Coleção pessoal de edsonricardopaiva

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Hoje amanheceu chovendo
O pássaro dormia, ele partiu
Meu dia amanheceu calor
Olhando o mesmo mundo
O vejo mais distante
Desejo ao pássaro
Uma boa viajem somente
Não tem como sentir
A dor de fazer tudo igual, diferente
Meu dia amanheceu
Tão quente
Sem motivo pra calar
Não faz mal estar tudo bem
Quando estar tudo bem
Não é, nem de longe, importante
O ar quente do balão
O vento forte contra a asa do avião
O tempo breve, cuja vida abrange
A grandeza do anjo
A beleza do jardim lá fora
O pássaro que há muito adormecido
Fez uma curva no céu
Acenou-me um adeus
Era a hora de partir
A corda do violão
Arrebentou, quando eu não estava perto
Se fez algum ruído ou não
Não sei
Somente o anjo, coração deserto
Decerto estava lá pra ouvir.

Edson Ricardo Paiva.

⁠Sim, um dia eu tive medo da derrota
Mas é de dia em dia que se vive
Incrível vislumbrar a sensação
De tê-la ao lado, como amiga
Uma antiga aliada
E nada, nunca mais me levaria
A perder nenhuma briga
Ela tinha me ensinado assim
Porque nem tudo é digno de nota
E sempre havia na paisagem
Alguma coisa que passou despercebida
Por fim, perdi o medo da vida também
E nunca mais ninguém veria eu desistir
Pois é de vida em vida que se vive
E que vencer na vida é algo
Muito diferente de vencer a vida
No final ela nos vence
Ela é vencida
Mas nada nunca é igual
Ao medo que se tem no início
Esse, o mais difícil
Por não tê-lo como aliado
Por abandonar, deixar de lado
A tantas chances de vitória
Muita gente é vencida
E tanta vida é inglória.

Edson Ricardo Paiva.

⁠O cheiro de chuva com seus artifícios
Imagens de infância
Sinetes, avisos: é preciso viver
Como vivem as luzes assim
Luzindo nos aços
Você indo lá fora pra olhar
O lugar onde tantos olhares
Cederam a vez a espaços vazios
Que deixamos ficar sem abrigo
O inimigo imaginário
A força da imaginação
O ponteiro, o vento, o calendário
O céu, que não tinha esse azul
Não era assim
Chega a ser engraçado
Mas não era assim
Tantos passos
Se forçar a vista, dá pra ver o fim da estrada
O cheiro da chuva
Um meio sorriso
A primavera que não veio
É preciso viver
Como vivem as luzes
Mais nada.

Edson Ricardo Paiva.

⁠Sorrir
De vez em quando
Permitir que o mundo veja
Mas, que seja perene
O que fica no ar
Chorar
e, às vezes permitir a crença
Mas é certo que fica
Entre mim e o criador
O que me vai no coração
E que seja a vida poesia
Que poderá ser lida hoje
Como um mero poema sem rima
Que vinha e que não veio
E deixou oculta a linha
Porque foi preciso
Um pranto ou sorriso
Detrás da armadura
Uma mistura
De malícia com doçura
Porque assim o mundo exige
A beleza da poesia
Pode ser que outro dia
A quem mereça
A luz que vem de longe
Há muito se apagou
A estrela finge.

Edson Ricardo Paiva.

⁠"A diferença entre o sábio e um imbecil é que um sábio reconhece o imbecil, quando vê um. O imbecil enxerga no sábio um igual"

Edson Ricardo Paiva.

