Coleção pessoal de editorafaces

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A indiferença é perversa, desumana. Dói por ser invisível, indolor e aparentemente inofensiva. Ela anula a possibilidade de relação ou mesmo conexão. Ao contrário do ódio, que cegamente impede relação, mas que, emocionalmente, pode se tornar o elo de ligação entre pessoas e grupos.

Se quiser ferir alguém e ser bastante cruel, seja indiferente. O problema é que, se o outro realmente te afeta de alguma maneira, é difícil torná-lo invisível, ignorando-o com naturalidade e sem esforço. Porque o afeto provoca emoções. Emoções do corpo, mas principalmente da alma.
Não é à toa que o escritor francês Favart disse que "a indiferença é o sono da alma".
Há que se escolher entre a vigília do ódio ou o sono da indiferença. Boa escolha.

Atualmente só quero o extraordinário, ardente e, ao mesmo tempo, muito bem definido, principalmente pela sua intensidade. Sim, quero tags em toda e qualquer relação.

Assim como precisamos nomear coisas animadas e inanimadas, incluindo bebês, gatos e cachorros, definir funções e atribuições, e classificar e escalonar afetos, precisamos colocar tags nos relacionamentos - amigos, namorados, relação aberta, fechada, com benefícios ou não.

O sonho é a crença e esta última é o combustível para mobilizar equipes, contagiar funcionários, despertar talentos e, de maneira transparente e justa, fazer todo mundo participar dos resultados, pecuniários ou não, imediatos ou não.

Queria um desfecho épico para o Brasil como a música que entoei ao ler o texto do Luiz Eduardo Soares: menos desigualdade, menos assistencialismo, menos hipocrisia, mais empatia à dor do outro, menos fome e sede, mais Educação e mais harmonia no final.

Não é fazendo política assistencialista (dando o peixe em vez de ensinar a pescar) que a solução está dada. Dar o peixe não transmite saber. Não é ensinamento. Quem dá o peixe continua detentor da expertise da pescaria.

Enfim, liberdade é cara e seu preço não pode ser o mesmo de uma caixa de Prozac. Se para Sartre, somos condenados a ser livres, transformemos essa condenação em algo que faça esse ônus valer o bônus. Ou vice-versa.

Minha sensação hoje é a de que a tecnologia da modernidade nos trouxe uns óculos monocromáticos e só enxergamos o que está na superfície, o que vem fácil. Sinto-me às vezes no meio de uma legião formada pela alegria instantânea e felicidade fútil. Não se pode perder nada. Aqui onde queremos estar, não há estresse, sacrifícios ou perdas.

Não há mais espaço pra melancolia, pra perda ou sofrimento. A gente sofre clandestinamente, sem se sentir legitimado a sentir tal dor.

Todo mundo quer o bônus da liberdade, ninguém quer perder nada. O efeito Prozac se prolongou além das fronteiras patológicas. Todo mundo quer ser feliz rápido e sempre.

Sentimos saudade da gente mesmo. Sentimos saudade do que sentíamos naquele passado ou de como éramos. O tempo é algo inexorável, incorruptível, inegável: ele chega e te dá a noção perfeita da irreversibilidade, da irrecuperabilidade. Por isso a saudade se torna algo tão ou mais forte do que estarmos apaixonados. Trata-se de querermos a nós mesmos de volta.

Privacidade tá difícil. E porque a gente quer. É uma onda e estamos todos dentro dela, com a real sensação de que estamos descendo a onda ou dando um cutback. Quando na realidade, podemos estar nos afogando.

Penso na minha quase automática rejeição aos clichês em geral e em como caio no poço fundo da incoerência quando se trata de amor.
Amor é clichê universal, mas como não o ser? Como achar soluções pra muita coisa (quase tudo) sem se recorrer ao amor?
Escrever sobre amor será sempre um clichê. E daí?