Poema de Albert Camus

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⁠"Eu parecia ter as mãos vazias. Mas estava certo de mim mesmo, certo de tudo (...) certo da minha vida e desta morte que se aproximava. Sim, não sabia mais nada que isto. Mas, ao menos, segurava esta verdade, tanto como esta verdade me segurava a mim"

A característica do homem absurdo é não acreditar no sentido profundo das coisas. Ele percorre, armazena e queima os rostos calorosos ou maravilhados. O tempo caminha com ele. O homem absurdo é aquele que não se separa do tempo.

Nasce então a estranha alegria que nos ajuda a viver e a morrer e que, de agora em diante, não recusamos a adiar para mais tarde. Na terra dolorosa, ela é o joio inesgotável, o amargo alimento, o vento forte que vem dos mares, a antiga e a nova aurora.

⁠"Se eu tivesse que escrever um livro sobre moral, ele teria cem páginas e noventa e nove seriam brancas. Na última eu escreveria: 'Eu só conheço uma obrigação: a de amar.' "

⁠Se não se acredita em nada, se nada faz sentido e se não podemos afirmar nenhum valor, tudo é possível e nada tem importância.

«Estávamos reduzidos ao nosso passado, e, ainda que alguns de nós tivessem a tentação de viver no futuro, rapidamente renunciavam»

''O homem não é inteiramente culpado, não foi ele que começou a história; nem
completamente inocente, já que ele a continua.''

⁠"Na sua cara um pouco assimétrica, eu não via senão os olhos, muito claros, que me examinavam atentamente, sem nada exprimir de definido. E sentia a estranha impressão de estar a ser examinado, não pelo que parecia mas pelo que era realmente"

A política e os destinos da humanidade são forjados por homens sem ideais nem grandeza. Aqueles que têm grandeza interior não se encaminham para a política.

Albert Camus
Carnets. v. 1. 1962.

Depois disse-lhe muito rapidamente que lhe pedia perdão, que devia ter olhado por ela e que a tinha desprezado muito (...)
- Tudo correrá melhor quando voltares. Recomeçaremos.
-Sim - concordou ela, com os olhos brilhantes - recomeçaremos.
Um momento depois voltava-lhe as costas e olhava através da janela. (...) e, quando ela se virou, viu que tinha o rosto coberto de lágrimas.
-Não- pediu ele com ternura. (...)
Ela respirou profundamente.
- Vai-te embora, tudo há de correr bem. (...)
Abraçou-a e, no cais, agora do outro lado do vidro, já não lhe via senão o sorriso
- Tem cuidado contigo, peço-te.
Mas ela não podia ouvi-lo.

Inserida por dia_marti

«Olhou para a mãe. O seu belo olhar castanho fez subir nele uma onde de ternura.
-Tens medo, mãe?
- Na minha idade, já se tem medo de pouca coisa»

Inserida por dia_marti

...compreendi que agir, amar, sofrer, tudo isso é, na verdade, viver, mas é viver na medida em que se é lúcido e se aceita o destino, como o reflexo único de um arco-íris de alegrias e de paixões, que é igual para todos.

Cristo morreu sem saber… Deixou-nos sós para continuar… mesmo quando estamos na masmorra, sabendo o que Ele sabia, mas incapazes de fazer o que Ele fez, incapazes de morrer como Ele.

A revolta é uma ascese, se bem que cega. Porque o revoltado blasfema na esperança de um novo Deus.

A luta para fazer a pedra chegar a seu cume, basta para encher o coração de um homem

A percepção de que a vida é absurda não pode ser um fim, mas apenas um começo.

Albert Camus
A Inteligência e o Cadafalso e outros ensaios. Rio de Janeiro: Record, 1998.

Minhas noites são sagradas. Como dizem na minha terra: “Não se deve deixar para amanhã”.

Albert Camus
A peste (1947).

⁠O escravo, no instante em que rejeita a ordem humilhante de seu superior, rejeita ao mesmo tempo a própria condição de escravo.

O que era necessário era reconhecer claramente o que devia ser reconhecido, expulsar, enfim, as sombras inúteis, tomar as medidas que convinham.

Mas os dias passam-se sem dificuldades desde que se tenham criado hábitos. Sob este aspecto, sem dúvida, a vida não é muito emocionante. Mas, ao menos, não se conhece entre nós a desordem.