Fim
Mais um fim
Que apesar de o chamarmos assim
Diferente das ilusões
Às quais nós tanto nos acostumamos
Ainda não acabou pra gente
Pois a vida ainda segue em frente
Nem muito linda
Tampouco eternamente triste
É só a vida que a gente tem
Indiferente à nossa vontade, ela existe
Enfim
Mesmo se a gente não sorrir do jeito que queria
Que jamais percamos a alegria de seguir tentando
Viver é preciso
E um sorriso verdadeiro
Vai surgir de vez em quando
Pois que a gente tenha a força de viver
Esse nosso querer diário
De constantes quereres, se assim quiseres
Eles, o Universo sempre os enviou, diariamente
Indiferente ao calendário
A vida permanece
Não que a vida seja feita de vontades
Mas são elas que nos fazem levantar da cama, todo dia
Não em busca de alegria
Nem jamais em busca do querer
Porém, buscando serenidade em reconhecer
Lá no fundo do coração
A alegria de só saber
O que realmente quer, enfim
Com a mais linda e sincera vontade
O raro que se busca, não é forjado em ouro
Mas na simplicidade relegada, deixada de lado
Esquecida
E o brilho do ouro a ofusca
Pois que o mundo aprenda
A desvendar a essa busca, tão prosaica
Resumida em não e sim
Antes do fim.

Edson Ricardo Paiva.

⁠Poema de infância.

Uma folha de papel
Creio eu que era de pão
Nem chegava a ser folha inteira
Acho que meia folha não era
Creio eu que era quase meia
Era infância ainda
Talvez fosse um dia de verão
Creio eu que era primavera
Só me lembro que fazia uma tarde linda
Creio eu que depois choveu
Faz muito tempo aquele dia
E, se é que choveu
A chuva foi mais linda ainda
Era um tempo de paz, talvez
Não existe certeza de mais nada
Hoje eu penso que paz nunca houve
Então eu desenhei um peixe no papel
Me deixem chamá-lo assim, de peixe
Pode ser que fosse um golfinho
Pois não caberia uma baleia
Numa folha tão pequena, diminuta
Que não chegava nem a ser meia
Daquelas que, na alegria da infância
Se cata na ventania
E guarda pra sempre na alma
Com a calma dos anos passados
Mas agora eu compreendo
Que momentos bobos assim
São os que vão ficar eternizados
Uma tarde chuvosa
Num papel amassado
O mesmo sol, que hoje arde no céu
Mas compreenda
Que há tardes em que brilha diferente
O Sol, o céu, o golfinho, a felicidade
Na verdade essas coisas existem
Muito menos neste mundo em que vivemos
E muito mais
Aqui, no coração da gente.

Edson Ricardo Paiva.

⁠Ainda se fosse
Uma tarde doce
Nem precisava ser linda
Pelo menos perdurasse
E essa nuvem me dissesse
O que é que o Sol tá querendo
Escondido atrás dela
Ainda se fosse
Uma tarde ao menos bela
Nem carecia ser linda
A chuva descia de lá pra me contar
O que é que o luar pretende, homiziado
Lá do outro lado do mundo
Ainda se essa tarde
Que mais me parece um lamento
Esse céu mais cinza que cimento ressecado
Me deixasse a par de tudo que a rosa pretende
Essa rosa seca, com cara de veludo velho
E esse ar de quem viu tudo
Mas que finge que olhou pro outro lado
Ainda se eu soubesse
Ah, Deus meu, se eu soubesse!
Nem precisava a tarde ser doce
Não fazia questão que fosse linda
Mas então a chuva veio
Meio que chuviscada
E ela não me trouxe nada
Além de partículas de tristeza condensada
Que se encontravam suspensas
Sobre as nossas cabeças despreocupadas
Só que a tarde não perdura; escurece
Por que é que não foram chover lá no mar?

Edson Ricardo Paiva.

⁠Melhor que tudo
Tudo que é de fato conhecido
Maior até que o amor
Amor, por muitas vezes
É algo que precisa ser contido
Melhor que tudo
Maior até que a felicidade
Felicidade, tantas vezes
Calcada em desconhecimento
Nada chega a ser tão triste
Só não chega a ser
Tão bonita quanto a infância
Abstrata como a lembrança
Impalpável, igual o azul do céu
Doce e imperecível
É como se fosse um mel
Melodia que passa pela cabeça
Sinfonia de anjos
Passos em sintonia
Felicidade que não se alcança
A própria calma sentida
De viver a vida
Sem que ninguém exija
A sua alma como garantia
Coisa que fica sempre pra outro dia
Mas que seria bom
Tão certo quanto a melhor certeza
Te garanto que seria.

