Coleção pessoal de wikney

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Às vezes, o nosso melhor sonho é a nossa pior cela.
Amada minha, eu já abri mão do crucifixo e das preces na capela.
Abri mão da esperança, sei que a vida é só mazela.
Tentei enjaular meu coração, que às vezes é a própria besta; outras, fera.
Meus sentimentos, pensamentos, madrugadas, são dela.
Solitária vida, fria cela.
Amada minha, eu já abri mão dos orixás e da oferenda.
A razão e a emoção travam uma batalha e é minh'alma que se fere na contenda.
Você é meu destino, meu desejo; de outras vidas, minha senda.
Ela não sabe o que é amor, não sabe o que é amar, e meu eu, parvo, quer que ela entenda.
Rebusquei os rincões do coração e percebi que amor e ódio não tem diferença.
O problema é todo dela.
O problema todo é ela.
O problema são os olhos, o sorriso, que parecem terem sido pintados por Deus, como em tela.
Talvez tenha sido meus pecados que me afastaram dela.
Perdão, Pai, mas só consigo adorar a ela.
Amada minha, a única coisa que me fizera mais crente naquele crucifixo fora a esperança da grinalda e da chuva de arroz, enquanto tu desfilavas de branco, ao sair da capela.
Por isso hoje o meu melhor sonho é a minha pior cela...

⁠Ela se estremecia a cada toque.
Lembro-me do ébano da pele, que a cada beijo parecia dar choque.
A boca, que bosquejava meu corpo, parecia-me que ao deslizar pelo meu eu, fazia-me mais forte.
Sou Deus, demônio; sou pecado, sou bênção; do seu amor, escravo; da solidão, consorte.
Azar meu amar você, queria odiar-lhe, mas não tenho sorte.
Fiz o que podia, o que posso e você, fazer algo por nós, nunca pode.
Eu até tentei esquecê-la, mas ao aceirar minha labuta, recordo-me que ela se estremecia a cada beijo, a cada palavra, a cada toque...

⁠Permita-me, Deus, antes de morrer, a extrema unção do beijo dela.
Rogo-lhe, Pai, sobre os céus, o paraíso de uma vida com ela.
Conceda-me, Deus, apenas um único minuto de sua eternidade ao lado dela.
Entenda-me, Javé, toda eternidade pra mim é pouco quando ao lado dela.
Perdoe meus pecados, Deus, perdoe-me por não adorá-lo como mereces, mas só consigo adorar a ela.
Livrai-me, Pai, de cada lembrança, pois o que era liberdade hoje tornou-se cela.
Somente tu, meu Deus, sabe que a cada dia longe daquela alma a minha morte torna-se certa.
Sabendo disso, rogo-lhe, Pai, para quando o meu eu, em morte, viva um pouco com ela.
Logos, lhe imploro; Cristo, faça-me dela.
Rogo-lhe, meu Deus, antes de morrer, apenas permita-me a extrema unção do beijo dela...

⁠Eu sinto o desejo em seu olhar, a excitação na sua voz.
Quando novamente me tocar, o que será de mim, o que será de nós?
Sou a água que lhe mata a sede; do seu rio, eu sou a foz.
Tornei-me presa na sua rede, mate em mim esse animal feroz.
O seu olhar é meu combustível, mas também é meu algoz.
Às vezes paro e penso: meu amor por ti, mulher, chega a ser algo atroz.
Queria construir-nos um palácio, algo mágico, como a cidade de Oz.
Ou talvez ser um homem de lata, sem coração, a vagar por terras áridas, em completa solidão, com meu albornoz.
Mas você sempre dificulta minha despedida, pois, ao se despedir, eu sempre sinto o desejo em seu olhar e a excitação na sua voz...

⁠Era uma vez um homem que um dia fora luz, mas hoje é um todo de trevas, por amar até a sombra de alguém.
Era uma vez um homem que sempre via aquela doce face no rosto de outrem.
Era uma vez um homem que por ela daria a própria alma, e se tivesse mais de uma, daria mais de cem.
Era uma vez um homem que amava, mas não sabia a quem.
Era uma vez um homem que não sabia como fechar as feridas que têm.
Era uma vez um homem que, por amar demais, já não distinguia o que lhe fazia mal ou bem.
Era uma vez um homem que descobriu que, para se ter felicidade no amor, é só amando ninguém...

