Sombra

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A mim não importa ser a sombra quando você é a figura.

" Quem sabe se em teu vulto , não vive por acaso meu destino? ..."

-A sombra do Arco Iris-

Persona, Sombra e Inconsciente ... É extremamente difícil perceber que temos um lado escuro. É claro, isto é meramente um diagrama, é todo metafórico e figurativo; é para expressar o fato de que quando vocês se voltam para o mundo consciente para perfazer qualquer tipo de atividade, vocês o farão através da máscara ou persona, através do sistema de adaptação que vocês dolorosamente construíram ao longo de uma vida. E então, quando vocês saem deste mundo, vocês se retiram e pensam que estão a sós consigo mesmos, mas o Leste diz: "Você esqueceu o velho homem que está residindo em seu coração e vê todas as coisas". Então, sozinhos, vocês chegam ao ponto crítico, seu inconsciente pessoal. Extrovertidos, e todas as pessoas que são identificadas com sua persona, odeiam ficar sozinhos porque começam a perceber a si mesmos. Nossa própria sociedade é sempre a pior: quando estamos sozinhos conosco mesmos as coisas ficam muito inaceitáveis. Quando há muito inconsciente pessoal, o coletivo é sobrecarregado; as coisas das quais deveríamos estar cientes parecem comprimir-se no inconsciente coletivo e realçam suas qualidades fantásticas. Há um tipo de medo, um pânico, que é típico do inconsciente coletivo: como o medo da mata, um tipo particular de medo que se aproveita de você quando você está só no mato. É um sentimento peculiar de estar se extraviando no mato - a coisa mais terrível que você pode imaginar, as pessoas ficam doidas em um instante - ou você pode desenvolver o sintoma de sentir-se observado por todos os lados, olhos em toda parte olhando para você, olhos que você não vê. Uma vez, no mato na África, eu fiquei dando voltas em um pequeno círculo por meia hora, de modo que minhas costas não ficassem voltadas para os olhos que eu sentia que estavam me olhando - e eles estavam lá, sem dúvida, os olhos de um leopardo talvez. Quando você fica naquela solidão consigo mesmo - quando você está eternamente só - você é forçado sobre você mesmo e é confinado a tornar-se ciente de sua experiência. E quanto mais há do inconsciente pessoal, tanto mais o inconsciente coletivo força-se sobre você. Se o inconsciente pessoal é clareado, não há pressão particular, e você não ficará aterrorizado; você fica sozinho, lê, anda, fuma, e nada acontece, tudo é "apenas assim", você está correto com o mundo. Mas ainda pode haver alguma atividade independente no inconsciente coletivo causada por alguma atitude incorreta no consciente. Vocês estão conscientes de seus defeitos pessoais, estéticos e morais, mas sua atitude consciente pode estar de algum modo errada. Por exemplo, você pode saber que não é bastante digno de confiança e você pensa: "Eu não devia ser indigno de confiança, eu preciso negar isso, preciso saltar para uma condição redimida: de hoje em diante eu preciso ser digno de confiança, eu nunca mais farei isso, agora estou redimido". Mas isso não funciona e no dia seguinte você está fazendo as mesmas velhas coisas. É a típica fórmula cristã: de hoje em diante eu nunca mais farei isso.

NOTAS SOBRE OS SEMINÁRIOS MINISTRADOS DE 1928 A 1930 POR C. G. JUNG

Debaixo da sombra que minhas ideias fazem enquanto voam conturbadas no céu da minha mente. Concentrado na falta de concentração.

Pessoas más odeiam as boas, pois sabem que a luz faz sumir a sombra.

Há dois grupos brigando pelo direito de viajar no tempo. Luz e sombra. Nós pertencemos à luz. Não se esqueça. Apesar de alguns de nossos atos serem da sombra.

A escuridão
É uma sombra recíproca.
Ela só abraça,
Onde não há luz....

O ser humano cresce mais à sombra que ao sol.

O líder verdadeiro forma lideres, o falso lider teme a sombra de um novo líder.

Monólogo de uma Sombra

"Sou uma Sombra! Venho de outras eras,
Do cosmopolitismo das moneras...
Pólipo de recônditas reentrâncias,
Larva de caos telúrico, procedo
Da escuridão do cósmico segredo,
Da substância de todas as substâncias!

