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As palavras vão saindo, se queimando em meus lábios, letra por letra. Quando vi, já torrei minha própria língua...

Queimando

Sentir é perigoso
Confessar o sentimento pecado
Quem tem a coragem necessária
De viver sem medo um sentimento?
Serei queimada viva se confessar meu sentimento por você?
Preparem a fogueira convoquem os curiosos
Eu confesso:
Eu queimo
Eu sou fogo
E justamente por ser inteiramente fogo
Não morro
Eu viverei pra sempre em seu coração
Queimando com fogo
Devorando cada pedaço dele
Até você virar cinza e pó
Mas eu?
Seguirei queimando só.
Você se fez cinza, quando eu queria calor
Você não estava lá, não viu minha dor
Você fugiu ao invés de me dar a mão
Tornou se uma cinza fria e por isso não merece meu coração
Sentir é perigoso
Eu sei
Eu sei
Eu sinto muito

Pirose?

Hora do almoço em jejum,
E uma fome de sol,
Queimando.

Sentirás meu calor,
queimando suas entranhas,
a procura inútil dos nossos sonhos, evaporizados na ilusão esquecida por ti.

Este é meu coração. Meu coração está queimando como o sol por você.

O que devo fazer? (Minhas mãos estão queimando)
Tentando te alcançar (Mas não posso ter você)
Não posso te tocar, nunca
Mas sou atraído por você
Quanto mais eu sofro, mais eu te quero

⁠Na escola eu rabiscava uma letra com o pouco que aprendia de política através do jornal de seu Pádua, que sempre era o da semana anterior:

“Até quando temos que ficar nessa exploração?
Essa terra é o meu salário e de todo cidadão
Lutamos contra a impunidade/ Pois precisamos sobreviver
Desta terra nos deixem a metade / Mas não deixam é nada pra você
Não venda a sua nação/ Ô pobre cidadão
Roubam-nos a luz do dia e não fazemos nada pra deter
A Amazônia está perdida e a culpa não dá pra esconder
Não venda a sua nação/ Ô pobre cidadão.