⁠Infelizmente, ela confundiu calor com torpor.
Achou que era cacimba o que era só ofurô.
Talvez ela seja louca, pois confundira paixão com amor.
Confundiu desejo de carne com desejo de alma; realista com sonhador.
Confundira, também, prazer com dor.
Confundira quem lhe fora fiel com traidor.
Ela pensou que eu seria um todo gris, mas, em sua vida, eu fora a única cor.
Eu sou só lembranças, onde a amnésia se instaurou.
Confundiu comédia com horror.
Até mesmo para as suas feridas confundiu-me com doutor.
Médico da alma, de lágrimas, um curador.
Eu, mudo em meus devaneios, silencioso em minhas mazelas e pensamentos, confundiu-me com orador.
Escravo do que sinto por ela, gritou aos quatro ventos que eu era um tirano, rei daquele sentimento, sanguinário imperador.
Como Pôncio, lavei minhas mãos do sangue do julgo de meu inquisidor.
Não fui eu quem matara nosso amor.
Infelizmente, novamente ela confundira, que tristeza; não ouvira meu clamor.
Ela confundiu meu calor, com dela, o torpor…

⁠Recordo-me, minha amiga, que naquele dia, naquele instante, eu a fitei com os olhos de completo desejo. Senti-me um louco por fazê-lo, mas também, amiga minha, qual homem nessa terra de horripilâncias não o faria? Ao fitar tal beldade, tal arte desnuda, ela parecia-me ter uma beleza crua, ela parece que nunca fora tocada por essa terra impura. Sei que sou o sal, o pó da terra, minha amiga, sei disso. Às vezes o sei mais que qualquer outro ser, nessa mundana pintura; mas aquela mulher, minha cara, ela fora esculpida em mármore, quiçá em carne, pelas mãos do próprio Deus. Eu sempre acreditei que em seu reino sobre os céus, Deus não tinha nenhum filho preferido, até vê-la naquela tarde quente de outubro, minha amiga, onde o mundo ardia, queimava, e ao fitar-lhe, lembro-me, minh’alma gelara, senti um suor congelante, as mãos frias. Eu, que não acreditava, hoje creio em Deus e em amor à primeira vista e creio não por crer, mas sim porque o sentira...

⁠O amor, minha amiga, decerto é a coisa mais estranha e irracional que nos existe quando humanos. O amor é extrafísico e ainda assim desafia as leis da física. Recordo-me sempre dela embalada em meus braços, o abraço me prendia, mas nunca me senti tão livre como naqueles dias. Quando eu desfrutava daquela companhia, o tempo parecia parar, mas também passava tão rápido. Sem falar do amor, minha amiga. Eu sabia que ela não me amava e, ainda assim, o sentia...

⁠A grande maioria das pessoas pensa estar certa, algumas sabem ouvir e raramente aparecem aquelas que assumem estar erradas, talvez, por isso, os tolos ultrapassem em bilhões os sábios...

⁠Tudo o que fizemos.
Tudo o que vivemos
Somos tudo, somos um, somos os livros que lemos.
Amnésia é livramento.
Tirar você do pensamento.
Inimiga, saudade; aliado, o tempo.
Em cada beijo, em cada toque, eu te fazia um juramento.
Abdiquei das palavras, pois, de tão vazias, elas se foram com o vento.
Amor é ambíguo, prazer e dor, juntos; sofrimento.
Crer em nossa felicidade é o que me torna ingênuo.
A sua presença queimou-me a alma, e nem as lágrimas da sua ausência foram capazes de apagar o incêndio.
Rogo aos céus, imploro ao Deus, uma única chance de poder fazer tudo aquilo que nunca fizemos…