A simbiose das coisas me equilibra.
Em minha ignota mônada, ampla, vibra
A alma dos movimentos rotatórios...
E é de mim que decorrem, simultâneas,
A saúde das forças subterrâneas
E a morbidez dos seres ilusórios!

Pairando acima dos mundanos tetos,
Não conheço o acidente da Senectus
— Esta universitária sanguessuga
Que produz, sem dispêndio algum de vírus,
O amarelecimento do papirus
E a miséria anatômica da ruga!

Na existência social, possuo uma arma
— O metafisicismo de Abidarma —
E trago, sem bramânicas tesouras,
Como um dorso de azêmola passiva,
A solidariedade subjetiva
De todas as espécies sofredoras.

Como um pouco de saliva quotidiana
Mostro meu nojo à Natureza Humana.
A podridão me serve de Evangelho...
Amo o esterco, os resíduos ruins dos quiosques
E o animal inferior que urra nos bosques
É com certeza meu irmão mais velho!

Tal qual quem para o próprio túmulo olha,
Amarguradamente se me antolha,
À luz do americano plenilúnio,
Na alma crepuscular de minha raça
Como uma vocação para a Desgraça
E um tropismo ancestral para o Infortúnio.

Aí vem sujo, a coçar chagas plebéias,
Trazendo no deserto das idéias
O desespero endêmico do inferno,
Com a cara hirta, tatuada de fuligens
Esse mineiro doido das origens,
Que se chama o Filósofo Moderno!

Quis compreender, quebrando estéreis normas,
A vida fenomênica das Formas,
Que, iguais a fogos passageiros, luzem.
E apenas encontrou na idéia gasta,
O horror dessa mecânica nefasta,
A que todas as cousas se reduzem!

E hão de achá-lo, amanhã, bestas agrestes,
Sobre a esteira sarcófaga das pestes
A mostrar, já nos últimos momentos,
Como quem se submete a uma charqueada,
Ao clarão tropical da luz danada,
espólio dos seus dedos peçonhentos.

Tal a finalidade dos estames!
Mas ele viverá, rotos os liames
Dessa estranguladora lei que aperta
Todos os agregados perecíveis,
Nas eterizações indefiníveis
Da energia intra-atômica liberta!

Será calor, causa úbiqua de gozo,
Raio X, magnetismo misterioso,
Quimiotaxia, ondulação aérea,
Fonte de repulsões e de prazeres,
Sonoridade potencial dos seres,
Estrangulada dentro da matéria!

E o que ele foi: clavículas, abdômen,
O coração, a boca, em síntese, o Homem,
— Engrenagem de vísceras vulgares —
Os dedos carregados de peçonha,
Tudo coube na lógica medonha
Dos apodrecimentos musculares!

A desarrumação dos intestinos
Assombra! Vede-a! Os vermes assassinos
Dentro daquela massa que o húmus come,
Numa glutoneria hedionda, brincam,
Como as cadelas que as dentuças trincam
No espasmo fisiológico da fome.

É uma trágica festa emocionante!
A bacteriologia inventariante
Toma conta do corpo que apodrece...
E até os membros da família engulham,
Vendo as larvas malignas que se embrulham
No cadáver malsão, fazendo um s.

E foi então para isto que esse doudo
Estragou o vibrátil plasma todo,
À guisa de um faquir, pelos cenóbios?!...
Num suicídio graduado, consumir-se,
E após tantas vigílias, reduzir-se
À herança miserável de micróbios!

Estoutro agora é o sátiro peralta
Que o sensualismo sodomista exalta,
Nutrindo sua infâmia a leite e a trigo...
Como que, em suas células vilíssimas,
Há estratificações requintadíssimas
De uma animalidade sem castigo.

Brancas bacantes bêbedas o beijam.
Suas artérias hírcicas latejam,
Sentindo o odor das carnações abstêmias,
E à noite, vai gozar, ébrio de vício,
No sombrio bazar do meretrício,
O cuspo afrodisíaco das fêmeas.

No horror de sua anômala nevrose,
Toda a sensualidade da simbiose,
Uivando, à noite, em lúbricos arroubos,
Como no babilônico sansara,
Lembra a fome incoercível que escancara
A mucosa carnívora dos lobos.

