
Mas quando temos amigos
Jamais chega o desespero
É assim que eu consigo
Ser faminto e austero.
QUIETUDE DA NOITE
Aqui com a noite calada
No breu da imensidão
Permita vê-la estrelada
Dando brilho à escuridão
Medita: afasta a cilada
E ofusca a sofreguidão!
SOLITUDE
Não há nada de mal
Em ser relacional
Muito pior solidão
Corrói o coração
Mas há na solitude
Um flerte à infinitude.
BONANÇA
Muito antes da bonança
Há que tarar a balança
Equilibrar a esperança
Verificar as andanças
E os caminhos da mudança
Boa dose temperança
Creditar que a vida avança!
QUE(M) (H)ORA?
E então chegou a hora
Hora de ir embora
E nem chegou a aurora
Medo que esconde a mora
Ofusca a luz de outrora
Fé que o passo vigora
Busca o mundo lá fora
Sempre há chance no agora!
CICATRIZANTE
Ao que chamamos de dor
Amargo cicatrizante
Indesejável ardor
Mas que nos leva adiante!
O que ontem era meta, hoje é apenas mais uma etapa, e é no somatório destas que nos aproximamos do êxito: em tudo!
(Alfredo Bochi Brum)
REVEZ
Pensei ser da estrada a aspereza
Muito atrito leva à tristeza
Carece buscar na leveza
Um amparo de fortaleza
Nessa oscilação se reveza
Filtrando da alma impureza.
RECEITA
Acaso queiras me ajudar
Não me digas tudo se ajeita
É mais fácil se acomodar
Seguindo na eterna espreita
Convicção há que mudar
Pra desafiar novas receitas!
VESTES
Não interessa como pensas
Nem qual ideologia segues
Pois a poesia é universal
Desde que a alma esteja propensa
Ao sentimento não se negue
Com sua veste transcendental.
NOTÍVAGO
Não nasci pra ser notívago
Nas penumbras armadilhas
Por mais clareza de Sol
Que é verdadeiro Mago
Com sua firmeza de quilha
Cortina da noite apago.
POR UM FIO
Mais um ano findou
Algo de bom ficou
No rastro aprendizado
Norte a ser enfrentado
Com novo desafio
E a vida por um fio!
ENTÃO É NATAL
Me faça um obséquio
Antes de pegar as taças
Em reluzentes presépios
Invoque a Ele mil graças!