⁠Diz ser ousada, mas não tem ousadia.
Não ousarias ser minha felicidade, minha alegria.
Não ousaria agora, como também não ousara aquele dia.
Não ousarias.
Não ousou um abraço mais forte, um beijo com ardor, aquecer minha alma fria.
Não ousou, não ousas, e sei; não ousarias.
Quem te usa, tu amas; quem te ama, tu usas, e é nesse ciclo que a dor se inicia.
A mente já não sabe o que é memória e o que é fantasia.
Parece-me, tenho as respostas na ponta da língua.
Memória, é seu abandono; fantasia, é contigo uma vida.
Tento roubar o coração de uma mulher com alma de menina.
Sua indiferença é mar; sua gratidão, cacimba.
Tentou ser feliz, mas não com sua felicidade, hoje compreendo sua covardia.
O fizestes porque diz ser ousada, mas em seu âmago sabes, não tem ousadia…

⁠A coisa mais difícil que existe é confiar em mim mesmo. Mas também, como posso confiar em alguém que ama de todo ser alguém como você?

⁠Ela é vilã.
Ela é má.
Ela levou-me até a culpa.
Levou-me também a chance de me desculpar.
Levou com ela o meu perdão e também levou a chance d’eu a perdoar.
Cada face que olho, a cada toque em minha tez, a cada beijo recebido, ela está lá.
Mesmo que ela me deixasse a culpa, eu não saberia a quem culpar.
Ela é vilã.
Ela é má.
Pois ela se foi, mesmo sabendo que é meu Sol, minha luz, meu ar.
Hoje, a loucura tomou conta do meu eu, pois sou grato a essa dor, por fazer-me dela lembrar.
Embebido em devaneios, aquele abraço deu espaço à solidão, e é nela que hoje faço o meu lar.
Pecador que sou, tomei a liberdade de mais um dos capitais criar.
O oitavo e pior dos pecados do homem é amar.
E por pecar demais, do purgatório da sua ausência, não poderei escapar.
Na história que fantasio entre nós dois, estou sempre perdendo, mas não canso de lutar.
E nessas mesmas histórias, ela é a vilã.
Ela é má…

⁠Sou prisioneiro do que fora dito, escravo do que ficou por dizer.
Sonho com as palavras que ela não disse, meu pesadelo é sem ela viver.
Ser feliz sem ela, ilusão do meu ser.
O ardor que existia naquele olhar, hoje é um todo blasé.
Dor, sofrimento; à minha existência, já não existe mais prazer.
Ver para crer.
Crer para ver.
És a mais bela, és perfeição, és um coral de anjos, mas o que sou sem você?
Pra um amante da razão, graças à sua ausência, até a loucura estou tentando entender.
Em um quarto escuro, devaneio um futuro impossível e escrevo palavras que sei que ela não vai ler.
A cada dia, a cada hora, a todo minuto, eu luto pra aquela lágrima não escorrer.
Enxurrada de emoções, cacimba de desgosto, poço de dor, o que um dia fora o meu bem-querer.
De dentro da cela dessa paixão, fito a janela e não vejo um novo amanhecer.
Longe do fulgor do seu olhar, não me existe um alvorecer.
Para o meu desalento, os grilhões desse sentimento, sou incapaz de romper.
E por isso fiz-me prisioneiro do que fora dito, quiçá, escravo do que ficou por dizer…

⁠Viver a vida nada mais é que ter ótimos momentos para, no futuro, nos deleitarmos com as doces e belas lembranças...

⁠O cheiro da noite só me causa dor.
Me lembra teu perfume, relembro o seu ardor.
Era intensidade de alma, intensidade de corpo, intensidade de amor.
Eu sei o que sou.
Posso ser louco, demônio, sua divindade, herege, pecador.
Olho o céu, quando chuva, sou gris; quando Sol, sem cor.
O peito, que um dia fora só paixão, hoje parece-me, ser só rancor.
Lembro-me que cada toque, cada beijo, trazia à sua face, aquele belo rubor.
Ébrio de paixão, o meu ser era só furor.
És a mais bela das flores, mulher, hoje eu invejo cada beija-flor.
Fui escravo de um coração, o qual acreditei ser o senhor.
Nem do império, que fantasio contigo, posso ser o imperador.
Só me restaram as vazias palavras, acabou-se meu pundonor.
Das minhas falácias, eu mesmo sou o trovador.
Vislumbro o horizonte e vejo o Sol se pôr.
Ali eu sei que vai se iniciar o meu torpor.
Pois quando a noite vem, o cheiro dela só me causa dor…

