Vitória Missiaggia

Encontrados 7 pensamentos de Vitória Missiaggia

⁠Para quem escreve, sentir saudade é algo obsoleto.
Talvez tu sintas falta de algum momento, gostaria de revivê-lo, voltar no tempo e aproveitá-lo novamente, ou, quando se trata de casos mais delicados, poder ter a chance de reencontrar alguém que, diferente de nós, não possui mais o pulsar ardente, forte, alastrando energia pelo inteiro corpo. A sensação de saudade não passa de uma nostalgia melancólica, infantil, carregando consigo, mesmo que no fundo, uma tristeza árdua de aceitar e uma irrealidade fácil de se perder. Seria rude a escritora relatar que não sente saudade? Contudo, explica, ela sente algo mais simples, o desejo de cada vez mais compartilhar diversos momentos com estas pessoas, viver incansavelmente novos e únicos instantes, sem esquecer as gratas memórias, porém, acreditando que o futuro guarda muitas outras melhores histórias.
Uma Poeta Entre a Porta e a Gaveta. Janeiro de 2021, das loucuras de acreditar que não sinto saudade.

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⁠[…] E as roupas, os mais coloridos retalhos de pano com os quais você me ensinou a criatividade e a renomada moda feminina, uma das grandes paixões que compartilhamos. E como não bastavam as diversas saias, e adornos, o ponto cruz foi um dos primeiros que aprendi e, mesmo não mantendo a prática, ainda me recordo muito bem seu método.
As incansáveis visitas ao teu closet para analisar algumas peças novas, ou tentar achar teu vestido de noiva, provar alguns dos teus mais maravilhosos casacos ou simplesmente provar os saltos, de alguma forma, me trazem uma recordação tão boa, um estilo tão único e nosso, que ninguém a não ser nós, entenderia do que se trata... uma moda clássica, com as mais variadas estampas, simples porém é o que denominamos: “chique do último”.
A Uma Fiel Escudeira: o que me ensinas?! Cartas de Agosto de 2021, para minha eterna Sancho Pança Ma.

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⁠Gravata Borboleta
O amor não é terno se não houver gravatas
É necessário um aperto
Um nó
Dobradura feminina
Que preza não somente pela beleza mas também pelo afeto
É a garantia do limite
Guardando a fileira de botões
Escondendo as imperfeições
Que mascaram o fim
Por isso, que o amor seja terno
Mas com gravatas borboletas…
De preferência, listradas
Apertado, mas liberto
Dobradura feminina
Sem guardar botões
Deixando-os voar sobre o tecido
Prezando a personalidade
Desmascarando um melancólico fim
Cartas à Dom Pedro II, antes de renunciar ao trono. Abril, 2022.

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⁠Mamãe Sementinha
Perguntaram-nas qual era o sentido de ser mãe
E eu como mera Sementinha, fiz-me de planta
A ramificar meus pensamentos
Semear estes versos
E chorar as pitangas
Me virar para o orvalho
E sentir seu frio afeto
Como planta
Procurei florecer em mim essa paixão imensurável
De possuir um fruto
Colorido… chamativo
Um fruto que respira
E que de noite clama bem alto:
Mamãee
Um fruto que cantarola o 1,2,3 (Do qual os passarinhos adoram escutar)
Eu sei que ainda sou sementinha
E sobre o fruto… eu somente o colhi
Culparemos o orvalho frio e as pitangas
Que enquanto chorava, também as comi
Poeminha avesso dedicado a minha mamãe planta e a outra sementinha semeada. Semana de Chorar as Pitangas, Maio, 22.

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⁠Meu único alvo de museu, foi uma menina esperta
Do qual eu sabia que seria a única
A entender meus traços
Minhas conjunções e versos
Aquela cujo sangue é de tinta
E que nos lábios falaria sobre artes
Marcaria seu nome no verso das folhas
Com uma letra estranha
Imitando Descartes
Poeminha dedicado aos riscantes bizarros, em especial ao meu primeiro alvo de museu. Abril, 22.

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⁠Braços de Gancho
Te imaginar em outros braços me deixa condenada
Presa a uma sentença curta
A um verso imundo
Num universo repleto de covardia
Figurar teus contornos ligados em pontos
Sabendo que não sou nem o lápis que os faz
Nem a borracha que os apaga
Muito menos a caneta que os marca
Não sei se me fiz de escada
Para vos subir e aprender com os degraus
De lanterna
Para iluminar ou fornecer clareza
Ou de bússola para te orientar
Talvez eu tenha sido uma pirata,
Navegando por entre os teus pensamentos
Sempre em busca de terra firme
Para poder enfim
repousar os pés no chão…
Uma Poeta Entre a Porta e a Gaveta, observando pela janela. Abril, 22. Pensado dentre algumas aventuras de piratas.

⁠As extremOs
Ela dança, se solta, se arrisca, se divide pelos outros... Quando olho para a pequena menina, meus olhos ardem com o demasiado brilho que apresenta. Enquanto ela escuta seus funks, prefiro a minha zona de conforto, o caloroso jazz e clássicos. Enquanto ela dança, eu permaneço sentada. Ela é a euforia pura, a mais animada e cativante, enquanto eu, eu sou apenas uma menina ambulante.
Ela me ensina a “festajar”, a experimentar o que nunca provei e me deixar levar pela melodia. Essa pequena menina tão sapeca nem sabe o quanto me alegra. Eu chamaria de extremos, uma quieta a outra inquieta. A minha única dúvida é: quem será a mais poeta?
Parágrafo para a menina fuzuê. Fevereiro, 2019, nas semanas de festa e calmaria.

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