Edson Ricardo Paiva.

"⁠A água da chuva
às vezes traz muita alegria
outras a chuva só molha ..."

Edson Ricardo Paiva.

⁠A cara acinzentada da tarde
Foi-se embora pra morar
Pra sempre detrás da colina
Viver da neblina, que chora
Pra sorrir no nascer do Sol
Assim que o dia esquenta
Sim, ela se ausenta
Pra de novo vir morar
Bem pertinho de onde moro
Pra sempre por sobre a colina
E quando a manhã se vai
Novamente se apresenta
Sorrindo pra gente
Mostrando a sua cara cinzenta.

Edson Ricardo Paiva.

⁠Meio poema.

Hoje
Amanheceu assim, meio que colorido
Assim me veio
Meio que uma ideia
Meio que um acordo
Selado comigo
Por medo de um medo alheio
Se a cor do dia trouxesse
Aquela alegria
Que tem dias a gente
Palmeia na mente
Que tanto a semeia no peito
Do jeito que anseia
De tantas vezes
Que ela veio e desviou-se
Mas hoje, essa manhã tão colorida
Trouxe meio que o doce da vida
Meio que rateada
Trouxe um pouco
Um quase nada de esperança
Creio eu que seja fruto
Da sabedoria adquirida
Depois de tanto dia amanhecido em minha vida
Cuja mensagem, que vejo na imagem do dia
É a de que toda e qualquer esperança
Cuja cara de alegria faz
Sobrepuja, ultrapassa veloz
A toda experiência atroz vivida
E que a menor de todas as simplicidades
Elas sempre se sobrepõem em graça
Expondo a verdade e o sentido da vida.

Edson Ricardo Paiva.

⁠Aproveita o tempo agora
Enquanto o coração chora à toa
Enquanto o fruto cai perto
Olha em volta o teu deserto
Pois nem sempre o vento sopra para o lado certo
Ajeita a vela da vida
O caminho todo é pensamento, é hora boa e passa lenta
O tolo pensa em ser feliz, desorienta
Aproveita a hora triste, enquanto a tristeza é passageira
Molhe as plantas na janela
Escolhe a cor da escuridão futura
Pois nem sempre o vento sopra pro deserto
Corre, enquanto as pernas obedecem
Pise forte as pedras, elas esquecem
Olhe isento as coisas lá do alto
A descida toda é só momento, grite alto
Lá do alto, onde subiste
Deixa o vento carregar a voz
As vozes de todos nós
Tão velozes quanto a vida em direção
A um lugar onde o tempo inexiste.

Edson Ricardo Paiva.

⁠O inverno vem
E o frio trouxe uma versão profunda
das coisas invisíveis que essa vida tem
Pois, quando a estrada foi florida
Cada qual tinha as mãos dadas
Numa ilusão acompanhada
O inverno vem
E frio traz uma versão vazia em nossas casas
Os velhos bancos de madeira
Há muito se tornaram cinzas
No calor da fogo há companhia
Verdadeira e quase que tão passageira
Quanto as mãos que seguraram velhas mãos
Não tem mais quadros na parede
Não há porque encher os cântaros
O inverno carregou também a sede
Ainda resta alguma coisa
E ela só presta pra queimar
Dentro em bem pouco
Quando anoitecer no quarto morno
Do forno triste desse inverno interminável
Que existe sim, pra todos nós
Dentro de cada um
Esperando apenas pelo escurecer.

Edson Ricardo Paiva.

