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O medo do futuro era tamanho que se encarcerara no presente e jogara as chaves no fosso do passado .

Cantemos pois (fragmento dos Três Contos)

Trôpego à esmo em labirínticas vielas.
Corpo em espasmos devido à frialdade.
Pensamentos inconsistentes à realidade,
São lindas pinturas de feias aquarelas.

São olhos que vêem qual anjo o algoz.
O qual tece a arte tão bem aceita,
"se há o plantio tem de haver a colheita ",
E deixam aos deuses a vergonha por nós.

E choram um brado de ignota agonia.
Se sofrem é de uma mental patologia.
Prefiro a poesia que há no caixão.

Deita ao lixo tua bela sinfonia.
Guarda teu canto, amante da hipocrisia.
Chegada é a hora de cantarmos podridão.

Já coleciono histórias, umas eu conto outras deixo para o Alzhaimer.

Flor de cemitério ( conto)


Era uma noite gélida e sem lua quando um botão de rosa nasceu na sepultura de Amanda, Uma jovem que havia morrido de tristeza, definhado apos perder o único amor de sua vida para a morte, Jason havia morrido em batalha na guerra pelo seu pais.
Aquele botão de rosa que nascia era o sinal que ela havia encontrado seu amor em outra vida, que agora Amanda e Jason podiam fiar juntos por toda eternidade.

O vento uivando como um demônio tentando com toda fúria destruir a futura flor. Corujas e Morcegos contemplavam sua luta, rindo em deboche ao seu esforço inútil pela vida…

- Pra que lutar pela vida quando ela sera vivida neste lodaçal o inferno onde não existe alegria so morte e dor?
-Ela sera apenas uma rosa escura e sem beleza!
-Ela vai morrer antes mesmo do raiar do sol.

A flor ouvia a conversa e ao invés de murchar de tristeza, ela encontrou forças na fraqueza ergueu seu caule, ainda era uma inocente, não havia abertos seus olhos para a podridão do mundo que a cercava, ela tinha fé que seria belo seu futuro. E assim resistiu a flor a um dos mais furiosos vendavais.
Quando os primeiros raios de sol brilharam no horizonte e foi tornamo claro o céu, alguns pássaros cantavam brindando o novo dia. O botão de rosa abriu-se e sua cor tão linda jamais havia sido vista naquele lugar tão escuro era um magenta vibrante, em cada pétala o sol batia e refletia um novo tom de rosa.

Linda perfeita e unica em um ambiente totalmente controverso a si, na terra ouvia-se o sussurro de novos brotos dizendo:
”Venham, venham ver esta flor de beleza jamais vista”
E a cada dia o cemitério ia ficando colorido pra mostrar que ate mesmo na morte existe beleza, se tivermos forças pra lutar.

Conto escrito por Annh Cavalcante em dezembro de 2011.

...um amor distinto, um amor que já foi vivido em outra vida, um amor que vai ser para a eternidade

Paris é vinho, queijo, baguette,flores, amor e é estar sob paixão.

O Momento

Só por um instante quero me perder em teus olhos e me reencontrar em tua boca
Só hoje quero ser menos eu e muito mais você
Pois eu te amo e tenho passado as últimas noites em claro fazendo nada além de pensar em nós dois
Na esperança de que você entre por aquela porta e me arranque dessa prisão
Prisão de medos...
Venha para perto de mim
Permita o encontro de nossos mundos, o encaixe de nossas almas,
Permita um conto de fadas.

"O ano é 2123. Deixo aqui o que acredito ser meus últimos relatos ainda em vida. Duzentos anos atrás, um escritor inglês moldou seu próprio universo fundamentado diante do medo e desconhecimento que possuímos do universo. Lembro - me bem das histórias que meu avô contava, sobre seres antigos e colossais que reinavam no sombrio oceano, na velha e humanamente inconcebível cidade de R'lyeh. Sobre as criaturas que vagavam o cosmos, como bestialidades que desafiavam a natureza do Criador. Quero dizer, deveriam ser contos não é mesmo? Apenas isso. Nós evoluímos, a humanidade focou seus esforços pós terceira guerra na evolução de nossas tecnologias. A fome foi praticamente erradicada, mas as doenças triplicaram com os métodos de produção de alimentos. Encontramos a cura para todas as doenças que eram fatais à 100 anos, e criamos muitas outras que geneticamente foram modificadas. Os humanos nunca estiveram tão vulneráveis em séculos. Nosso derradeiro fim se aproxima, não pelo o que criamos, mas pelo o que aguardava seu momento para despertar. NÃO FORAM SÓ LENDAS! Ele existe! Meu Deus, ele existe! Um continente inteiro ergueu - se do oceano, o Grande Antigo não era uma história, ele é A HISTÓRIA. Nossas armas não podem parar seu avanço, destruímos nosso ecossistema na tentativa de impedir. Mas ele é a cólera apocalíptica, a reação do universo para tudo que nos tornamos, o que somos. E nesse momento, no porão da minha casa, eu, minha esposa e filho aguardamos a chegada da morte. Seja pela fome, pela loucura, pelas pílulas em nossas mãos. Estamos entregues aos desejos do universo que trouxe para cá o novo rei e algoz desse mundo."


