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Ao Pé da Letra
Enforcar-se é levar muito a sério o nó na garganta.

Hoje tinha algo entalado na minha garganta e não era um comida.
Era o medo do desconhecido
Era a angústia de não saber pra onde vamos
Era a raiva por ver tantas pessoas desumanas
Era o desejo por querer ajudar e não conseguir
Eram as lágrimas de saudade do que foi bom
Era a vontade de ver as coisas dando certo
Era a incapacidade de lidar com decisões
Era o desespero por uma vida justa para todos.

Houve uma época em que eu pensava que as pessoas deviam ter um gatilho na garganta: quando pronunciasse — eu te amo —, mentindo, o gatilho disparava e elas explodiam.

Ferreira Gullar

Nota: (trecho extraído do livro "A estranha vida banal", editora José Olympio – 1989 projeto releituras)

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I - Estou ansiosa e não sei o motivo. Só quero que amanheça para que possa respirar novamente. A noite corta minha garganta e me sinto sufocada, não sei o que fazer mas sei que dormir amenizaria.
Porém sei também que só os covardes fogem de situações que não são favoráveis. Mas estou confusa...
Não pense em nada além do sono como válvula de escape.
Ao dormir você está imune. Protegido deste mundo em um mundo paralelo mágico. Possibilidades de ser o que quiser por 15 minutos que serão eternos enquanto durarem.

[Cont.]

Orgulhos são pedaços de vidro dentro da garganta:
Se engolir morre, se cuspir fora cada palavra, cada momento... sangra, sangra muito. Não estou tentando parecer poeta, até porque poetas não amam.

A revolução dos bichos

O Major prosseguiu:
- Pouco mais tenho a dizer. Repito apenas: lembrai-vos sempre do vosso dever de inimizade para com o Homem e todos os seus desígnios. O que quer que ande sobre duas pernas é inimigo, o que quer que ande sobre quatro pernas, ou tenha asas, é amigo.
Lembrai-vos também de que na luta contra o Homem não devemos ser como ele. Mesmo quando o tenhais derrotado, evitai-lhe os vícios. Animal nenhum deve morar em casas, nem dormir em camas, nem usar roupas, nem beber álcool, nem fumar, nem tocar em dinheiro, nem comerciar. Todos os hábitos do Homem são maus. E, principalmente, jamais um animal deverá tiranizar outros animais. Fortes ou fracos, espertos ou simplórios, somos todos irmãos. Todos os animais são iguais.
E agora, camaradas, vou contar-vos o sonho que tive na noite passada. Não sei o que significa. Foi um sonho sobre como será o mundo quando o homem desaparecer. Mas lembrou-me algo que havia muito eu esquecera. Há anos, quando eu ainda era leitãozinho, minha mãe e as outras porcas costumavam cantar uma antiga canção da qual só conheciam a melodia e as três primeiras palavras. Na minha infância aprendi a melodia, depois a esqueci. À noite passada, entretanto, ela me voltou à memória. O mais interessante é que me lembrei também dos versos - os quais, tenho certeza, foram cantados pelos animais de antanho, depois esquecidos por muitas gerações. Vou cantar essa canção, camaradas. Estou velho e minha voz é rouca, mas, quando vos houver ensinado a melodia, podereis cantá-la melhor do que eu. Chama-se 'Bichos da Inglaterra'.
O velho Major limpou a garganta e começou a cantar. De fato, a voz era roufenha, mas ele entoava bem, e a melodia era bem movimentada, algo entre "Clementina" e "La Cucaracha". Os versos diziam:

Bichos da Inglaterra e da Irlanda,
Daqui, dali, de acolá,
Escutai a alvissareira
Novidade que virá.

Mais hoje, mais amanhã,
O Tirano vem ao chão,
E os campos da Inglaterra
Só os bichos pisarão.

Não mais argolas nas ventas,
Dorsos livres dos arreios,
Freio e espora enferrujando
E relho em cantos alheios.

Riqueza incomensurável,
Terra boa, muito grão,
Trigo, cevada e aveia,
Pastagem, feno e feijão.

Lindos campos da Inglaterra,
Ribeiros com águas puras,
Brisas leves circulando,
Liberdade nas alturas.

Lutemos por esse dia
Mesmo que nos custe a vida.
Gansos, vacas e cavalos,
Todos unidos na lida.

Bichos da Inglaterra e da Irlanda,
Daqui, dali, de acolá,
Levai esta minha mensagem
E o futuro sorrirá.

O canto levou a bicharada à mais extrema excitação. Mesmo antes de o Major chegar ao fim, já haviam começado a cantar por conta própria. Até os mais parvos pegaram a melodia e algumas palavras; os mais vivos, tais os porcos e os cachorros, decoraram a canção em minutos. Então, depois de algumas tentativas, a granja toda atacou "Bichos da Inglaterra" em potente uníssono. As vacas mugiam a canção, os cachorros latiam-na, as ovelhas baliam-na, os cavalos relinchavam-na, os patos grasnavam-na. Foi tal o enlevo, que cantaram cinco vezes corridas, de ponta a ponta, e teriam cantado a noite toda se não fossem interrompidos.

