Coleção pessoal de LEO_WILD

Encontrados 12 pensamentos na coleção de LEO_WILD

Como indica o nome que assumem (reality show), um nome que não sofre oposição dos
espectadores e que só é questionado por uns poucos pedantes particularmente
presunçosos, o que eles mostram é real; mais importante, contudo, indica
também que “real” é aquilo que mostram. E o que mostram é que a
inevitabilidade da exclusão – e a luta para não ser excluído – é aquilo no qual a
realidade se resume. Os reality shows não precisam ficar repetindo a mensagem:
a maioria de seus espectadores já conhece essa verdade

“Remova as bases elementares da vida civilizada, organizada – comida, abrigo, água potável, um mínimo de segurança pessoal – e em questão de horas voltaremos ao estado de natureza hobbesiano, à guerra de todos contra todos.”

A casca de civilização sobre a qual caminhamos é sempre da espessura de uma hóstia. Um tremor e você fracassou, lutando por sua vida como um cão selvagem.

Para evitar a catástrofe, primeiro é preciso acreditar na sua possibilidade. É preciso acreditar que o impossível é possível. Que a possibilidade sempre espreita, inquieta, debaixo da carapaça protetora da impossibilidade, esperando o momento de irromper.

O Titanic somos nós, nossa sociedade triunfalista, autocongratulatória, cega e hipócrita, sem misericórdia para com seus pobres – uma sociedade em que tudo está previsto, menos os meios de previsão … Todos nós imaginamos que existe um iceberg esperando por nós, oculto em algum lugar no futuro nebuloso, com o qual nos chocaremos para afundar ouvindo música…

Burlar o tempo e derrotá-lo no seu próprio campo. Retardar a frustração, não a satisfação.

Nossa vida está longe de ser livre do medo, e o ambiente líquidomoderno em que tende a ser conduzida está longe de ser livre de perigos e ameaças. A vida inteira é agora uma longa luta, e provavelmente impossível de vencer, contra o impacto potencialmente incapacitante dos medos e contra os perigos, genuínos ou supostos, que nos tornam temerosos

Por toda parte, houve um aumento das advertências globais. A cada dia
surgiam novas advertências globais sobre vírus assassinos, ondas assassinas,
drogas assassinas, icebergs assassinos, carne assassina, vacinas assassinas,
assassinos assassinos e outras possíveis causas de morte iminente. De início,
essas advertências globais eram assustadoras, mas depois de um tempo as
pessoas passaram a se divertir com elas.

Afinal, viver num mundo líquido-moderno conhecido por admitir apenas uma certeza – a de que amanhã não pode ser, não deve ser, não será como hoje – significa um ensaio diário de desaparecimento, sumiço,extinção e morte. E assim, indiretamente, um ensaio da não-finalidade da morte,de ressurreições recorrentes e reencarnações perpétuas

O pressuposto da vulnerabilidade aos perigos depende mais da falta de confiança nas defesas disponíveis do que do volume ou da natureza das ameaças reais.

A escuridão não constitui a causa do perigo, mas é o habitat natural da incerteza - e, portanto, do medo.

“Medo” é o nome que damos a nossa incerteza: nossa ignorância da ameaça e do que deve ser feito.