Poemas curtos de Clarice Lispector
Queria saber: depois que se é feliz o que acontece? O que vem depois?
Quem eu sou, você só vai perceber quando olhar nos meus olhos, ou melhor, além deles.
Vivo no quase, no nunca e no sempre. Quase, quase – e por um triz escapo.
Fico às vezes reduzida ao essencial, quer dizer, só meu coração bate.
Aceitar-me plenamente? É uma violentação de minha vida. Cada mudança, cada projeto novo causa espanto: meu coração está espantado. É por isso que toda minha palavra tem um coração onde circula sangue.
Passei a minha vida tentando corrigir os erros que cometi na minha ânsia de acertar. Ao tentar corrigir um erro, eu cometia outro. Sou uma culpada inocente.
Faça com que eu tenha a coragem de me enfrentar. Faça com que eu saiba ficar com o nada e mesmo assim me sentir como se estivesse plena de tudo. Receba em teus braços o meu pecado de pensar.
Sentia que "podia". Fora feita para "libertar". "Libertar" era uma palavra imensa, cheia de mistérios e dores.
E o amor, em vez de dar, exige. E quem gosta de nós quer que sejamos alguma coisa de que eles precisam.
Detesto coisas mais ou menos, não sei amar mais ou menos, não me entrego de forma mais ou menos.
Mas o vazio tem o valor e a semelhança do pleno. Um meio de obter é não procurar, um meio de ter é o de não pedir e somente acreditar que o silêncio que eu creio em mim é a resposta a meu – a meu mistério.
Quando você diz “Eu te amo”, está fazendo uma promessa com o coração de alguém. Tente honrá-lo.
Simplesmente eu sou eu. e você é você. É vasto, vai durar. (...) Olha para mim e me ama. Não: tu olhas para ti e te amas. É o que está certo.
Acho que sábado é a rosa da semana.
Não sei o que fazer do que vivi, tenho medo dessa desorganização profunda.
A vida é curta demais para eu ler todo o grosso dicionário a fim de por acaso descobrir a palavra salvadora.
Nada do que eu já fiz me agrada. E o que eu fiz com amor estraçalhou-se. Nem amar eu sabia, nem amar eu sabia.