A única coisa que se ganha no grito é dor de garganta.

'Hoje eu aceito café'
Hoje eu aceito um café.

Sim, hoje eu aceito!
Porque já me basta
Toda longínqua alma,
Toda amuada calma
E pouco de tudo que tem.

Hoje eu aceito um café.
Sim, hoje eu aceito!

Visto que já não agrado mais
Do colóquio que o mar me traz,
Nem do apelo das manhãs serenas
Que aparentam apaziguar-me.

Hoje eu aceito um café,
Mas com pouco açúcar, por favor.

Porque o doce da vida
já me escorreu amargo na garganta
E não teve melhor façanha
De senti-la em meu peito.

Hoje eu aceito um café.
Ainda que seja pouco
Ou até mesmo do seu gosto
De gostar de café.

Engano

Vem, adoça meus lábios.
Desce suavemente, quente pela garganta
Aquece meu peito, meu coração
Me faz acordar, me faz feliz.
Amarga ao mesmo tempo que adoça.
Se parece com amor
Mas é café mesmo.

Não é você que procura, é o sentimento que encontra a gente, nos agarra pela garganta e não há nada que possamos fazer.

A única coisa apertada vai ser o meu sapato descendo pela sua garganta.

A vida é um pêndulo entre o sorriso no rosto e o nó na garganta

Liandra Morais

"O silêncio sufoca e grita por dentro com uma vontade imensa de extrair o nó que estas preso na garganta sem preservar as cordas vocais".

⁠Me vejo embaixo de uma cachoeira, com os olhos fechados sinto a incolor água colorir minha alma com doses de coragem, pressuponho diversas sensações, diversos sentimentos, medo, felicidade, angústia e leveza. Minhas mãos ainda tremem, minha garganta ainda lateja, a mais profunda dor parece dá as caras, mas verdadeiramente, agora, começa a dissolver-se em brilho, como vagalumes em meio ao vento em uma noite de primavera.

INTRUSO
Ele entrou acompanhado e logo percebemos sua presença
E foi logo falando aos nossos ouvidos coisas de arrepiar.
Um de nós questionou quem havia permitido esse intruso adentrar
Alguém de lá gritou que ele mesmo abrira a porta devagar
Vento frio de julho
Chega atrevido sem fazer barulho
Traz consigo sensações
Esfria, resfria, arrepia
Lugar fechado é um terror
Coriza, tosse, muco, ardor
Constipação, garganta, nariz
Espirro, febre, mal estar, chafariz
Farmácia, medicamento, injeção
Põe na conta ou vai no cartão?
E tem gente que adora inverno
Porque é bom pra dormir
Acorda gente...

Inserida por marcofellipe

Valorizar a musica é imortalizar momentos, criar trilhas sonoras para a vida, é sentir arrepios, desamarrar os nós da garganta, é deixar a alegria preencher o espaço da raiva.

Inserida por VerdeMundo

Quero comer seu fígado, no bom sentido!
Enquanto você me corrói a garganta, sem mantra!

Inserida por UranaRibeiro

Apenas respirei fundo e mantive meu silêncio, aguentei as lágrimas com um nó na garganta enquanto te via dar-me as costas e desaparecer na distância. Quando senti que essa foi a nossa despedida explodi em lágrimas. Aí eu entendi que um para sempre rapidamente se pode converter em um nunca mais.

Inserida por VilmarBecker

Um dia de "nós" na garganta...

Inserida por rianauchoa

Esse
seu silêncio...
Ficou entalado
em minha garganta...
Não consegui
degustá-lo!

Inserida por daysesene

To cansado, com dor e gripado,
e os remédios? Já não fazem efeito.
Drogas, chá, tudo dando errado!
Já percebi que, aguardar, é o jeito...

Inserida por Regis-DaMatta

eu
quero
a razão dos acasos
perdidos...
quero minar a sede que
se alastra
sede de olhos a ver a
face...
sede dos limites
vencidos...
da cura do instante que
mata
do desaguar de lagrimas...
do encanto
que jaz no anonimato...
de buscar
ja me afoguei...
sem ar
o coração quer olhar atraves do
que ve
perder-se no destino
abrigar-se no
silencio
invadir a veracidade das palavras
não ditas
ofuscar razão...
razão?
quero-a bem longe do que
me pertence
não á razão que a realidade
desconheça
sofrer?
melhor assim do que ter um
nó na garganta
mutilando as palavras que
gritam...
palavras
elas dilaceram quando
silenciadas....
não as quero quando não
ditas...
acordar
de uma ilusão
e se sentir realizada pois
a realidade
doi
mas pior seria
deitar
na frustração onde silencios
são drogas
a nos deixar extasiadas
a luz
no fim do tunel ja não
mais clareia
ofuscada pela minha
ousadia
em fazer aquilo que quero que
aconteça
e que
seja
ja!

