Biografia de Herberto Helder

Herberto Helder

Herberto Helder nasceu em Funchal, na Ilha da Madeira, Portugal, no dia 23 de novembro de 1930. Ingressou na Faculdades de Direito e de Filologia Romântica, mas não concluiu nenhum dos cursos. Trabalhou como meteorologista e publicitário.

Herberto foi colaborador de diversos periódicos, entre eles, A Briosa, Búzio, Folha da Poesia, Graal, Távola Redonda e Jornal de Letras e Artes. Em 1971 foi correspondente de guerra em Angola para a revista Notícias.

Dedicou-se à poesia e publicou cerca de trinta livros nesse gênero. Estreou em 1958 com “O Amor em Visita” (1958). Avesso à badalação, a entrevista e mesmo a participação em eventos culturais ou literários, ele recusou diversos prêmios que lhes foram atribuídos, entre eles, o Prêmio Pessoa, em 1994.

Entre suas obras destacam-se: “A Colher na Boca” (1961), “Lugar” (1962), “Retrato em Movimento” (1967), “Cobra” (1977), “A Cabeça Entre as Mãos” (1982), “Do Mundo” (1994), “A Morte Sem Mestre” (2014). Faleceu em Cascais, Portugal, no dia 23 de março de 2015.

Acervo: 1 frases e pensamentos de Herberto Helder.

Frases e Pensamentos de Herberto Helder

Sobre um Poema

Um poema cresce inseguramente
na confusão da carne,
sobe ainda sem palavras, só ferocidade e gosto,
talvez como sangue
ou sombra de sangue pelos canais do ser.

Fora existe o mundo. Fora, a esplêndida violência
ou os bagos de uva de onde nascem
as raízes minúsculas do sol.
Fora, os corpos genuínos e inalteráveis
do nosso amor,
os rios, a grande paz exterior das coisas,
as folhas dormindo o silêncio,
as sementes à beira do vento,
- a hora teatral da posse.
E o poema cresce tomando tudo em seu regaço.

E já nenhum poder destrói o poema.
Insustentável, único,
invade as órbitas, a face amorfa das paredes,
a miséria dos minutos,
a força sustida das coisas,
a redonda e livre harmonia do mundo.

- Em baixo o instrumento perplexo ignora
a espinha do mistério.
- E o poema faz-se contra o tempo e a carne.