Coleção pessoal de pensoeexisto

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Mas o que quer dizer este poema? - perguntou-me alarmada a boa senhora.
E o que quer dizer uma nuvem? - respondi triunfante.
Uma nuvem - disse ela - umas vezes quer dizer chuva, outras vezes bom tempo...

A alma é essa coisa que nos pergunta se a alma existe.

Há noites que eu não posso dormir de remorso por tudo o que eu deixei de cometer.

Quanto mais fecho os olhos,
melhor vejo...
Meu dia é noite quando estás ausente...
E à noite eu vejo o sol
se estás presente...

Distante assim meu riso é pranto
É lágrima de saudade
De tristeza metade
E metade de encanto
Um tanto felicidade
E amor outro tanto!

Distante assim sou casa vazia
Sou do beijo lembrança
Sem par em dança
Resquício de alegria
Amor que não se cansa
Distância tripudia!

Tão perto assim sou mãos dadas
Um dormir nos braços
Acordar no abraço
De bocas coladas
É um não cansaço
De fazermos nada!

Tão perto assim sou você
Um caso perfeito
Seu corpo, seu beijo, seu jeito
E um medo de perder
Sou amor que bate no peito
Eternidade a me envolver...

Chega de Saudade

Vai, minha tristeza, e diz a ela
Que sem ela não pode ser
Diz-lhe, numa prece, que ela regresse
Porque eu não posso mais sofrer

Chega de saudade, a realidade é que sem ela
Não há paz, não há beleza
É só tristeza e a melancolia
Que não sai de mim, não sai de mim, não sai

Mas, se ela voltar, se ela voltar
Que coisa linda, que coisa louca
Pois há menos peixinhos a nadar no mar
Do que os beijinhos que eu darei na sua boca

Dentro dos meus braços
Os abraços hão de ser milhões de abraços
Apertado assim, colado assim, calado assim
Abraços e beijinhos e carinhos sem ter fim

Que é pra acabar com esse negócio de viver longe de mim
Não quero mais esse negócio de você viver assim
Vamos deixar desse negócio de você viver sem mim

A UM AUSENTE

Tenho razão de sentir saudade,
tenho razão de te acusar.
Houve um pacto implícito que rompeste
e sem te despedires foste embora.
Detonaste o pacto.
Detonaste a vida geral, a comum aquiescência
de viver e explorar os rumos de obscuridade
sem prazo sem consulta sem provocação
até o limite das folhas caídas na hora de cair.

Antecipaste a hora.
Teu ponteiro enlouqueceu, enlouquecendo nossas horas.
Que poderias ter feito de mais grave
do que o ato sem continuação, o ato em si,
o ato que não ousamos nem sabemos ousar
porque depois dele não há nada?

Tenho razão para sentir saudade de ti,
de nossa convivência em falas camaradas,
simples apertar de mãos, nem isso, voz
modulando sílabas conhecidas e banais
que eram sempre certeza e segurança.

Sim, tenho saudades.
Sim, acuso-te porque fizeste
o não previsto nas leis da amizade e da natureza
nem nos deixaste sequer o direito de indagar
porque o fizeste, porque te foste.

Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar. Desconfie do destino e acredite em você. Gaste mais horas realizando que sonhando, fazendo que planejando, vivendo que esperando porque, embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu.

Pelas roupas rasgadas mostram-se os vícios menores: as vestes de cerimônia e as peles escondem todos eles.

A minha consciência tem milhares de vozes, / E cada voz traz-me milhares de histórias, / E de cada história sou o vilão condenado.

A paixão aumenta em função dos obstáculos que se lhe opõem.

Todo mundo é capaz de dominar uma dor, exceto quem a sente.

Choramos ao nascer porque chegamos a este imenso cenário de dementes.

A aptidão que leva os homens a contruírem casas, é semelhante a que leva os pássaros a construírem seus ninhos.
Se os homens construíssem suas residências com as próprias mãos, e arranjassem alimento para si e a família de maneira bastante simples e honesta, quem sabe não desenvolveriam a faculdade poética e épica, cantando como fazem todos os pássaros quando assumem um compromisso dessa natureza?
Mas ai de nós! Agimos como Chopins e Cucos, que põe ovos em ninhos feitos por outros pássaros e cujas melodias não alegram o viajante...

Por que vivemos com tanta pressa, esbanjando a vida? Decidimos morrer de fome antes de sentir fome.

Viva cada estação enquanto elas duram, respire o ar, beba a bebida, saboreie a fruta, e deixe-se levar pelas influências de cada uma.

Como pode um homem satisfazer-se com apenas ter uma opinião e deleitar-se com ela?

Vale a pena despender dias juvenis e horas preciosas para se aprender algumas palavras de uma língua antiga, que se erguem da trivialidade das ruas para se transformarem em perpétuas sugestões e provocações.

Os homens, em sua maioria, aprenderam a ler para satisfazer a uma mesquinha conveniência, assim como aprenderam a calcular a fim de organizarem sua contabilidade e não serem enganados no comércio, mas sabem pouco ou nada a respeito da leitura como um nobre exercício intelectual.

Muito melhor seria sentar ao ar livre, pois a poeira não se acumula sobre a grama, a não ser nos trechos em que os homens arrancou-a do solo.