Pagu

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Pagu (1910-1962), pseudônimo de Patrícia Rehder Galvão, foi uma escritora, jornalista, militante política e produtora cultural brasileira. Entre as suas obras se destacam "Safra macabra (contos policiais)" (1944) e "Verdade e Liberdade" (1950).

"A satisfação intelectual não me basta... a ação me faz falta!"

Tenho várias cicatrizes, mas estou viva. Abram a janela. Desabotoem minha blusa. Eu quero respirar.

"Esse crime, o crime sagrado de ser divergente, nós o cometeremos sempre"

Sonhe, tenha até pesadelo se necessário for, mas sonhe.

"Lembro minha submissão absoluta. Não ao homem. Ao amor."

Lê nos meus olhos todos os consentimentos, Mata tua sede na pedra que se fez fonte, E te encanta com a paisagem contraditória do meu ser.

“Sou a única atriz.
É difícil para uma mulher
interpretar uma peça toda.
A peça é a minha vida,
meu ato solo”.

É uma necessidade conversar com os poetas. E se os poetas morrerem, provocarei os mortos, as flores do mal que estão na minha estante.

Saibam ser maricões! Meninas que nasceram errado mas que não querem se conformar em seguir à lei da natureza.

⁠Agora, saio de um túnel. Tenho várias cicatrizes, mas ESTOU VIVA.

⁠Na nebulosa da infância, a sensitiva já procurava bondade e beleza. Mas a bondade e a beleza são conceitos do homem. E a menina não encontrava a verdade e a beleza por onde procurava. Talvez porque já caminhasse fora dos conceitos humanos.

Um pedaço de trapo que fosse
Atirado numa estrada
Em que todos pisam
Um pouco de brisa
Uma gota de chuva
Uma lágrima
Um pedaço de livro
Uma letra ou um número
Um nada, pelo menos
Desesperadamente nada.

Aprendi tanto com a dor que eu enfrentei...
Que hoje, reconheço; que valeu a pena o preço que paguei.

A liberdade e a prisão
Ter um barco que percorra
Distâncias incríveis
Saber remendar um sapato
Encontrar um amor
Amor de verdade
Ser vento, fogo ou carvão
Tudo, tudo, tudo
Menos esta ratoeira

⁠Nothing

Nada nada nada
Nada mais do que nada
Porque vocês querem que exista apenas o nada
Pois existe o só nada
Um para-brisa partido uma perna quebrada
O nada
Fisionomias massacradas
Tipoias em meus amigos
Portas arrombadas
Abertas para o nada
Um choro de criança
Uma lágrima de mulher à toa
Que quer dizer nada
Um quarto meio escuro
Com um abajur quebrado
Meninas que dançavam
Que conversavam
Nada
Um copo de conhaque
Um teatro
Um precipício
Talvez o precipício queira dizer nada
Uma carteirinha de travel’s check
Uma partida for two nada
Trouxeram-me camélias brancas e vermelhas
Uma linda criança sorriu-me quando eu a abraçava
Um cão rosnava na minha estrada
Um papagaio falava coisas tão engraçadas
Pastorinhas entraram em meu caminho
Num samba morenamente cadenciado
Abri o meu abraço aos amigos de sempre
Poetas compareceram
Alguns escritores
Gente de teatro
Birutas no aeroporto
E nada.

⁠No meu quintal tem uma laranjeira
aquela mesma
onde brincamos na noite de Natal

no meu quintal tem um pessegueiro
com flores cor de rosa
onde chupei-te a boca
pensando que era fruta.

no galinheiro tem oito galinhas,
um pato, um ganso e um pinto.

no galinheiro fiz um arranha-céu
com latas de gasolina.
E fiz com paus de vassoura
estacas para os cravos.

meu quintal é uma cidade!…

De frangos, postes, luz e arranha-céu.
E para simbolizar o seu progresso,
desafiando triunfal,
tem a bandeira de uma calça rendada no varal.

Inserida por pensador

⁠O escritor da aventura não teme a aprovação ou a renovação dos leitores. É-lhe indiferente que haja ou não, da parte dos críticos, uma compreensão suficiente. O que lhe importa é abrir novos caminhos à arte, é enriquecer a literatura com germens que venham a fecundar a literatura dos próximos cem anos.

Inserida por pensador

Posso ser Pagu ou a doce Ruth.
Pouso de Merilyn, mas escondo a Joana D'arc em meu sangue.
Fui Capitu um dia, e vivo como Loreley.
Mexo e arrumo a casa como Isaura e
sou Clarice quando tomo um café e acendo um cigarro.
Quando quero exigir sou Cleópatra.
E quando danço sou apenas Mata Hari.
Evita Peron habita-me na luta diária.
No trabalho artesanal sou Frida Kahlo e
quando me encanto, sou Alice perdida nas maravilhas.
Quando amo sou uma Bruxa encantada e
quando peco sou Fada perdida no mundo.
Sinto vontade de voar, Amélia voaria comigo.
Já nem escrevo mais para Agatha, pois ela se tornou
personagem policial dos livros de Coralina.
Ponho um vestido preto, pinto os olhos e vejo no
espelho a doce e fatal Theda quando a sétima
arte é Bara.
Minhas amiga Thelma e Louise me aconselham
Afrodite acorda e volta para o Olímpo.

O que eu acho da "Antropofagia"?... não acho __ gosto !..." ( A "Antropofagia" foi um movimento de valorização da brasilidade liderado por Oswald de Andrade, Poeta, Teatrólogo, Romancista do Modernismo Brasileiro; consistia em "devorar" o que era imposto "de fora" e devolver isso de modo brasileiro, transformado, brasileiramente transfigurado numa atitude de resistência cultural anti-colonizada... )

Inserida por RITAMENINAFLOR