-Homenagem ao grande H.P Lovecracft

Mulher Solteira:

Uma mulher que é solteira
Também não merece
Ser chamada de princesa.

Ela é uma rainha,
Mas não tem um rei tão belo,
Pra comandar o seu corpinho
E dirigir o seu castelo.

Era um conto de fadas. Definitivamente, uma fantasia. Alguma realidade alternativa bizarra, porque coisas assim não aconteciam na vida de Bethany Willis. Nunca aconteceram. Nunca aconteceriam. Mas era bom viver um bom sonho por um tempo. Enquanto durasse.

Dizem que há muito, muito tempo no mundo subterrâneo, onde não existem nem a mentira, nem a dor, vivia uma princesa que sonhava com o mundo dos humanos. Ela sonhava com o céu azul, a brisa suave e o sol brilhante. Um dia, enganando toda a vigilância a princesa escapou. Uma vez no exterior a luz do sol a cegou e apagou de sua memória qualquer indício do passado. A princesa esqueceu quem era e de onde vinha e seu corpo sofreu com o frio, a doença e a dor. E com o passar dos anos ela morreu.

Um conto por um conto, diz o contador
Que não sabe contar a conta que conta
Para ganhar a vida, contada por outros
Fazendo de conta, que contar é bom

-Eu sou Aquela de quem tens saudade,
A princesa do conto : "Era uma vez..."

Acho que encontrei o final do meu conto de fadas.

Amor a primeira vista, se apaixonar por um sorriso, se perder em um beijo, arrepiar com um toque de mãos...Não sei se é conto de fadas, não é um final mas sim um meio de ser feliz...

Vivemos em um mundo em que princesas desenganadas vivem um "conto de falhas", sem príncipes, cuja bruxa má é a falta de coragem.

Gostaria de ser ignorante. Assim eu não saberia o quanto era ignorante.

O momento da traição é o pior, o momento em que você sabe, além de qualquer dúvida, que foi traído: que algum outro ser humano desejou a você tamanho mal.

Não tem conto de fadas dessa vez pra mim, eu não sou a princesa que você sonhou.

Um discípulo perguntou a um velho sábio sobre quem vinha primeiro, se era a energia ou a força. E com a serenidade costumeira a resposta do ancião pareceu cheia de complexidade para um entendimento superficial sem os mecanismos da reflexão profunda:

"Sem energia perdemos a força - respondeu-lhe o velho homem -, no entanto, você pode estar pensando que é a força que produz energia. Mas veja bem que não há força sem energia. Neste caso, precisamos descobrir o que é causa e o que é efeito. Não nos parece aquela mesma história de quem veio primeiro se foi o ovo ou a galinha? Então, onde estaria a energia neste caso? Porque a energia que a força produz é secundária, e a força que a energia produz é a força primeira ainda misteriosa como a própria luz. Observe que a luz também é efeito, pois a causa é a energia.", completou o mestre.

E o discípulo ouvindo tudo aquilo, não teve força para replicar, porque estava psicologicamente esgotado, sem energia para raciocinar.

***

Numa noite de outono, linda e serena...
O frescor suave do vento acariciava seu rosto pálido sob o luar...
Pássaros da noite, tristes voavam...

Voavam em direção aos seus recantos, seus ninhos...
Em árvores secas e sombrias...
Estavam prestes a pousar...

Continuava ela vagando tristemente...
Eu observava e pensava... "Por que será?"
Sua alma se encontrava angustiada e aflita, eternamente...
Caminhando ia ela... O seu amado encontrar...

Amor misterioso... Lindo... Puro e verdadeiro...

Chegando lá... Ansiosamente...
Seu amor beijou-a docemente...
Lua cheia... Brilhosa... Sobre o mar reluzindo...
Estrelas cadentes no céu... No horizonte caindo...

