Coleção pessoal de comamor

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Em alguma página perdida por aí tem escrito, com letras tuas, que eu tenho o dom de lhe fazer feliz e que será assim pra sempre. Não nego, não tenho dúvidas disso, pois também é certo o seu dom eterno de me fazer sentir inteira, mesmo com o coração em pedaços.

São músicas, sonhos e cheiros tão seus que obrigatoriamente também me pertencem.

Embora eu bem saiba que essa perda já é fato consumado custo a aceitar que seja pra sempre, não por pretensão, mas por achar injusto o desperdício de todo esse amor que lhe tenho.

Tenho te homenageado em silêncio. Como lembretes que o coração envia a mente, deixando claro que ainda lhe pertenço.

E tem alguma coisa perdida em qualquer lugar dessa nova página que diz que de uma forma ou de outra, isso dará um belo texto. Um texto doce, causador de risos. Quem sabe um dia vire livro...

E agora você está aqui, uma frase bonita que não sai da cabeça, que se encaixa no meu atual contexto e que diz exatamente o que me faltava ouvir.

Um motivo, banal ou não, seria suficiente pra desencadear textos antigos, se é que você me entende.

E depois, não muito depois, vou deitar no lado da cama que você costumava ocupar, e cantar baixinho "Não me deixe só aqui, esperando mais um verão".

E eu poderia até fazer promessas, mas já passei da fase em que se diz mais que o que convém - não prometo nada que eu não possa cumprir.

Fica então o fiozinho de memória gritando algo na cabeça sobre o tempo que passou e parece ter sido ontem, deixando claro que eu esqueci muita coisa e outras até nem parecem ter existido, mas do teu corpo eu lembro.

É que o frio toma conta de todos os meus dedos, que costumavam estar aquecidos só de tocar teu corpo.

Hoje são mais trovões que água, mas a água que cai certamente daria conta de banhar nosso amor.

Só não esqueça de esconder os olhos, ainda que não queiram, eles tendem a falar. E não mentem!

E com esse orgulho desmedido e esse medo da verdade vai levando, vivendo recomeços de mentirinha e sorrindo pra que ninguém descubra essa falsa felicidade.

Porque pegar o telefone e falar a quem se deve é insuportável. Porque bater na porta de quem realmente interessa parece impossível.

E vai fingindo que não se importa, porque é assim que deveria ser, mas tanto leva em conta que não sabe como esquecer e ao tentar fingir que não, só consegue deixar transparecer.

Vai levando essa angústia triste, vai seguindo um caminho longo, até encontrar um consolo numa companhia que nem sempre agrada, mas ao menos ilude.

E em conversas como essa, quando as verdades são ditas sem perceber, é impossível não falar do amanhã que nunca chega e do ontem que nunca passa.

A gente fica aqui, parado no tempo, enquanto a vida segue e a gente não sabe se vai conseguir. Não sabe por saber do quanto a falta ainda machuca e de como fica cada dia mais difícil ouvir aquela música que não tem tua voz, mas diz exatamente o que você não tem forças pra dizer.

Então a gente foge. Foge porque num primeiro momento a fuga é o melhor remédio. E se esconde das músicas, lembranças e de tudo o mais que volte a fazer do passado ferida presente. Vai buscando abrigo numa voz diferente, num beijo que não toca mas engana, num abraço que não sacia mas conforta.