Coleção pessoal de samiferraz

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A doutrina de Cristo não é uma jurisprudência que, sendo imposta pela violência, pode modificar de imediato a vida dos homens. É um novo conceito de vida mais alto do que o antigo e um novo conceito de vida não pode ser prescrito, precisa ser livremente assimilado. E só pode ser livremente assimilado de duas maneiras: uma interna, espiritual, e outra externa, experimental. Alguns – a minoria – com uma espécie de instinto profético, advinham imediatamente a verdade da doutrina e seguem-na. Outro – a maioria – não chegam à verdade da doutrina e à necessidade de segui-la senão por uma longa senda de erros, experiências e sofrimentos. A maioria da humanidade cristã chegou hoje a esta necessidade de assimilação pela via experimental externa.

Avalia-se a inteligência de um indivíduo pela quantidade de incertezas que ele é capaz de suportar.

Eu oro, porque eu não posso me ajudar. Eu oro porque estou desamparado. Eu oro porque a necessidade flui de mim todo o tempo - acordado e dormindo. Isso não muda Deus, isso me muda.

"Minha opinião acerca de tudo o que me acontece deve ser regida por estas três coisas: a compreensão que tenho acerca de quem sou, a consciência que tenho de para onde vou e o conhecimento que tenho do que me espera quando eu chegar lá."

Sentou-se para descansar e em breve fazia de conta que ela era uma mulher azul porque o crepúsculo mais tarde talvez fosse azul, faz de conta que fiava com fios de ouro as sensações, faz de conta que a infância era hoje e prateada de brinquedos, faz de conta que uma veia não se abrira e faz de conta que que dela não estava em silêncio alvíssimo escorrendo sangue escarlate, e que ela não estivesse pálida de morte mas isso fazia de conta que estava mesmo de verdade, precisava no meio do faz de conta falar a verdade de pedra opaca para que contrastasse com o faz de conta verde-cintilante, faz de conta que amava e era amada, faz de conta que não precisava morrer de saudade, faz de conta que estava deitada na palma transparente da mão de Deus, (...) faz de conta que vivia e não que estivesse morrendo pois viver afinal não passava de se aproximar cada vez mais da morte, faz de conta que ela não ficava de braços caídos de perplexidade quando os fios de ouro que fiava se embaraçavam e ela não sabia desfazer o fino fio frio, faz de conta que ela era sábia bastante para desfazer os nós de corda de marinheiro que lhe atavam os pulsos, faz de conta que tinha um cesto de pérolas só para olhar a cor da lua pois ela era lunar, faz de conta que ela fechasse os olhos e seres amados surgissem quando abrisse os olhos úmidos de gratidão, faz de conta que tudo o que tinha não era faz de conta, faz de conta que se descontraía o peito e uma luz douradíssima e leve a guiava por uma floresta de açudes mudos e de tranquilas mortalidades, faz de conta que ela não era lunar, faz de conta que ela não estava chorando por dentro (...)

No movimento, há um momento quando os elementos em movimento estão em equilíbrio. A fotografia deve capturar esse momento em manter imóvel seu equilíbrio.

Chorar ajuda por um tempo, mas depois é preciso parar de chorar e tomar uma decisão.

Nem tudo está perdido como parece… sabe, coisas extraordinárias só acontecem a pessoas extraordinárias, vai ver é um sinal que você tem um destino extraordinário, algum destino maior do que você pode ter imaginado.

A fé baseada em interesse está comprometida só com que as coisas deem certo, mas a fé baseada em amor está comprometida com que as coisas sejam certas. Quem ama quer correção, quem é interesseiro quer resultado.

Na fé baseada em interesse a oração está sintonizada na vontade de quem ora. Mas na fé baseada em amor, a oração está sintonizada na vontade de quem atende. Porque quem atende, ama e sabe o que é melhor pra nós!

Talvez, no final das contas, o romance não surja na vida de alguém com pompa e circunstância, como um lindo cavaleiro indo ao seu encontro. Talvez ele se ponha ao lado da pessoa como um velho amigo, silenciosamente.
Talvez se mostre em prosa, até que algum facho de luz revele todo o ritmo e música que existem dentro dele . Talvez... talvez... o amor nasça naturalmente de uma maravilhosa amizade, como um botão de rosa surgindo de dentro do seu abrigo verde.