Tudo seria perfeito quando,
Com lágrimas nos olhos...
Seu amado disse-lhe com tristeza sorrindo:
- “Amor da minha vida... Ao amanhecer estarei partindo!”

Amanheceu e seu amado partiu tristemente...
Deixando-a com coração partido.
E voltou a adormecer eternamente...
As coisas já não tinham mais sentido.

Pois de que adianta ter as estrelas, a luz do luar... Ter o mundo...
Se não irá mais o encontrar.
O amor, um sentimento lindo e mais profundo...
Mas muito difícil de explicar.

Anoiteceu e tudo ficou mais triste...
Saiu a noite pra contemplar o mar.
Lua cheia no céu, não mais existe...
Agora tão longe do seu amor, já não podes mais o amar...

Mágoas de Caboclo

Ah! como eramos felizes
Vivendo lá na choupana
Ao pé da serras da onça
Plantávamos milho, feijão e cana
Fazíamos as nossas festas
No lindo mês de santana

Nossas vidas com certeza
Eram um lindo mar de rosas
Vivíamos sempre felizes
Da casa para nossa roça
Mesmo nós dois sozinhos
Fazíamos nossas troças

Mas como tudo acontece
Na vida de muita gente
Que vive rindo e feliz
Alegre e sempre contente
Eu fui pego de surpresa
Pela sanha da serpente

Nunca pensei que na vida
Um dia eu fosse passar
Por momentos tão difíceis
De dor e muito penar
Com o coração sangrando
Jurando não mais amar

Meus senhores a minha vida
É dividida em duas
Uma quando era feliz
Fazendo versos pra lua
A outra de sofrimento
Jogado em plena rua

Lembro-me como tudo aconteceu
Era mês de santana
Mês de festa e alegria
Era o mês da cana
Íamos para a cidade
Passar por lá uma semana


Que semana de alegria
De festa e divertimentos
Esquecíamos as preocupações
Pra nós só tinha o presente
Logo, logo após a missa
Tínhamos divertimentos

Tinha leilões nas barracas
Apresentação de mamulengos
As disputas das rainhas
Uma do vasco outra do flamengo
Pediam ajuda a nós
Cheias de graça e dengo

Mas em uma dessas noites
Que estávamos a brincar
Notei que tinha um sujeito
Há muito a observar
Eu e minha Maria
Com lampejo no olhar

Eu fiquei desconfiado
Logo com o sujeito
Que não deixava de olhar
Como se eu fosse suspeito
Se fosse para a Maria
Era falta de respeito

Mas o tempo foi passando
E caiu no esquecimento
O cara que nos olhava
Até a poucos momentos
Pois eu queria era paz
Sem haver constrangimento

Já tinha bebido muito
Eu ria por brincadeira
Foi quando olhei pro lado
Meio zonzo da bebedeira
Maria não estava ali
Estava só a cadeira

Muito longe de pensar
No que ia acontecer
Pedi mais uma cerveja
Pra nossa turma beber
Senhores, nesse momento
Começou o meu sofrer

Esfreguei logo os olhos
Sem poder acreditar
Que era minha Maria
Que estava a conversar
Com aquele almofadinha
Don Juan desse lugar

Era sim a minha mulher
A razão do meu viver
Que por muitos e muitos anos
Soube me compreender
O que estava acontecendo
Não podia entender

Foi quando, senhores, eu vi
O cabra abraçar Maria
Eu juro não vi mais nada
Só o meu sangue fervia
Quando voltei a mim
Estava numa delegacia

Eu estava sujo de sangue
De quem eu não sabia
Só podia ser do sujeito
Autor da patifaria
Senti logo um arrepio
E se fosse de minha Maria

Foi quando o delegado
Falou com vós alterada
Cometeste um grande engano
Mataste a pessoa errada
Pois sua esposa era
Simbolo de mulher honrada

Não pude ouvir mais nada
Nada mais me interessava
Só sei que estava vivendo
O reverso da medalha
Por culpa exclusiva e total
Do crime e da cachaça.

Se achares três mil-réis, leva-os à polícia; se achares três contos, leva-os a um banco.

Machado de Assis
Notas semanais, 7 jul. 1878.

⁠zi fi

De visita a uma dama
que mexia com o além,
perguntei: como se chama
esse velho sem vintém?

Rindo, disse a tal mucama:
preto-velho não se chama;
se precisa, ele vem...

⁠Todos os dias uma peça musical, um conto ou um poema morrem porque sua existência já não se justifica em nosso tempo. E as coisas que antes eram consideradas imortais tornaram-se mortais outra vez, ninguém mais as conhece. Mesmo que elas mereçam sobreviver.