⁠Como posso eu ter calma?
Sendo que o coração que jurou-me ódio, sei que me ama.
A mesma boca que deveria despir só o corpo também despe a alma.
É amor de peito o que deveria ter sido só amor de cama.
Na madrugada não sou eu, é só o lençol, que por ti clama.
Do que me adianta?
Um amor racional e uma paixão insana?
Perdoe-a, pai, pois ela não sabe o que sente, não sabe a quem ama.
Ela sabe que, a cada toque, meu nome ela chama.
As labaredas, o ardor dessa paixão, o meu ser inflama.
Amá-la transformou-se em blasfêmia.
Nessa cacimba de amarguras, morro e vivo um dilema.
E vivendo tudo isso, como posso eu ter calma?

⁠Azar no jogo, no jogo do amor.
Eu achava que era má sorte, mas hoje agradeço ao acaso, nosso eterno senhor.
Ainda bem que o carro enguiçou.
O ônibus não passou.
Preso em uma cobertura qualquer, ainda bem que a chuva aumentou.
Obrigado, acaso, ainda bem que meu celular descarregou.
Se tivesse tudo dado certo, tudo teria dado errado; parvo fui, parvo sou.
Eu teria conseguido te dizer algo perturbador.
Teria me declarado, teria dito que o que sinto é paixão, talvez amor.
Ainda bem que na floricultura, já tinha acabado até o último buquê, até a última flor.
Se tudo tivesse dado certo, eu teria descoberto que no seu jogo eu sou só mais um jogador.
Falar-me-ia você que ama, mas não eu, o que me causaria tremenda dor.
Antes de tudo, retirei-me do seu tabuleiro, saí derrotado, perdedor.
A paixão é carta que derrota qualquer conquistador.
Mas sou grato aos céus, por ter bastante sorte no acaso, e azar no jogo, no jogo do amor…

⁠A verdade é que eu odeio o fim de tarde.
Odeio o farfalhar das folhas, o doce e sereno bailar das árvores.
Odeio o bafejar do vento, que me assopra a face.
Odeio o pôr do Sol, cuja beleza sublime me remete a ela, minha beldade.
A verdade é que eu odeio o fim de tarde.
Odeio o cantarolar dos pássaros e a balbúrdia da cidade.
Odeio tantas coisas, mas eu odeio mesmo é essa distância, nossa saudade.
Odeio a mentira, mas, por tantas vezes, também odiei a verdade.
A verdade é que eu odeio o fim de tarde.
Odeio ter que me reencontrar todas as vezes em que me perco no castanho dos seus olhos, meu mar de serenidade.
Odeio sua boca, pois, mesmo estando tão perto da minha, a distância que as separa vai daqui até Marte.
Às vezes, odeio amar-te.
A verdade é que eu odeio o fim de tarde.
Odeio meu corpo, pois quando está deslizando sobre o seu, me queima a pele e an alma arde.
Odeio toda religião, pois fiz somente de ti minha divindade.
Odeio as estrelas e a Lua, porque o brilho e a palidez me lembram suas fases.
E por lembrar-me amiúde de ti, amada minha, é que eu amo o fim de tarde…

⁠Eu viajei no tempo para proteger ela.
Chamei-a de meu amor, doce anjo, Cinderela.
Minha miragem, felicidade, minha aquarela.
Pinta minha vida com seu sorriso, como em tela.
Infelizmente, a vida em qualquer tempo é só mazela.
Pr'outro amor, ela desviou os olhos dela.
Infinito é o tempo, e o amor dela por mim, só quirela.
O amor é libertador; o amar, uma cela.
Sua ausência criou um cortejo onde era festa.
Lembro-me que meu passado era o nosso presente, e eu planejava um futuro com ela.
Hoje, não importa em qual tempo, cada minuto se rebela.
Quando lembro de nós, do que poderíamos ter sido, o relógio da minha vida congela.
O passado fora tão bom, o presente é amargo e o futuro sem você são só trevas.
Sonho agora em voltar no tempo para amar ela...