Coleção pessoal de luiselza

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Se pudéssemos escrever no céu economizaríamos todo o papel fadado a se volatilizar no vento...

As redomas supostamente necessárias não são um caminho para o que se é, apenas para esquecer o que se está.

Impossível haver perfeição naquilo em que a responsabilidade é substituída pela obrigação e a presença pelo prazer (remunerado) é trocada pelo mero estar, indenizado.

As palavras não são esculpidas unicamente para que melhor sejam entendidos, expressos e realizados os sentimentos, vontades e ações... Os vocábulos são burilados para (re)alimentar um dos maiores presentes que se pode ter recebido: A capacidade de abstraimento.

Somos aprendizes de navegar
Estranhos oceanos de vastidão
Onde estrelas luzem a mostrar
As pontes ou muros da emoção.

É inútil usar uma fita métrica para mensurar as dimensões da mediocridade a que se foi obrigado, mas é (re)construtivo medir o traquejo de si próprio.

O orgulho, a prepotência e o poder não dialogam para edificar conquistas recíprocas; impõem-se para incitar guerras ou homogeneizar pela divisão.

O espaço tempo se encarrega de destintar os nadas das ilusões que nunca se teve.

Que a dor pela felicidade (inesperadamente) perdida, jamais seja maior do que a alegria que se perdeu. É a memória firme, ainda que dolorida, que dá sequência à história.

Pode ser útil a conquista da realidade percebida com lucidez. Mas o ser humano será sempre usado, induzido ao erro, dominado ou iludido ao se instrumentalizar com o que desconhece.

RECOMEÇA (Luiselza Pinto)

Quando os ventos de cada dia
Vierem te pedindo toda pressa
E te sentires cacos sem alegria
Junta os pedaços. E recomeça.

Quando as agruras lancinantes
Te fizerem um xadrez sem peça
Respira ao céu alguns instantes
Levanta os restos. E recomeça.

Sente as lágrimas que recolhes
Entre as estradas que escolhes
Onde teu eu dorme e não cessa...

Dás tempestades, mareiam sóis
Ares oceanos de dor na tua voz?
(Re)Constrói teu mar. Recomeça.

Preciso do medo, mas ele não precisa de mim. Sou qual um caso não pedido, um ponto fora da curva, uma equação que pode existir sem resposta, um nada transitando dentro de um vácuo repleto de tudo...

Dificilmente é equânime a partilha que o acaso realiza frente aos (de)graus do ocaso.

É preciso muito pouco para se viver em completa paz. E é preciso completa paz para se viver com quase nada.

As idéias fixas podem não derivar da loucura, carência ou sofrimento; elas podem, também, nascer da necessidade de, à altura e conscientemente, agradecer à vida e/ou responder à dor.

A dor tende a não assustar e nem vencer aqueles que se tornam mais sensíveis através dela.

É preciso aprender a ouvir os que não têm mais voz ou não podem ou não sabem como usá-la.

A vida não é um vaso inquebrantável; é um quebra-cabeça de incontáveis peças. Raras pessoas terão todas as peças e raras as usarão a contento; muitas pessoas terão muitas peças e muitas usarão tais peças dentro do possível; algumas terão poucas peças e poucas saberão usar tais peças dentro do razoável. Raríssimas pessoas não terão peça nenhuma e terão que catar as peças alheias que foram perdidas no caminho e ficaram sem dono; e terão que aprender a viver, ou apenas existirão fantasmagóricas, até a morte.

A dor que não for considerada uma prova do presente de se estar vivo, virará uma morte sem corpo.

O caos pode ser fonte de muitos estímulos, mas ele apenas se potencializa nas percepções treinadas para evitar a dispersão.