Frases de Mia Couto

Cerca de 134 frases de Mia Couto

“Os sonhos são cartas que enviamos a nossas outras, restantes vidas.”

Quero morar numa cidade onde se sonha com chuva. Num mundo onde chover é a maior felicidade. E onde todos chovemos.

Não penso na velhice, tenho medo que a velhice pense em mim” afirma Mia Couto.

A miçanga, todos as vêem. Ninguém nota o fio que, em colar vistoso, vai compondo as miçangas. Também assim é a voz do poeta: um fio de silêncio costurando o tempo.

"O que faz andar a estrada? É o sonho. Enquanto a gente sonhar a estrada permanecerá viva. É para isso que servem os caminhos, para nos fazerem parentes do futuro”.

( (Fala de Tuahir), em "Terra sonâmbula", São Paulo: Companhia das Letras, 2007.)

"O bom do caminho é haver volta.
Para a ida sem vinda basta o tempo”.

( Corozero Muando, em "Um rio chamado tempo, uma casa chamada terra")

"Encheram a terra de fronteiras, carregaram o céu de bandeiras, mas só há duas nações – a dos vivos e dos mortos”.

(Juca Sabão, em "Um rio chamado tempo, uma casa chamada terra")

A morte é como o umbigo: o quanto nela existe é a sua cicatriz, a lembrança de uma anterior existência.

“O poeta
faz agricultura às avessas:
numa única semente
planta a terra inteira”.
(em "Tradutor de chuvas". Lisboa: Editorial Caminho, 2011, p. 71).

semente

No início,
eu queria um instante.
A flor.

Depois,
nem a eternidade me bastava.
E desejava a vertigem
do incêndio partilhado.
O fruto.

Agora,
quero apenas
o que havia antes de haver vida.
A semente.

Salvar é uma grande palavra. E amor é uma palavra ainda maior. Grandes palavras escondem grandes enganos.

A descoberta de um lugar exige a temporária morte do viajante.

(...) a razão deste mundo estava num outro mundo inexplicável.

⁠A saudade é uma tatuagem na alma: só nos livramos dela perdendo um pedaço de nós.

O voar não vem da asa. O beija-flor tão abreviadinho de asa, não é o que voa mais perfeito?

Hoje acordei sem mim.
Saí à rua,
para me deixar possuir
pela simples leveza de existir.

A mulher é uma nuvem: não há como lhe deitar a âncora.

(in "Na berma de nenhuma estrada")

“Dentro de mim, vão nascendo palavras líquidas, num idioma que desconheço e me vai inundando todo inteiro”.

( em "O fio das missangas". Lisboa: Editorial Caminho, 2003.)

'Eu sou o viajante do deserto que, no regresso, diz: viajei apenas para procurar as minhas próprias pegadas. Sim, sou aquele que viaja apenas para se cobrir de saudades. Eis o deserto, e nele me sonho; eis o oásis, e nele não sei viver.
MIA COUTO

Sou feliz só por preguiça. A infelicidade dá uma trabalheira pior que doença: é preciso entrar e sair dela, afastar os que nos querem consolar, aceitar pêsames por uma porção da alma que nem chegou a falecer. – Levanta, ó dono das preguiças.