Aceito, em nome de Jesus! Não sei se é... Maria Cristina Marques -...

Aceito, em nome de Jesus!

Não sei se é só comigo, mas tenho a impressão que minha vida se repete, ou situações semelhantes voltam a acontecer, mudando somente a situação de status: ora paciente, ora operante.
Numa ocasião, esperando a minha vez para pegar carona, sentada no meio fio, fui pega de medo e surpresa. O colega da vez bate o dedão para um sedam modelo Fusion e o piloto, mesmo guiando a máquina sozinho, ignorou o pedido.
Doze horas, um calor irritante de setembro, com uma sensação térmica acima dos 40 Celsius. Acredito, numa ação impensada de ira, o colega fez o velho sinal para o condutor de “vai tomar no ...”, o carro já estava a mais de 100 m, mas foi o suficiente para a freada brusca e retorno imediato.
Num primeiro momento, fiquei imóvel, sentada e o máximo que imaginei foi: Elvis está morto e nós somos os da vez. Achei que o cidadão iria nos atropelar pela arrancada que iniciou em nossa direção. Não conseguia me levantar: pensava em correr, deixar o colega ser atropelado sozinho, afinal não tinha sido eu a acenar obscenamente, só estava esperando a vez, como todo agricolino estudante já fez.
Para surpresa, o carro é freado em cima da gente. Abaixa os vidros e diz “Entrem aí”. Ouvi o colega gritando meu nome e um “vai ficar aí é?”. Entrei. Percebi que os bancos ainda estavam todos encapados com o plástico da fábrica. “Desculpas” disse o motorista. “Sabe pensei comigo, não vou deixar esses moleques sujarem meu carro, outro pode dar carona a eles. Você me fez sentir o calor que tava sentido neste sol com sua atitude, percebi que estava sendo egoísta. Desculpas mesmo”.
Tereza de Calcutá, nos ensina que a diferença entre o amor e a bondade está na atitude. A pessoa boa não retribui o mal; e quem ama pratica o bem. Meu colega retribuiu o mal e o motorista anônimo teve a chance de praticar o bem...
Hoje na caminhada noturna diária, passei por uma mãe com seu filho. Num primeiro momento, achei que eles estavam colocando a sacola do lixo. Fiquei com vergonha de olhar, estava na frente de um hotel “chique” da cidade, podia ter mais gente observando, pensei.
Não aguentei. Voltei os olhos e o movimento e percebi que estavam separando o que podia ser aproveitado, afinal no depósito de lixo de um hotel, logicamente, deve ter muita coisa útil.
O menino pálido e magrelo olhou-me singelamente.
Pensei no que tinha visto nos últimos dias na mídia. “Não apoie o Criança Esperança, doe para a APAE de sua cidade!”. Tem uma cultura nojenta neste País, que incentiva a protestar contra o que é bom. NÃO TEM CARIDADE MELHOR OU PIOR. A Pastoral da Criança não é melhor que a APAE, que também não é melhor ou pior que qualquer outro programa ou entidade ou pessoa que doe, ajude quem está vulnerável.