Inserida por fatimajzuanetti

Ás vezes penso que deveríamos ter tempo para nossos sonhos
Mas sequer temos tempo pra sonhar

Inserida por matheus_peleteiro

(...)
Vaga a mente numa exaustão profunda e encontra o fim do que parece ser a tolerância, trama o plano de fundo fronteirando o inalcançável, segue o longo, estreito e profundo abismo estendido infinitamente sob o céu escarlate de poeira vermelha vagando com o vento seco levando consigo resquícios de esperança qual clama por seguir adiante e atravessar o desfiladeiro dos cânions abissais que cercam e emparedam-o aos cantos escuros das sombras geladas.
Teme os estrondos longínquos que vagam pela grande vala, das nuvens carregadas em algum lugar a despejar torrentes de águas a escavar e aprofundar valetas no solo que de tão seco não enxarca. Tempestades que ameaçam dar por fim um gole sedento e refrescante engolindo para o fundo dessa garganta todo irrelevante presente, presos, entalados, incapazes de se defenderem do tumultuoso reboliço gélido e embarrado da saliva secular que torna a jorrar dos céus para terra numa faxina destrutiva reiniciadoramente confortável.
O sol lá fora ferve e frita os que vagam num passeio infernal por entre as areias escaldantes e entorpecedoras, passos que levam o ser cada vez mais perto do fim de seus curtos tempos. Enquanto lá em cima desejam o fechar do tempo e o cair da chuva, aqui em baixo só se procura sentir novamente um confortável sopro de vento refrescante. Cansado de olhar para a silhueta das bordas do precipício, vaga procurando por algo caído, folhas, galhos, flores, sementes, qualquer coisa que alimente a esperança desconfiada da remota chance de sair dali, espera que esteja descendo rumo a um lago ou riacho, pelo menos o fim dessas paredes que o engolem mais a cada hora que passa, a cada passo que hora em hora ficam mais insensíveis à caminhada fatídica infindável do vale que engole a todos e digere até mesmo a sanidade.

Restos de carniça, abandonada, esquecida, refugada pelos livres urubus a voar tão alto que daqui parecem moscas no risco de céu que se vê. O derreter paciencioso da carcaça fedorenta vai sendo banqueteada calmamente por vermes lúgubres
habitantes isolados nesta garganta que a tudo abandona
deixa morrer
se findar
acabar
porque ela
final
não possui.
Desprovida de fim serpenteia a eterna víbora por entre o quente e desértico solo, rico em ausências e espaços, imensidões vazias que põe qualquer infeliz vivente à condenação de ser devorado mais pelo tempo que pelos vermes. Vastidão isolada de qualquer presença, tendo o uivar dos ventos no alto das entranhas como companhia, o aguardar paciente das aranhas em seus emaranhados nós tricotados com exímia destreza milenar, calmamente a espera de um inseto qualquer que por azar o destino lhe finda a vida neste fim de mundo enrolado numa teia tendo suas últimas lástimas ouvidas por um vagante tão azarado quanto ele que de tando andar no fundo do abismo já alucina e ouve lastimando a pequena criatura que alimenta o predador com suas energias, lembranças, sentimentos e sonhos nunca alcançados.
(...)

Inserida por crislambrecht

Esvai-se o tempo paralelo aos precipícios
seus passos ressoam pelas paredes e correm para longe
ouve-se nada

De olhos escancarados e pernas bambas
cai
fita o esvoaçar das areias no céu crepusculoso
esfria

A noite vem chegando aos poucos
sua anunciação provoca espanto
medo

A possibilidade cada vez mais real daquela garganta vir a tornar-se
a sua tumba
seu eterno descanso
repouso
sem lamúria
de um cadáver que aos poucos derrete
calmamente
sendo apreciado com elegância pelos vermes
de outrora
e sempre

A noite
sem os ventos
traz o ensurdecedor silêncio
que até conforta
O céu
super estrelado
surge na fenda
que se estende por cima dos olhos

Como se estivesse frente a frente com um rasgo na imensidão única do espaço, numa brecha para as estrelas, distantes luzes a vagarem violentamente pelo negro esplendor entre as galáxias emaranhadas nas teias do cosmo. Leve, separa-o do chão flutuando hipnotizado pelo infinito espaço celeste conduzindo seu espírito elevado para além do cânion , para além do vale, percebe-se afastando de si seu mundo deixado para traz, pronto para abandoná-lo à própria condenação. Vai para o eterno abismo escuro onde o mundo ainda está a cair, cercado por distantes pontos de luz flutuando no vazio.
Torna-se ausência...
some
Enquanto seu corpo o perde de vista mergulhando entre os astros, deixa de sentir, morre o tato, olfato e paladar. Como uma pedra qualquer, ignora sua dureza e passa a afundar na areia levando consigo a insensibilidade fria para o passeio petrificado de quem nunca sai do lugar. A partir de agora é vaga lembrança de si, aos muitos esquecida e mil vezes fragmentada em poeira de olvidamento.

Inserida por crislambrecht