Poemas de Simone de Beauvoir

Cerca de 73 poemas de Simone de Beauvoir

Sou inteligente, exigente e engenhosa demais para alguém ser capaz de se encarregar completamente de mim. Ninguém me conhece nem me ama completamente. Só tenho a mim.

Eu sou incapaz de conceber o infinito, e ainda assim eu não aceito a finitude. Eu quero que esta aventura que é o contexto da minha vida continue sem fim.

Simone de Beauvoir
BEAUVOIR, S. A velhice. 3ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1990

Ela estava pronta para negar a existência do espaço e do tempo, em vez de admitir que o amor pode não ser eterno.

Simone de Beauvoir
BEAUVOIR, S. Os Mandarins, Ediouro - Sinergia, 2006

Que coisa estranha um diário é: as coisas que você omite são mais importantes do que aquelas que você coloca.

Simone de Beauvoir
BEAUVOIR, S. A Mulher Destruída, Unibolso

A representação do mundo é obra dos homens; eles o descrevem a partir de seu próprio ponto de vista.

Na verdade, sou terrivelmente gananciosa – quero tudo da vida. Quero ser uma mulher e um homem, ter muitos amigos e ter momentos de solidão, trabalhar muito e escrever bons livros, viajar e me divertir, ser egoísta e altruísta… Seria difícil conseguir tudo o que quero. E quando não sou capaz de fazer tudo isso, fico louca de ódio.

O casal feliz que se reconhece no amor desafia o universo e o tempo; basta-se, realiza o absoluto.

Simone de Beauvoir
BEAUVOIR, S. O Segundo Sexo Vol 2: A Experiência Vivida, Difusão Européia do Livro, 1967

⁠Nunca se esqueça que basta uma crise política, econômica ou religiosa para que os direitos das mulheres sejam questionados. Esses direitos não são permanentes. Você terá que manter-se vigilante durante toda a sua vida.

Simone de Beauvoir

Nota: Autoria não confirmada.

Sei o que é o amor. Tinha, com efeito, entrevisto algo novo. Meu pai, minha mãe, minha irmã, os que eu amava, eram meus. Pressentia pela primeira vez que a gente pode ser atingida no próprio coração por uma irradiação vinda de outro lugar.

(...) uma acrimônia no vazio é tão perigosa quanto a outra e isto lhe cola ao âmago; e quando estiver na sua frente ela ficará totalmente tomada, sobretudo com a sexualidade, a coisa vai rápido - se quiser terminar essa história, talvez seja possível sem desastre, mas não sem barulho e será preciso muita dureza: diminuir lentamente a paixão nas cartas e dar um adeus frio.

Simone de Beauvoir

Nota: Cartas a Sartre

⁠A vida de uma pessoa tem valor quando ela atribui valor à vida das outras, seja por meio do amor, da amizade, da indignação ou da compaixão.

Simone de Beauvoir
A velhice (1970).

Nada nos limitava, nada nos definia, nada nos sujeitava; nossas ligações com o mundo, nós é que as criávamos; a liberdade era nossa própria substância.

Simone de Beauvoir
A força da idade. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2009.

Mesmo com toda libertação feminina essa grande "paciência" que nos caracteriza não deve nunca acabar. É uma riqueza de infinitos alcances que aumenta os poderes de paz do Universo.

Simone de Beauvoir
BEAUVOIR, S. Balanço Final. Nova Fronteira, Rio de Janeiro, 1982

Se a mulher foi, muitas vezes, comparada à água, é entre outros motivos porque é o espelho em que o Narciso macho se contempla; debruça-se sobre ela de boa ou de má-fé. Mas o que, em todo caso, ele lhe pede é que seja fora dele tudo o que não pode apreender em si, pois a interioridade do existente não passa de nada e, para se atingir, ele precisa projetar-se em um objeto. A mulher é para ele a suprema recompensa porque é sob uma forma exterior que ele pode possuir, em sua carne, sua própria apoteose

Quanto menos eu me reconheço em meu corpo, mais me sinto obrigada a me ocupar com ele.

A humanidade é masculina e o homem define a mulher não em si mas relativamente a ele; ela não é considerada um ser autônomo.

Tesouro, presa, jogo e risco, musa, guia, juiz, mediadora, espelho, a mulher é o Outro em que o sujeito se supera sem ser limitado, que a ele se opõe sem o negar. Ela é o Outro que se deixa anexar sem deixar de ser o Outro. E, desse modo, ela é tão necessária à alegria do homem e a seu triunfo, que se pode dizer que, se ela não existisse, os homens a teriam inventado.

Levando minhas repugnâncias até o vômito, meus desejos até a obsessão, um abismo separava as coisas de que gostava das de que não gostava.

“Julguei que seria resolvido com muita facilidade: é possível conciliar fidelidade e liberdade? E se for, a que preço? (…) Se os dois aliados permitem-se apenas ligações sexuais passageiras, não há dificuldade, mas isso também significa que a liberdade que se permitem não merece o nome que tem. Sartre e eu fomos ambiciosos; foi nosso desejo experimentar amores contingentes. Mas, há uma pergunta que evitamos deliberadamente: como a terceira pessoa se sentiria em relação ao acerto?”

⁠A ação das mulheres nunca passou de uma agitação simbólica; só ganharam o que os homens concordaram em lhes conceder; elas nada tomaram; elas receberam.

Simone de Beauvoir
O segundo sexo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2009.