Coleção pessoal de hebo_imoxi

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Onde estão os impiedosos e exímios fiscais
Que com a crise se decidiram a criar ainda mais
Fundos e impostos nada nobres
Nos bolsos já vazios dos mais pobres
No intuito de taxar o contribuinte coitado
Por coisas que ele sequer usufrui do Estado

A minha existência é regida por uma ética colectiva
Uma filosofia humanista espiritual e educativa
Pautada pelo altruísmo, fraternidade
Respeito e colaboração entre toda humanidade
Já não sou tão precipitado em qualquer ocasião
A fazer juízos de valor de quem está ao meu lado ou não

Não sou apenas porque tu és, na verdade
Eu sou por meio de ti na minha simplicidade
Ser humano significa ser por meio de outros
Sejam estes humanos ou não, vivos ou mortos
O que sou significa calor humano, compaixão
Cuidado, humanismo, respeito, compreensão
O que sou se traduz num conceito moral
Numa filosofia, num modo de vida natural
As sociedades africanas têm por objectivo
Dar importância ao altruísmo colectivo
À partilha e a colaboração entre os seres humanos
Sempre com o devido respeito e este é o plano
Entendo tudo isto de forma primária
Como um guia de conduta social solidária
África entende que estamos, na verdade
Conectados uns com os outros, daí a nossa humanidade

A impunidade de uns é todos anos
A causa das violações contra os direitos humanos

O que se aprende do Ocidente tem algum sentido
Mas por mais útil que seja nem sempre é benvindo
Canto aos homens a história dos seus ancestrais
Para que a vida lhes sirva de exemplo capaz
Eu não morro eu reincarno no baobá
Como um sortilégio a quem ofende os orixás
Camarões, Burkina Faso, Serra Leoa, Libéria
Togo, Níger, Gâmbia, Gana, Nigéria
Contar e ouvir estórias na minha opinião
São formas de manter a socialização
Joseph Ki-zerbo, Tierno Bokar, Leophold Senghor
Cheik Anta Diop, Mory Kanté, Youssou N'dour
Griot em francês, Djeli em bambara
Do antigo Sudão à imensidão do Saara
Sou testemunha do passado, adulto e maduro
Sou cantor do presente e mensageiro do futuro

O fardo que eu transporto pelos outros por outro lado
Faz-me esquecer do meu próprio fardo
Como Aristóteles, digo certo
"Quem não tem amigos, não é um homem completo"
A bondade que vejo nos outros, é curioso
Torna-se o meu bem mais precioso
Compromete-me com a construção de um mundo novo
Onde o homem tenha um lugar ao sol do Deus que promovo
O amor que sinto pelos outros sem medidas
Enche de alegria a minha própria vida
Onde saber mais, poder mais, poder ser mais
Implica andar cada vez mais
O caminho que eu percorro com os outros não tem perigos
Porque é o caminho que Deus percorre comigo
A paz é um efeito de amor e Deus é amor, aliás
O homem foi feito para amar, feito para a paz

Onde está a cidadania democrática?
A sociedade civil é estática!!!
Tem medo do titular do poder Executivo
O ópio do povo se chama Executivo

A dependência cultural, económica e política
Em relação aos países desenvolvidos é crítica
A dívida externa aumenta com vigor
A expectativa de vida baixou
Crescimento populacional elevado
Oligarquia perpétua, nepotismo acentuado
A mutação na economia mundial
E na geopolítica planetária como tal
Agravou a desigualdade da natureza
Da acumulação de riquezas e da disseminação da pobreza
O desenvolvimento, por sua vez
Assume padrões perversos
Marginalizando a maioria da população
Porém o desenvolvimento e a dogmatização
Das potências mundiais vive de modo patético
Às custas da exploração dos países periféricos

A democracia e a alternância são necessidades absolutas

Uma sociedade que nos dias de hoje não reconhece
Em cada indivíduo que o pertence
Valores próprios pelos quais sem exitar
Ele tem o direito de se pautar
Não terá nenhum respeito pela sua dignidade
E realmente não sabe o que é a liberdade
O apreço moral, é bem verdade
Que não teria sentido sem liberdade
Não há paz sem justiça, a priori
Não saber é mau e não querer saber é pior
Se cada acção boa ou má de antemão
Dependesse da permissão, prescrição ou coerção
O que seria a virtude afinal
Senão uma simples palavra banal
Que elogio caberia à boa acção?! De facto
Que honra haveria em ser justo ou sensato?!

