Daphny Souza

Eu me enveneno todo dia. Com músicas, com filmes, com os casais que vejo na rua… Uma bela dose de saudades, eu diria. Eu sinto tanta saudade de você, chega a doer.

Eu achava que o vazio seria a minha salvação. Mas agora percebo que só fiz me afundar mais.

Eu já vi esse filme, eu sei como o ciclo termina. Por isso que eu apenas deixo como está. Eu perdi todas as minhas armas nesta guerra, estou caída no chão, sem força alguma para continuar. Se eu ainda tenho esperança? Oh, eu tenho, tenho muita. Mas sinceramente eu prefiro permanecer aqui, deitada, aguardando alguma mudança. Por que foi por andar em círculos que eu me perdi.

Estou cansada das aparências do mundo. Nada que parece ser, é. De certa forma, é uma perfeita camuflagem. Quem sorri nem sempre está sorrindo por dentro, quem é bom nem sempre está realmente preocupado com você, rosto de anjo dificilmente definirá caráter. Essa é a máscara que o mundo carrega sobre seus ombros, esta é a maneira aderida para se proteger ou atacar. Este é o preço que se paga por uma sociedade um tanto maléfica e ingênua.

Quando eu era pequena, eu achava que dormir era uma perda de tempo. Eu tinha muita energia, esbanjava risos, as dores eram só de machucados, e a única coisa que se quebrava com o tempo era meus brinquedos. Então pra que dormir e perder de 8 a 10 horas de diversão? Eu odiava! O dia acabava e eu estava lá, sempre com um gostinho de quero mais. Mas as coisas mudam, 10 anos se passaram e eu tenho um pensamento totalmente oposto daquilo. O mundo em que vivo hoje não me satisfaz, as pessoas me entristecem, está tudo fora de ordem, virou bagunça. Então, quando a noite chega, eu não vejo a hora de deitar a minha cabeça no travesseiro, adormecer e viajar, vou para um mundo inteiramente meu, onde as coisas são como realmente deve ser, onde tudo o que eu acredito é real. Eu me esbanjo de sonhos, o mundo real que é um pesadelo.

Ao chorar, eu queria que cada gota levasse com ela um pedaço da minha dor. Ao chorar, eu queria me purificar, pois cansa chorar pela mesma coisa todos os dias.

Eu saio pelas ruas toda manhã, sem esperar nada da vida. Alias, há algo que eu quero, ser surpreendida. Eu gosto de caminhar pelas calçadas úmidas depois de uma madrugada fria, gosto de parar no ponto mais alto da avenida só para ver o sol nascer. Eu não sigo padrões, meu padrão é o que me faz bem. O que fizer meu coração palpitar e minha pele se arrepiar para mim já está bom. Acho que é por isso que hoje sou uma ladra, uma grande ladra, pra ser honesta. Mas não me leve a mal, afinal eu não prejudico a ninguém, nunca prejudiquei. O meu furto é simples, é honesto, e na maioria das vezes a minha vítima me agradece. Eu roubo sorrisos. E por mais que seja um gesto simples, eu aqueço o coração de muita gente.

Primeiro devemos aceitar o fim para depois desfrutar do recomeço.

Desculpa se sou fria. É que as vezes, a sua frieza sobressai em mim.

A gente também tem que reconhecer quando perde.

Não me importo com o fim do mundo. Por mim pode tudo explodir, eu não tenho mínima afinidade com a humanidade. Mas então, eu lembro de você. E por mais que estivéssemos condenados, eu ainda assim tentaria lhe salvar.

Eu não preciso gostar de você, você não precisa gostar de mim. Então só vamos parar de fingir. Simpatia temporária me tira do sério.

A mediocridade do ser humano me irrita.