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Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado de nossa miséria.

Machado de Assis
Memórias póstumas de Brás Cubas (1881).

O vício é muitas vezes o estrume da virtude. O que não impede que a virtude seja uma flor cheirosa e sã.

Machado de Assis
Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881).

Fui descalçar as botas, que estavam apertadas. Uma vez aliviado, respirei à larga, e deitei-me a fio comprido, enquanto os pés, e todo eu atrás deles, entrávamos numa relativa bem-aventurança. Então considerei que as botas apertadas são uma das maiores venturas da Terra, porque, fazendo doer os pés, dão azo ao prazer de as descalçar. Mortifica os pés, desgraçado, desmortifica-os depois, e aí tens a felicidade barata, ao sabor dos sapateiros e de Epicuro. [...] Inferi eu que a vida é o mais engenhoso dos fenômenos, porque só aguça a fome, com o fim de deparar a ocasião de comer, e não inventou os calos, senão porque eles aperfeiçoam a felicidade terrestre. Em verdade vos digo que toda a sabedoria humana não vale um par de botas curtas.

Machado de Assis
Memórias Póstumas de Brás Cubas. Rio de Janeiro: Typografia Nacional, 1881.

Um cocheiro filósofo costumava dizer que o gosto da carruagem seria diminuto, se todos andassem de carruagem.

Machado de Assis
Memórias Póstumas de Brás Cubas. Rio de Janeiro: Typografia. Nacional, 1881.

Não se compreende que um botocudo fure o beiço para enfeitá-lo com um pedaço de pau. Esta reflexão é de um joalheiro.

Machado de Assis
Memórias Póstumas de Brás Cubas. Rio de Janeiro: Typografia. Nacional, 1881.

Como se fosse ontem, lembro que li alguns textos que me mandastes. Dentre aquelas linhas, vi o quanto me amava. Vi também o quanto sofreu por mim. E em um dos textos, não me esqueço disso, disse que me amaria para sempre. Por que mentiste para mim? Não me amou para sempre. Amou-me até aparecer outro homem em sua vida. Não comparo sua vida como a vida de Marcela, a Marcela de Brás Cubas. Marcela o amou durante "quinze meses e onze contos de réis", contigo não foi assim. Você me amou até sua vida achar que desprender da minha seria a melhor opção. Essa sua vida cega, que não enxergastes o monstro que se camufla no seu novo amor. Esse monstro que provou o seu beijo, provou também o beijo de uma das suas amigas. Digo que pra você, guardei o amor que sempre quis mostrar, o amor que vive em mim, como já dizia Nando Reis. Te deixei esperando por muito tempo, eu sei, mas não, não irei te deixar mais. Não se esqueça de mim. Não me deixe nunca mais. Quero você por perto, quero sentir seu calor, quero te tocar, senti-la, despi-la, amar-te. Deixe-me provar o gosto dos seus lábios, deixe-me mexer em seus cabelos, deixe-me te ter. E assim, me tenha também. Eu sei o quão difícil é esquecer alguém, então, agora que me esqueceu, me lembre e deixe-me nunca esquecer de ti.

Inserida por akirafuruya

Vê agora a neutralidade deste globo, que nos leva, através dos espaços, como uma lancha de náufragos, que vai dar à costa: dorme hoje um casal de virtudes no mesmo espaço de chão que sofreu um casal de pecados. Amanhã pode lá dormir um eclesiástico, depois um assassino, depois um ferreiro, depois um poeta, e todos abençoarão esse canto de Terra, que lhes deu algumas ilusões.

Machado de Assis
Memórias póstumas de Brás Cubas
Inserida por alcides_ferreira

Acresce que a gente grave achará no livro umas aparências de puro romance, ao passo que a gente frívola não achará nele o seu romance usual; e ei-lo aí fica privado da estima dos graves e do amor dos frívolos, que são as duas colunas máximas da opinião.

Machado de Assis
Memórias Póstumas de Brás Cubas. Rio de Janeiro: Typografia. Nacional, 1881
Inserida por alcides_ferreira