Coleção pessoal de Madasivi

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⁠A hora do travesseiro é a penosa hora desalmada,

⁠Cada piscada é uma adaga cravada na alma,
Tempo insone que entra pela porta sem ferrolhos,

⁠Nesta noite fico desse jeito,
Com vontade de inundar o peito,
De lamber o céu imperfeito,
Engolir toda a chuva a eito,

⁠É no segundo tempo que o jogo emociona,
Que a bola esquenta no pé,
Que a emoção da torcida arrebenta,
A hora do olé,

⁠E a chuva?
Ela veio,
E não caiu sozinha,
Sei que lágrimas caíram também,
E são suas,
Então,
Chore Maria,
Faz bem,
Logo passa,
Mas saiba,
As ações soluçam as reações,
A vida mole não é nobre,
Como é bom ser valente,
Então,
Sorria Maria!

⁠Que bom que as horas são incertas,
Que a vida não faz teste de solo fértil,
Que as sementes das garantias não estão plantadas,
Que dependemos da coragem gentil,

⁠Que o improviso seja idolatrado,
E que sempre nos ajude a perceber o tempo desencontrado,

⁠Céu pardacento,
Emoldurado pelas copas das árvores gris,
Deitado neste colchão de cimento,
Embatuco para amenizar parte da minha cicatriz,

⁠E vento anseio ser,
E invisivelmente estar,
Em cada pedaço de lugar,
Brincar de ventania,

⁠Na insignificância do meu estado,
Às mãos do tecelão intocável,
Fico num entrelaçamento calado,
Eu no tear de um sonho levado,

⁠Quem tem uma criança,
Com um bola dentro do peito,
Sabe sentir o que a vida tem pra brincar,
Seja assim, ou assado,
Frito, cozido, ensopado, gratinado,
Refogado ou requentado,
Sentir a vida é brincar,
Brincar é viver criança,

⁠Enquanto o meu mundo,
Que não é meu,
Dorme,

Eu acendo o pavio da manhã,
O mundo real e,
Tudo mais,

⁠A leveza de ir,
Faz a beleza chegar,
De mansinho,
E essa bonança chegada,
Traz ventos coloridos,
Ventos falantes,
Esperanças vendavais,


E lá no alto,
O silêncio reina,
E uma vez ou outra,
Uma ventania pesada passa e desfaz tudo,

⁠Cada pensamento,
É uma escrita,
Cravada na ponta,
Dos dedos que nunca descansam,
No seio sardento do papel,

⁠Dissonâncias,
Consonâncias,
Perfeitas ou Imperfeitas,
Bemóis ou Sustenidos,
Dobrados,
Bequadros,
Trocados,
Tanto faz a regra,
Que toque o som de alma,
Para acabar de vez,
Com este silêncio,

⁠Inté,
Mulé,
Sié,
Meu pontapé,
Quiqué,

Aki vai,
Pra ti dizê,
Té +,
Né?

⁠Vontade faminta é assim,
Devoro a carne,
Pedaço por pedaço,
Engulo a vontade,
Beiço defumado,
Dedos lambidos pela metade,
Corpo alimentado,
Prazer de verdade,
Contigo é assim,

⁠ Se estou calmo?
Mais calmo que rede mangona na varanda,

⁠Cuspimos no prato que lambemos – prato nosso,
Comemos cru – aqui na terra,
Sorrimos – nos sentimos como no céu,
Brindamos e bebemos - sem cair em tentação,
Repetimos – livres do maligno,
E depois, dormimos como sempre – Amém,