Schopenhauer

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O que um indivíduo pode ser para o outro, não significa grande coisa, no fim cada qual acaba só. Ser feliz, diz Aristóteles, é bastar-se a si mesmo.

A vida é uma constante oscilação entre a ânsia de ter e o tédio de possuir.

A mulher é uma criatura de cabelos longos e ideias curtas.

Assim como a cera, naturalmente dura e rígida, torna-se, com um pouco de calor tão moldável que se pode levá-la a tomar a forma que se desejar, também se pode, com um pouco de cortesia e amabilidade, conquistar os obstinados o os hostis.

Se não conto meu segredo, ele é meu prisioneiro. Se o deixo escapar, sou prisioneiro dele. A árvore do silêncio dá os frutos da paz.

Arthur Schopenhauer
SCHOPENHAEUR, A., Parerga e Paralipomena

A única alegria do rebanho é quando o lobo come a ovelha do lado.

Raramente pensamos no que temos, mas sempre no que nos falta.

O motor principal e fundamental no homem, bem como nos animais, é o egoísmo, ou seja, o impulso à existência e ao bem-estar. [...] Na verdade, tanto nos animais quanto nos seres humanos, o egoísmo chega a ser idêntico, pois em ambos une-se perfeitamente ao seu âmago e à sua essência.
Desse modo, todas as acções dos homens e dos animais surgem, em regra, do egoísmo, e a ele também se atribui sempre a tentativa de explicar uma determinada acção. Nas suas acções baseia-se também, em geral, o cálculo de todos os meios pelos quais procura-se dirigir os seres humanos a um objectivo. Por natureza, o egoísmo é ilimitado: o homem quer conservar a sua existência utilizando qualquer meio ao seu alcance, quer ficar totalmente livre das dores que também incluem a falta e a privação, quer a maior quantidade possível de bem-estar e todo o prazer de que for capaz, e chega até mesmo a tentar desenvolver em si mesmo, quando possível, novas capacidades de deleite. Tudo o que se opõe ao ímpeto do seu egoísmo provoca o seu mau humor, a sua ira e o seu ódio: ele tentará aniquilá-lo como a um inimigo. Quer possivelmente desfrutar de tudo e possuir tudo; mas, como isso é impossível, quer, pelo menos, dominar tudo: 'Tudo para mim e nada para os outros' é o seu lema. O egoísmo é gigantesco: ele rege o mundo.

Arthur Schopenhauer
Schopenhauer, A., A Arte de Insultar

A fábula da convivência

Durante uma era glacial, muito remota, quando parte do globo terrestre esteve coberto por densas camadas de gelo, muitos animais não resistiram ao frio intenso e morreram, indefesos, por não se adaptarem às condições do clima hostil.

Foi então que uma grande manada de porcos-espinhos, numa tentativa de se proteger e sobreviver, começou a se unir, e juntar-se mais e mais.

Assim, cada um podia sentir o calor do corpo do outro.

E todos juntos, bem unidos, agasalhavam-se mutuamente, aqueciam-se enfrentando por mais tempo aquele forte inverno .

Porém, vida ingrata, os espinhos de cada um começaram a ferir os companheiros mais próximos, justamente aqueles que lhes forneciam mais calor, aquele calor vital, e afastaram-se feridos, magoados, por não suportarem mais tempo os espinhos dos seus companheiros.

Doíam muito...

Mas, essa não foi a melhor solução : afastados, separados, logo começaram a morrer congelados, os que não morreram voltaram a se aproximar, pouco a pouco, com jeito, com precauções, de tal forma que, unidos, cada qual conservava uma certa distância do outro, mínima, mas o suficiente para conviver, resistindo a longa era glacial.

Sobreviveram...

Arthur Schopenhauer
Parerga e Paralipomena. 1851

Nota: Fábula também conhecida como "A Fábula do Porco-espinho".

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A vida interior é reprimida e não pode ser conscientizada porque conhecer nossa natureza mais profunda (nossa crueldade, medo, inveja, desejo sexual, agressividade, egoísmo) seria um peso maior do que poderíamos aguentar.

Arthur Schopenhauer

Nota: citado em "A Cura de Schopenhauer", de Irvin D. Yalon

Talento é acertar um alvo que ninguém acerta. Genialidade é acertar um alvo que ninguém vê.

A vida pode ser comparada a um bordado que no começo da vida vemos pelo lado direito e, no final, pelo avesso. O avesso não é tão bonito, mas é mais esclarecedor, pois deixa ver como são dados os pontos.

Arthur Schopenhauer

Nota: citado em "A Cura de Schopenhauer", de Irvin D. Yalom

Ficaremos cada vez mais indiferentes quando alcançarmos um conhecimento suficiente da superficialidade e da futilidade dos pensamentos, da limitação dos conceitos, da pequenez dos sentimentos, da absurdez das opiniões e do número de erros na maioria das cabeças

Arthur Schopenhauer
SCHOPENHAEUR, A., Aforismos sobre a Sabedoria da Vida

A inteligência é invisível para quem não tem nenhuma.

A primeira regra para não ser um brinquedo nas mãos de qualquer velhaco, nem ridicularizado por qualquer imbecil, é manter-se reservado e distante.

Se a vida possuísse qualquer valor real e positivo, o tédio não existiria: a própria existência em si nos satisfaria, e não desejaríamos nada.

Um homem pode ser ele mesmo somente enquanto ele está sozinho, e se ele não gosta de solidão, ele não vai amar a liberdade, pois é somente quando ele está sozinho, que ele é realmente livre.

A flor respondeu: Bobo! Acha que abro minhas pétalas para que vejam? Não faço isso para os outros, é para mim mesma, porque gosto. Minha alegria consiste em ser e desabrochar.

A ousadia é, depois da prudência, uma condição especial da nossa felicidade.

Quanto mais claro é o conhecimento do homem, quanto mais inteligente ele é, mais sofrimento ele tem; o homem que é dotado de gênio sofre mais do que todos.

A tarefa é não tanto para ver o que ninguém viu ainda, mas pensar o que ninguém ainda pensou sobre o que todo mundo vê.

Arthur Schopenhauer
Parerga und Paralipomena, 1851.

Nota: A citação costuma ser erroneamente atribuída a Erwin Schrödinger.

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Assim como o homem carrega o peso do próprio corpo sem o sentir, mas sente o de qualquer outro corpo que quer mover, também não nota os próprios defeitos e vícios, mas só os dos outros.

Se contemplarmos longamente a escuridão, algo sempre aparece.

Quanto mais profundamente ama, tanto mais dolorosamente sente os golpes sofridos pela mão amada.

O extrovertido é o ser que não suporta o tédio de ficar consigo mesmo.