“Acho que só para ouvir passar o vento vale a pena ter nascido.”

A arte nunca deve tentar ser popular. O público é que deve tentar ser artístico.

Aqueles que nunca sofreram não sabem nada; não conhecem nem os bens nem os males; ignoram os homens; ignoram-se a si próprios.

Vontade Não Mais Dividida
O que Deus requer de nós é uma vontade que não esteja mais dividida entre ele e qualquer outra criatura. Uma vontade dócil nas mãos dele, que não busque nem rejeite qualquer outra coisa, que deseje sem reservas tudo que ele deseja e que nunca deseje, sob nenhum pretexto, algo que ele não deseje. Quando temos essa disposição, tudo vai bem. Até as distrações triviais se transformam em boas obras.

Felizes os que se entregam a Deus! Eles são libertados de suas paixões, da reprovação alheia, da malícia, da tirania das palavras, do insensível e infame escárnio, do infortúnio que o mundo distribui junto com a riqueza, da infidelidade e inconstância dos amigos, das astuciosas armadilhas do Inimigo, da própria fraqueza, da miséria e brevidade da vida, dos horrores de uma morte profana, do remorso por prazeres pecaminosos e, por fim, da eterna condenação de Deus.

Que insensatez ter medo de se entregar totalmente a Deus! Significa ficar com medo de ser muito feliz. É ter medo de amar a vontade de Deus em todas as coisas. É temer ter coragem para enfrentar as inevitáveis dificuldades, do conforto existente no amor de Deus, do desprendimento das paixões que nos tornam miseráveis.

Ai daquelas almas fracas e tímidas que estão divididas entre Deus e o mundo! Elas querem e não querem. Estão divididas entre a paixão e o remorso. Temem o julgamento de Deus e das pessoas. Têm horror ao mal e vergonha do bem. Sofrem com as virtudes sem experimentar seu agradável conforto. Oh, quão miseráveis são! Ah, se tivessem um pouco de coragem para desprezar a conversa vã, a zombaria insensível e a crítica temerária! Que paz desfrutariam nos braços de Deus!

[O sentido da minha vida] é inventado a cada momento, mas é claro que eu necessito da poesia, eu necessito da arte, eu necessito de estar discutindo essas coisas, de estar pensando nessas coisas que dão transcendência à vida. Eu não tenho dúvida alguma de que a arte é necessária porque a vida não é suficiente, porque senão qual era a necessidade de inventar a arte? A necessidade é essa: as pessoas necessitam dela, por mais que aconteça coisa no mundo, a arte sobrevive, como uma forma de acordo com o momento, com a época, ela é uma coisa necessária, como a ciência é necessária, como a filosofia é necessária, como a religião é necessária, como a política é necessária.

Sobre o amor: "isso não é privilégio de fortes...é perseverança dos fracos, soma dos frágeis. Amar é como transportar cristais na ponta do nariz, não é força, é cuidado e atenção. É certo que não se fala de medo: amor sem confiança é qualquer coisa menos amar. Mas também não falamos de certezas: amar é a experiência de fé mais divina que vivemos nas relações humanas..."

Não canso de repetir pra mim mesmo: tudo o que eu digo acreditar só tem valor para o outro quando, sem que eu diga, faça sentido pra ele, pelo o que ele vê.
Agora tudo o que disseram ser bom pra mim, quero experimentar de fato, porque se for ruim - não importa quão importante foi quem disse - não quero mais pra minha vida.

Eu não tenho medo do amanhã, o hoje já tem sustos suficientes pra qualquer um sentir-se frágil, pouco, insuficiente, finito. Só que pra quem tem ouvidos, há um grito de vida, da vida, tão intenso, que não só acalma quanto impulsiona. Eu ouço a vida me chamar pra luta, não vou ficar parado esperando o nada, que é tudo o que o medo tem pra oferecer.

Aceitar nossa fragilidade é o que nos torna realmente fortes.