Coleção pessoal de DiegoLelis

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⁠Ah, quem dera a vida fosse outra,
Sem muros ou cercas,
Sem guardiões e descabidos horários.
Sem frias regras e olhares condenatórios.
Ah, quem dera a vida fosse outra!
Não desgrudaria de você
Seríamos café partilhado, almoço servido e jantar rendido.
Seríamos olhar demorado e abraço apertado.
Mas, como a vida é essa, te amo assim:
Além dos muros,
Mais forte que as cercas,
Driblando os guardiões
E desobedecendo aos horários.
Só para ao teu lado, ainda que por alguns instantes,
acreditar que é possível um amor
que faz o coração da gente bater mais forte.

⁠Nunca me dirigiu a palavra amor!
Me alimentou, cuidou da minha febre,
fez xarope amargo para sarar minha gripe,
tratou com mertiolate, sopro e riso os meus joelhos esfolados.
Segurou minha mão e caminhou comigo!
Perto da morte acelerou o coração ao me ver.
Se foi sem me dizer uma única palavra!
Me ensinou a amar e, sem palavrórios, me fez gente.

⁠Uma tontura no meio da rua, a vista turva, o corpo molhado.
Valei-me, Deus! Morre-se!
Passou.
Uma reza comprida, outra tontura!
Menino, que você tem?
Nada não, passou.
Um café, uma parede, outra pessoa, outra tontura.
Menino, tonteou?
Foi, mas já passou.
Um médico, um sorriso amarelo, um diagnóstico.
"Moço, é só coisas do coração, não mata não".

⁠As ladainhas desentoadas,
o latim mal sabido,
a batida seca da máquina de costura,
as linhas de bordado,
os papéis de seda e os velhos riscos de ponto cheio,
cheio de amor, cheio flor e ramos de tudo que é cor.
A janela e a roseira branca.
Oh mãe! Oh minha mãe!

⁠A gente inventa a beleza para esquecer a tragédia,
a gente inventa o amor para apagar a ausência.
A gente inventa a vida para esquecer a morte
e na morte reinventamos a vida.
Reinventamos a beleza, no amor e na vida.
Assim, seguimos vivendo, morrendo,
revivendo e reinventando com um único fim.
Viver para amar e amar para viver.

⁠Aquela rosa de papel crepom, colorida como o telhado em dia de novena
As novenas com suas tocadas, ladainhas e leilões
a porta, a janela, a mesa e suas cadeiras com acento de couro
Tudo se foi...
A rosa desbotou,
as novenas silenciaram,
a porta está cerrada,
a janela não tem mais o sorriso dela,
a mesa e as cadeiras se foram como herança.
Agora tudo só existe em um lugar:
Nas lembranças da minha saudosa alma.
Nao é mais a rosa,
Nao é a novena, ladainha e leilão.
Distante da porta, da mesa, das cadeiras...
Mas junto de ti... feito ela, junto ao coração de seu Filho.

⁠Um olhar; nos percebemos
Um sorriso; nos aproximamos
Um abraço em dia de festa; nos abrimos ao outro
Duas vidas partilhadas; nos amamos!

⁠Entre um café e outro;
Entre um sorriso e outro;
Entre um projeto e a realização, morre-se!
Entre um abraço e outro;
Entre uma lágrima e outra;
Entre um domingo ensolarado e um chuvoso, vive-se;
Entre o nascer e o morrer, humaniza-se.
Oh vida, oh finitude, oh vida boa!

⁠Minha alma está cansada!
De tão cansada, que anda rebelde.
Não aceita palavras vazias,
não adere a barulhos sem sentido,
não retribui pseudos abraços
não mais sorri para o que não achou graça.
Em silêncio, quando estamos só nós dois,
sem barulhos, sem ruídos e máscaras,
me diz: “não quero, não gosto, não aceito”.
E eu, obediente como sou, aceito o seu cansaço,
acolho a sua rebeldia e digo: por hoje não mais contrariarei a tua vontade.

⁠Por muito tempo achei ser possível viver sem sofrer. Corria, me esquivava, me encolhia, segurava na barra da sai de mãe e dizia: olhe, vou chorar!
Depois mudei, mas só o jeito. Não lia jornais, não falava da vida, não chupava limão e dizia não amar, pois homem de verdade não podia chorar.
Agora tudo mudou. Leio tragédia, assisto romance, mãe já se foi, tempero salada com limão e por vezes até choro. Aprendi que a vida é boa, mas é também sofrimento e ilusão.

⁠Quando enfim, teu sopro de vida vier revisitar minhas narinas, eu pó da terra, obra de tuas mãos, tudo serei em Ti, Senhor. Serei tudo que com o coração saudoso de eternidade desejei. Desconstruirei minhas insanas certezas e contemplando a Verdade, serei puro mistério de amor. Eu criatura, Tu Criador. humano e Divino, rio e Mar, silêncio fecundo e Palavra Poética de Vida.

⁠Setembro chega feroz,
perfuma os meus dias,
explode em cores-branco, amarelo e rosa-,
borda com vida minhas calçadas e enche de amor meu coração já cheio de agosto.