Mario Quintana

Mario Quintana

Poeta e tradutor brasileiro
76 - 100 do total de 675 pensamentos de Mario Quintana

Quem faz um poema abre uma janela.
Respira, tu que estás numa cela
abafada,
esse ar que entra por ela.
Por isso é que os poemas têm ritmo
– para que possas profundamente respirar.

Quem faz um poema salva um afogado.

Mario Quintana
Apontamentos de história sobrenatural. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012.

Nota: Poema emergência.

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A maior dor do vento é não ser colorido.

O mais feroz dos animais domésticos é o relógio de parede: conheço um que já devorou três gerações da minha família.

Mario Quintana
CARVALHAL, Tania Franco (org.). Mario Quintana: Poesia Completa. Rio de Janeiro: Nova. Aguilar, 2005.
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Escadas de caracol
Sempre
São misteriosas: conturbam...
Quando as desce, a gente
Se desparafusa...
Quando a gente as sobe
Se parafusa
(...)

Ela

Mas que haverá com a Lua, que sempre que a gente a olha, é com um novo espanto?

Mario Quintana
Poesia completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2006.

Verso Avulso
O luar é a luz do sol que está dormindo...

Linha Curva

O caminho mais agradável entre dois pontos.

Linha Reta

Linha sem imaginação.

Melancolia: Maneira romântica de ficar triste.

Ao Pé da Letra
Enforcar-se é levar muito a sério o nó na garganta.

Vento

Pastor das nuvens.

A Coisa
A gente pensa uma coisa, acaba escrevendo outra e o leitor entende uma terceira coisa... e, enquanto se passa tudo isso, a coisa propriamente dita começa a desconfiar que não foi propriamente dita.

Mario Quintana
Caderno H. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013.

Sinônimos
Esses que pensam que existem sinônimos, desconfio que não sabem distinguir as diferentes nuanças de uma cor.

O poema

Mas por que datar um poema? Os poetas que põem datas nos seus poemas me lembram essas galinhas que carimbam os ovos...

Mario Quintana
Poesia completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2006.

O Poema

O poema
essa estranha máscara
mais verdadeira do que a própria face...

Mario Quintana
Caderno H. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013.

O Berço e o Terremoto

Os versos, em geral, são versos de embalar, como eu às vezes os tenho feito, não sei se por simples complacência... ou pura piedade.
Contudo, os verdadeiros versos não são para embalar - mas para abalar.
Mesmo a mais simples canção, quando a canta um Camela Lorca, desperta-te a alma para um mundo de espanto.

DOS MUNDOS
Deus criou este mundo. O homem, todavia,
Entrou a desconfiar, cogitabundo...
Decerto não gostou lá muito do que via...
E foi logo inventando o outro mundo.

Mario Quintana
QUINTANA, Mario. Espelho mágico. Ed. Globo. 2005
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Tempo
Coisa que acaba de deixar a querida leitora um pouco mais velha ao chegar ao fim desta linha.

Mario Quintana
Caderno H. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013.

Sonho

Um poema que ao lê-lo, nem sentirias que ele já estivesse escrito, mas que fosse brotando, no mesmo instante, de teu próprio coração.

Mario Quintana
Caderno H. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013.

Do Estilo

O estilo é uma dificuldade de expressão.

Às vezes a gente pensa que está dizendo bobagens e está fazendo poesia.

Há noites que eu não posso dormir de remorso por tudo o que eu deixei de cometer.

Mario Quintana
, Mário Quintana: poesia completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2005.

Cada pessoa pensa como pode...

Despertador é bom para a gente se virar para o outro lado e dormir de novo.

Trova
Coração que bate-bate...
Antes deixes de bater!
Só num relógio é que as horas
Vão passando sem sofrer.