Coleção pessoal de Acirdacruzcamargo

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VIOLÊNCIA: IDEOLÓGICA, FÍSICA E MORAL - "...toda e qualquer pessoa que sofreu violência merece reparação e apreço, e o ato merece condenação, qualquer que seja a sua fé religiosa ou convicção política". (História da história nova)

HISTÓRIA E ARROLAMENTO DE FATOS - "Os meros arrolamentos de fatos, pois, por mais numerosos que sejam os fatos arrolados, e por mais precisas que sejam suas preferências particulares (lugar, tempo, personagens), não pertencem aos domínios da História, não fazem a História".

HISTÓRIA E MONARQUISMO - "O grifo é do autor: significa que Deodoro não queria proclamar a República, que, assim, resultaria de simples acidente, tese cujo sentido é inequívoco. Na maioria de seus elementos, aliás, a cátedra de História representa o último reduto monarquista em nosso país" - (História e materialismo histórico no Brasil: 14-15)

"Modifique-se o nosso pacto social, mas conserve-se a essência do sistema adotado. Faça-se tudo quanto é preciso, mas evite-se a revolução" - Álvaro Vieira Pinto - (Consciência e Realidade Nacional: 138)

"Ninguém deseja mais do que nós as reformas úteis, mas ninguém aborrece mais do que nós que essas reformas sejam feitas pelo povo"

"O pluralismo da ideologia da direta pressupõe uma unidade substancial profunda, inabalável: todas as correntes conservadoras, religiosas ou leigas, otimistas ou pessimistas, metafísicas ou sociológicas, moralistas ou cínicas, cientificismo ou místicas, concordam em um determinado ponto essencial. Isto é, em impedir que as massas populares se organizem, reivindiquem, façam e criem uma verdadeira democracia". (Consciência e Realidade Nacional: 137)

Professores de Língua Portuguesa - utilizem os sonhos dos seus alunos para produção de texto e ensino de gramática em sala de aula. Primeiro, solicite que tragam escrito, manualmente, o relato daquilo que sonharam na semana, no dia anterior ou algum sonho que os tenha impactado. Depois, escolha na sala alunos-revisores do sonho e por fim, discuta e debate os sonhos que forem possíveis nos 50 minutos de aula. Vocês estarão valorizando a história subjetiva dos seres humanos que constróem o mundo junto com vocês em sala, poderão conhecer os alunos e seus comportamentos e finalmente, terão material para ajudá-los em seus desafios para equilibrar suas personalidades. Vamos nessa?

FALSO ORGULHO, FRACA AUTORIDADE - outro problema na Universidade é o da hierarquia. Lembro-me de uma ex-funcionária que gostava de me dar ordens grosseiras por telefone. Como não lhe reconhecia a voz, perguntava de quem se tratava e ela, asperosa, berrava: "Sou Fulana da REITORIA". Bem, nem da Reitoria era, estava no terceiro ou quarto escalão. Certo dia, cansado, resolvi atendê-la com mais rigor e arquitei uma saudação bem fraterna nas ruas da cidade, onde, frequentemente, nos encontrávamos. Acabou a novela. Há quem se ache que a Pós-graduação é mais importante que a graduação. Eu não penso assim. A Universidade jamais fechará os cursos de graduação e manterá os da pós-graduação. O mais importante da universidade são seus alunos e o povo que nela não está, depois TODOS nós, sem hierarquia.

A juventude é revolucionária, palavras de Nelson Werneck Sodré. O intelectual é aquele que busca fundamentos sólidos de seus pontos de vista no arcabouço cultural do pensamento social em toda a história da humanidade, intervém no mundo através de todos os meios possíveis e é realista, sabe como pode e quando intervir na realidade. Um intelectual é prático e não fantasioso.

Na sala de Coordenação da Licenciatura em Ciências Biológicas da UEPG, terça-feira passada, um dos Coordenadores do DCE-UEPG discute com a Coordenadora um projeto de Curso pré-vestibular popular para estudantes carentes. É de se emocionar. A iniciativa é das mais significativas. Os estudantes assim, respondem ao povo brasileiro o investimento público em educação. Uma boa universidade se faz no encontro com as necessidades da população brasileira, especialmente aquela esquecida pela escola elitista. A atitude daquele Coordenador do DCE contrasta com as notas absurdas e desconcertadas da ACIPG, as cervejadas de outros e o conteúdismo alienante do ensino brasileiro. 14.10.2017.