Não há democracia quando o povo vive com adesivos na boca

Sentir fome é um problema fisiológico
Mas passar fome é um problema económico

Vivemos mortos nesta terra onde somos ensinados
A exaltar um patriotismo globalizado
Sobre uma pátria que se esqueceu do patriota
Não encontramos paz e isto me revolta
Nem mesmo no solo pátrio, a priori
Tornamo-nos num povo sem pátria e sem valor
Africa em vez de paraíso do africano
Transformou-se no inferno do próprio africano
Que vive ou morre disperso na diáspora louca
Não há democracia quando o povo vive com adesivos na boca
Sentir fome é um problema fisiológico
Mas passar fome é um problema económico
Muitos vivem em África
Mas poucos vivem por esta África
Vamos revisitar o passado para compreender o presente
Ideias antigas podem construir uma África marcante

Eu sou contador de estórias, músico, activista
Conselheiro da corte, genealogista
Moderador ou mediador da sociedade
Para a formação e educação da comunidade
Venho do maior Império feudal
O estado de Songhai da África Ocidental
Congrego almas à volta da fogueira
Desde o século XIII que sou mestre de primeira
Amadou Hampâté Bâ, Aimée Césairé, Sekou Touré
Elikia M'bokolo, Sotigui Kouyaté
Eu canto à medida do vosso entendimento
Enquanto o Kora suaviza os pensamentos
Sou guardião na aldeia A, B ou C
Mali, Burkina Faso, Senegal, Guiné
No Oeste do Egipto, na África do Norte
O agente mágico da narrativa chama-se GRIOT

Não pode haver estabilidade económica
Sem haver primeiro estabilidade política

Quero que o partido dos camaradas entenda
Que a moral do povo angolano não está a venda

A paz é fruto da liberdade e deste modo
De que serve a lei sem justiça para todos?!

A refeição que eu partilho com os outros naturalmente
É a refeição que me alimenta realmente
Que me revigora o pensamento e não só
Não saber é mau e não querer saber é pior
A força que eu dou aos outros outrossim
É a mesma força que permanece em mim
Que me faz ter noção de cada passo que marco
Das lutas que travo, das viagens em que embarco
A liberdade que eu procuro para os outros também
É a que me torna livre e me faz bem
Me torno griot, poeta, fonte
A minha acção é a das palavras, a poesia que vos conte
A dor que eu suavizo aos outros neste momento
Suaviza a minha dor e o meu tormento
Minhas incertezas, meu medo pouco sereno
Porque a solidão corrói o coração do homem terreno

Rap não é barulho, repito Rap não é barulho/ O barulho não faz bem e o bem não faz barulho/ A cultura transforma as pessoas a partir das influências/ O modo de ver as coisas, por isso pensa/ O que trago é num símbolo, um cunho perfeito/ Uma matriz, um carimbo com jeito eleito no peito/ Quando bem tocado é uma obra de arte/ Como os clássicos de Beethoven ou Mozart/ O que trago não é um barulho a toa/ São os ritmos do meu povo que hoje ressoam/ Óbitos sem choros dos séculos de servidão/ Histórias, memórias, mas também reflexão/ Agora sei que trago todo planeta África/ O modo de vida de um povo que as achou na música/ O que trago é uma inspiração viril/ O que trago é o contributo da geração dois mil/ Entendam como quiserem, estejam a vontade/ Sei que o que trago é música de verdade.

Não é só a existência/ De graffites, líricas, danças ou as influências... Pensa/ Como o Hip Hop afecta a consciência/ O comportamento, o pensamento, a competência/ O que trago tem a ver com cultura/ desculpem!/ A cultura abre caminhos a novos comportamentos/ Ressalta paixão por novos conhecimentos/ A verdade está exposta/ A experiência instrui e a observação mostra/ Que uma experiência sólida é mestra duma vida segura/ Porque a vivência é o reflexo duma cultura/ Não neguem os vossos ouvidos de ouvir a razão/ O Hip Hop é a verdade e a verdade é a conclusão.