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⁠Coração Baiano

Minha Bahia é terra de luz, e carrega a mais pura ancestralidade, o negro na Bahia é rei, e Salvador reluz toda a sua grandiosidade, seja na cultura, ou em religiões Afro-brasileiras, desde o Catolicismo ao Candomblé, o peito baiano é movido pela fé.

Pois a cada batida que é dada no tambor o meu peito grita axé, seja no toque do berimbau, agogô ou afoxé, meu coração é baiano e não deita para qualquer migué.

Não sou eu, somos nós, quase sempre discriminados, descritos em novelas e por outros interpretados, sou baiano sim, mas esquecem nosso dialeto, não existe só "meu rei" e "oxente", temos nosso próprio idioma, é, isso é coisa da gente.

De Caetano a Léo Santana, Bethânia e Ivete, a minha alma salta ao som de vozes baianas, e não, não é coisa de pivete, sou composto pelo Pop, Pagode e MPB, meu coração é baiano e é baiano no dendê.

Ponte Metáfora

⁠Para alguns, uma grande construção divina, para outros, uma desconstrução de vida, ponte turística com um engenho magnifico, sua beleza mantem grande porte, mas qual o motivo para que muitos a vejam como um passo para a morte?

Sua grandeza vai além de uma simples ponte metálica, afinal qual a sua grande metáfora? Atravessando o São Francisco, dividindo dois estados, quantas vidas serão perdidas para entender o que há de errado?

Para autores serve de inspiração em novelas, filmes e seus roteiros, mas para um suicida? Talvez pareça um ponto de saída, afinal, nunca saberemos de fato se é uma ponte metálica, ou uma ponte metáfora entre a morte e a vida.

Pensar e Existir

Pensar e existir, uma união divina
A mente em movimento, o corpo em sina
A vida que pulsa, a alma que respira
Um novo olhar sobre a importância do ser, que inspira.

Ser é mais do que estar, é sentir, é viver
É transcender o tempo, é aprender, é crescer
É encontrar a essência, o propósito, o porquê
É ser livre para sonhar, para criar, para ser.

Pensar é o caminho para a evolução
É a arte de questionar, de buscar a razão
É a busca pelo conhecimento e pela emoção
É a chave para abrir as portas da percepção.

Existir é um presente, é uma dádiva divina
É a oportunidade de ser, de fazer, de transformar
É a chance de deixar a marca, de deixar a sina
É a possibilidade de amar, de se doar, de se entregar.

⁠Antiga Paulo Afonso

As ruas estão vazias e caladas,
Não há mais o burburinho da multidão,
E as casas antigas e cansadas,
Lembram tempos de glória que já se foram.

As águas do rio já não correm tão fortes,
E as usinas já não geram tanta energia,
Tudo parece ter perdido o suporte,
E a cidade se afunda na melancolia.

Oh, antiga Paulo Afonso,
Onde está a alegria que um dia existiu,
Que a luz da esperança possa um dia,
Iluminar a cidade novamente e trazer-lhe o brilho que se perdeu.

⁠Noites escuras

Nas noites escuras das praças da cidade,
Os jovens vazios se reúnem em bando,
Sem rumo, sem causa, sem nenhuma piedade,
E a solidão os envolve num abraço profundo.

As luzes dos postes lutam para iluminar,
Mas a escuridão é mais forte e persistente,
E as sombras se alastram sem cessar,
Numa dança sinistra e envolvente.

As vozes ecoam pelo ar,
Mas não há nenhuma mensagem a transmitir,
Apenas o vazio a se propagar,
E a solidão a se multiplicar sem fim.

⁠Depois de Tanto

Depois de tanto chorar em baixo do chuveiro, me dei conta de que um bom banho gelado leva tudo embora.

Leva aquela angústia que sentíamos minutos antes de ligar o chuveiro, e pelo ralo minhas lágrimas se vão.

Depois de tanto grito preso na garganta, tudo saiu em um enorme soluçar de choro descontrolado.

⁠Não te Pertenço

Tuas canções até hoje me perseguem, o eco da sua voz repete todas as suas promessas que foram invalidadas pelo laço rompido.

Teu carinho machucava meu corpo e o teu abraço me sufocou até o último segundo, minha respiração já não ficava ofegante ao te ver.

Nossos caminhos entraram num eterno e dolorido vai e vem, até o dia que cansei, você tentou voltar, porém eu não era mais o teu lar.

⁠Meu Karma

Duas taças, duas bocas, duas almas vazias tentando preencher o espaço com falsas ilusões.

Duas vezes que tentamos obter a conexão, e cá estamos nós novamente presos por um eterno Karma.

Dois espíritos destinados a se encontrarem em todas as vidas, mas nunca permanecerem juntos.

⁠Morte ilusória

Se na vida temos tudo, na morte tudo se acaba.
Conte lá que eu conto cá, poemas no fim da estrada.

Ainda resta uma esperança que a morte seja uma invenção, uma coisa tão estranha e também sem explicação.

Há quem diga que nossa alma já ganha tão salvação, e quem diga que o nosso espírito vagara na solidão.

⁠Quanto tempo dormi?

Levantei e me olhei no espelho e notei umas coisas estranhas, umas rugas e marcas, quanto tempo eu dormi?

As primeiras dores começam a surgir, seja no amor ou nas costas, o peso do tempo perdido despenca em minha cabeça.

O fardo de não ter tido um amor exagerado como Cazuza cantou me dói a alma, então chorei ao ver os pequenos fios brancos em minha fronte.

⁠Doce Lar

Eu simplesmente perdi a conta de quantas vezes minha pupila dilatou ao te ver, e não importava se era a quinta vez no mesmo dia, ela brilhava na mesma intensidade do teu sorriso.

Muitas obras foram criadas, mas eu tive a sorte de ter a arte mais marcante, você é o verdadeiro girassol que Van Gogh descreveu, e agora entendo o motivo dele ter amado tanto.

A curva do teu sorriso abrindo lentamente, aquilo acabava comigo por dentro e por fora, teu abraço quente misturado com o frio da minha barriga me transportava para um doce lar.

⁠Futuro incerto

O futuro é um mistério, um enigma sem fim,
E nele muitas vezes encontramos medo dentro de nós,
Com ansiedade e incerteza, a mente fica em agonia,
Procurando respostas que parecem impossíveis de alcançar.

Às vezes, nossos sonhos parecem tão distantes,
E o medo nos impede de alcançá-los,
Nos fazendo questionar nossas escolhas e decisões,
E nos deixando com a sensação de que estamos perdidos.

⁠Invisual

Sem movimento na praça.
Cem pessoas em falta.
Sem lua.
Cem ruas, cada uma um mistério, Ceasa, cê acha? Se acha então me fala.

Não vejo, não ouço, não sinto, minto! Sinto muito, muito é o silêncio devastador.
Bancos vazios, almas sentadas, sem cara, cem caras? Observo e me desligo.

⁠Asilo Juvenil

Rodeado de jovens abandonados pela sociedade, nesse desamparo universal não tão longe da realidade.

Taxados de loucos e fracos, aguentam a barra de lutar contra a depressão, na ansiedade de serem resgatados e abraçados.

Não temos culpa em não controlar a tremedeira nas pernas, é que de uma forma ou outra precisamos esvaziar a mente.

Minha mente é um verdadeiro disco arranhado de vinil, vivendo em busca da saída desse asilo juvenil.