Nos reunimos para debater política nacional, estadual e municipal. Maravilhosa conversa! O centro dela foi a história que vai sendo construída pessoal e políticamente pelo Deputado Federal Aliel Machado. Perguntamo-nos por que Aliel não encontrou espaço no PT local, a propositada tradição petista local em não permitir broto de novas lideranças. E o drible dado por Aliel à essa teia. Especulamos sobre o rico e venturoso aprendizado sociológico e político , empreendido pelo jovem Aliel a partir da convivência próxima com deputados de origem carioca. A História lhe entregou numa bandeja, desmoralizando as raposas que tanto o achincalharam pela posição anti-golpista assumida por ele em agosto de 2016. Os fatos demonstraram que o golpe foi articulado e a substituição foi danosa e lesiva à sociedade brasileira, especialmente á pobre e a trabalhadora, além de desmascarada pela trupe corrupta que a Reação colocou nos Poderes

QUANDO CHEGAR A HORA DE DESTRANCAR O EITO.
É PRECISO MUDAR, MUDANDO-SE. Trabalhei numa escola dirigida pelo Professor Nickell. Depois de quase 8 anos no cargo, me pediu que redigisse seu pedido de demissão. Estranhei e sugeri que reconsiderasse sua decisão visto que a escola caminha bem sob sua administração. "Não, Acir! É preciso que novas idéias e métodos tomem conta da escola. Sou eu quem deve constatar a hora de sair e não deixar que os outros descubram que sou um estorvo". Pedido aceito pelas autoridades educacionais, ajudei a retirada de seus pertences do Gabinete. Destrancou o eito, como dizia, minha avó Rosa. Nunca mais entrou no gabinete mas contribuiu para o bom andamento da escola por longos anos. Difícil entender e aceitar quando devo sair de cena, dar lugar ao outro, cumprir reduzido papel e oportunizar que o colega brilhe e se arrisque num novo plano.

Sempre que sinto falta de uma família, vou almoçar no Bar da Reni, na Rua Mato Grosso, Ponta Grossa.

Nenhum sofrimento físico ou psicológico que passe à minha volta não me deixa impressão e marca. Gostaria que as pessoas sofressem menos ou fossem vitoriosas.

Alguns dos que me conhecem terão razões para decepcionar-se e saber que nem sempre, não em tudo, contam comigo. Eles só precisam entender e dizer o porque e no que não podem contar comigo.

O traficante não é um ser humano. É um sujeito carrasco e capitalista que se serve da idiotice dos outros para explorar o próximo, financeira e moralmente. Não trabalha mas vive do trabalho alheio. Escraviza não apenas o usuário mas seus familiares e amigos.

Um dia Jaqueline me chamou de lado,mostrou-me um garotinho que vendia cochinhas nos corredores da Universidade. Disse-me que alguns diziam que ele era explorado pelos pais e que, por gostar de ajudar as pessoas, devia me aproximar dele. Passando pelo Ponto Azul o via diversas vezes. Fiz daquela passagem o meu costume. Tempos depois, ia comprar chineque na Panificadora próxima do Colégio Júlio Teodorico. Encontrava o garoto pela Balduino. Namorava escondido e queria saber se eu condenava o relacionamento ou compreendia. Disse que ele poderia se encontrar em minha casa enquanto eu estivesse no trabalho e que também poderia assistir sua novela aqui. Dei-lhe a chave. O tempo se passou e o jovem decidiu sair da casa dos pais, tão terrível que estava a situação, dizia. Um domingo de manhã me telefonou dizendo que estaria com suas coisas próximo do BIG e que se preciso fosse, dormiria com elas na rua. Disse-lhe que poderia vir para minha casa, perplexo com as consequências. "Só que tem um porém, tenho um gato". Ambos vieram e passei a gostar de gatos por querer bem o jovem que agora seria companheiro de teto.

"Todas as semanas, praticamente, tenho sonhos com minha falecida avó. Sempre vejo o rosto e o comportamento de Dona Rosinha sereno, alegre e me abraçando. Não fala nada. Está num silêncio.

Eram três, Conheci, Gratidão e Saudade. O tempo envelheceu Conheci, Gratidão nunca quis entrar e sumiu. Saudade foi a única que entrou, ficou e está de cabelos branquíssimos.

“Naquela altura, tudo denunciava o agravamento da situação brasileira, com o aprofundamento das contradições de uma sociedade em que o velho e o novo convizinhavam e defrontavam-se violentamente. O aspecto mais evidente, por essa época, estava justamente na violência que presidia o processo histórico e que era pouco habitual na vida brasileira. Nela surgiam, agora, e surpreendiam, traços antes desconhecidos, que haviamlevado alguns ingênuos a levantar teses superficiais, como a da cordialidade natural de nossa gente, de nossas mudanças sem lutas. Quem estudou a nossa história sabe que tais teses não encontram nela qualquer confirmação: as violências da repressão, em 1817, em 1824, em 1848,em Pernambubo, como na Cabanagem paraense, como nas lutas sulinas, como na repressão a levantes mais recentes, do início da República, desmentem tais teses. Agora, a violência reaparecia, no plano político.”

Nelson Werneck Sodré – A ofensiva reacionária