Coleção pessoal de Madasivi
Nuvens de raça,
No alto cavalgam,
E soltam pancadas,
Descargas equinas,
Todas no céu relincham,
Éguas voadoras sem couraça,
Nuvens cavalas coiceiam,
Piedade de mim,
Que meus olhos sejam abertos,
Piedade de mim,
Que minha fome seja matada pela boa comida que sacia a alma,
Asas nos pés tristes,
Testemunham,
Eu casmurro,
Atravessando pontes,
Camuflado como os peixes,
Nos sujos lagos,
É Mercúrio diante de mim,
Aqui no largo dos curros,
Mesmo em repouso,
Me traz de volta,
Aqui estou,
Escrevendo,
De teimoso,
Voltei,
Cão madraço,
No portão ladra,
Rugido de leão,
Põe em debandada o cansaço,
Avança em quem passa,
Só quer garantir a ração,
As aflições são tantas,
Que acabo por enterrá-las,
Ainda que vivas,
Todas,
Sem cortejo,
Sem cantoria lacrimosa,
E muito menos desalento,
Somente uma escolha irrevogável,
Viver,
A la vontê,
Pax,
Vi a grandeza da noite silenciosa,
Dizer uma única palavra,
Imensidão,
Imensa tranquilidade noturna,
Lá do alto da torre,
Lá do alto da treliça,
Fechei os olhos,
Ao som de Debussy,
Senti cócegas na alma,
Deixei a mente voar cegamente,
Fiquei com um coração repleto de afinadas vozes,
Na praça Vinícius de Moraes,
O apostolo Paulo é testemunha escultural,
Na praça Vinícius de Moraes,
A paisagem é como um “Cântico”,
Na praça Vinícius de Moraes,
Tudo é “Cem por cento”
Na praça Vinícius de Moraes,
Não existe “Medo de amar”,
Mas tudo aqui no mundo tem seu tempo fecundo,
Só deixo o ponteiro do relógio da vida girar,
Gira mundo,
Um doce negro,
Mais doce que a noite açucarada pelas estrelas,
Um amargo que mela o beiço,
Que acende os olhos da lua que pisca delicias pelas janelas,
É Festa!
Os moradores do planeta assopram mais uma vela,
Mais uma dança do movimento de translação na história,
Fogos de artifícios rabiscam o ansioso teto da meia-noite por todos os lados,
Risos, ritos, gritos, abraços e votos por todos os cantos,
Cada um vai saltando em seu destino,
E sem escolher seu passageiro que pula pra dentro,
Segue viagem a locomotiva do brasileiro,