⁠Esqueça a vida e cresça
Essa história começa
Quando o deus-Sol questiona a Deus
Se deveria concentrar sua atenção
Mais ao atol, perdido no infinito
Ou se ao varal onde, estendidos meus lençóis
À luz do dia refletiam sonhos tão bonitos
Invisíveis aos olhos de ver
A dúvida da estrela
O olhar de Deus
Sonhos de linho
Espinho que se pisa sempre que se pensa
Estar vivendo a vida como a vida quer
Esqueça a vida e viva e deixe
Que um feixe assim, de luz, ilumine
Seu sonho esquecido, indivisíveis sonhos meus
A luz do dia, vida uma oração
Eu sei que o mundo me esqueceu
Porém, Deus não.

Edson Ricardo Paiva.

⁠Os passos que se ouvia
Eram tanto, eram muitos
Porém, jamais suficientes
É preciso um pouco mais que isso
Não bastasse Deus aparecer num sonho
A face oculta da noite nada apagou
O compromisso ali firmado não valeu
Eram tanto, eram muitos
Eram todos do outro lado
E, se houve porventura, algum laço
Esse, há muito foi rompido
Sigo só no meu caminho
Na graça de Deus, esquecido
Foi preciso um pouco mais que eu
E muito menos de mundo
Face oculta e breu
Passos na calçada
Vozes que não mais se escuta
Uma espécie de conhecimentos
Cujos quais...careces
Casas, cujos nem telhados
De longe de vê
Lugares onde nunca estive
E nem nunca irei
Esqueça a vida e cresça
Há muito a vida esqueceu você.

Edson Ricardo Paiva.

⁠"Aparadas as arestas
Pouca coisa resta
E o pouco que restou
Não presta"

Edson Ricardo Paiva.

⁠E fez-se a primeira noite
E desde a primeira noite, o frio
E fez-se o arrepio e nascem os sonhos
Em algum momento perdido, o calor
Inventando um novo invento
E veio o rio das horas
E veio a demora
Com o tempo que passa depressa a flutuar
E a folha que cai e que vai-se à toa
Ao arrepio da hora boa
E nasceu assim a lembrança
E o medo do fim
Como receio da noite vindoura
E da dor a lição
Assim fez-se a pressa, a que cessa num momento
Que é coisa a aprender-se depressa
A vida que escoa entre os vãos
Mãos vazias que acenam
O sempre olhar pra trás antes da curva
Até o dia de não nunca mais se ver esse olhar
Assim fez-se a madrugada, a alvorada
O outono que chega
A bruxa do tempo que ri só pra si
E assim fez-se a noite e a escuridão
Tão negra quanto o coração que era
Esperar no portão pelos passos que não mais escuto
E assim se fez a última noite
O longo tempo, que afinal
No final se fez tão curto.

Edson Ricardo Paiva.

⁠Não me alegra
Nem me traz alento
Chega e penso em me deixar
Não que isso seja uma regra
É só o preço da vida
Me contento
Tem dias que o pensamento carrega
Tem dias que é o vento
Sim, tem dias que venta ainda
Não me alegra, nem me alenta
Tem dias que arde o sol
Noutros caem folhas
E que a tarde cinza fica linda.

Edson Ricardo Paiva.

⁠A vida era
Toda ela, um vaso de alabrastro
Um prazo que não venceria
O Sol na chuva, era alegria
Era a felicidade, a verdade sobre a mesa
Um astro de primeira grandeza
Era harmonia
Comedida em seus excessos
Ah, essa era a vida, ela excedia
Não era, ela não era não
Era uma mão que se escondia
Oculta com propriedade
Tangia as cordas da vida
De modo tão perfeito
A justa forma ela imitava
A gente se iludia tão perfeitamente
O vento leve, o tempo breve
O espelho que não se mostrava
Era a vida uma centelha
Um prazo que nos vencia
Ele venceu
Essa era a vida
Este sou eu.

Edson Ricardo Paiva.