Sôfrego, o monstro as vítimas aguarda.
Negra paixão congênita, bastarda,
Do seu zooplasma ofídico resulta...
E explode, igual à luz que o ar acomete,
Com a veemência mavórtica do ariete
E os arremessos de uma catapulta.

Mas muitas vezes, quando a noite avança,
Hirto, observa através a tênue trança
Dos filamentos fluídicos de um halo
A destra descarnada de um duende,
Que, tateando nas tênebras, se estende
Dentro da noite má, para agarrá-lo!

Cresce-lhe a intracefálica tortura,
E de su'alma na caverna escura,
Fazendo ultra-epilépticos esforços,
Acorda, com os candieiros apagados,
Numa coreografia de danados,
A família alarmada dos remorsos.

É o despertar de um povo subterrâneo!
É a fauna cavernícola do crânio
— Macbeths da patológica vigília,
Mostrando, em rembrandtescas telas várias,
As incestuosidades sanguinárias
Que ele tem praticado na família.

As alucinações tácteis pululam.
Sente que megatérios o estrangulam...
A asa negra das moscas o horroriza;
E autopsiando a amaríssirna existência
Encontra um cancro assíduo na consciência
E três manchas de sangue na camisa!

Míngua-se o combustível da lanterna
E a consciência do sátiro se inferna,
Reconhecendo, bêbedo de sono,
Na própria ânsia dionísica do gozo,
Essa necessidade de horroroso,
Que é talvez propriedade do carbono!

Ah! Dentro de toda a alma existe a prova
De que a dor como um dartro se renova,
Quando o prazer barbaramente a ataca...
Assim também, observa a ciência crua,
Dentro da elipse ignívoma da lua
A realidade de uma esfera opaca.

Somente a Arte, esculpindo a humana mágoa,
Abranda as rochas rígidas, torna água
Todo o fogo telúrico profundo
E reduz, sem que, entanto, a desintegre,
Á condição de uma planície alegre,
A aspereza orográfica do mundo!

Provo desta maneira ao mundo odiento
Pelas grandes razões do sentimento,
Sem os métodos da abstrusa ciência fria
E os trovões gritadores da dialética,
Que a mais alta expressão da dor estética
Consiste essencialmente na alegria.

Continua o martírio das criaturas:
— O homicídio nas vielas mais escuras,
— O ferido que a hostil gleba atra escarva,
— O último solilóquio dos suicidas —
E eu sinto a dor de todas essas vidas
Em minha vida anônima de larva!"

Disse isto a Sombra. E, ouvindo estes vocábulos,
Da luz da lua aos pálidos venábulos,
Na ânsia de um nervosíssimo entusiasmo,
julgava ouvir monótonas corujas,
Executando, entre caveiras sujas,
A orquestra arrepiadora do sarcasmo!

Era a elegia panteísta do Universo,
Na podridão do sangue humano imerso,
Prostituído talvez, em suas bases...
Era a canção da Natureza exausta,
Chorando e rindo na ironia infausta
Da incoerência infernal daquelas frases.

E o turbilhão de tais fonemas acres
Trovejando grandíloquos massacres,
Há-de ferir-me as auditivas portas,
Até que minha efêmera cabeça
Reverta à quietação da treva espessa
E à palidez das fotosferas mortas!

Augusto dos Anjos
ANJOS, A. Eu e Outras Poesias. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1998.

Levava uma vida sossegada
Gostava de sombra
E água fresca
Meu Deus!
Quanto tempo eu passei
Sem saber!

Foi quando meu pai me disse:
Filha, você é a ovelha negra
Da família
Agora é hora de você assumir
E sumir!

Rita Lee

Nota: Trecho da música Ovelha negra.

Tudo tem uma sombra, mas não necessariamente uma alma.

Ele é uma luz brilhante que protege o mundo, e ela é uma sombra que o protege absorvendo a escuridão que o cerca.
(Mestre Lee)

Desprezo

Esta alma que insultaste se revolta!
Em sua viuvez erma e vazia
Nem sombra guardará de tua imagem
Tanto amor que por ti ela sentia.
Não há de lhe arrancar, nem mais um canto,
Que não seja apagado por meu pranto.
Como a flor a beleza loga murcha;
A tua há de murchar em poucos anos;
Quando a ruga da face anunciar-te
Da velhice aos tristes desenganos
Quando de ti já todos esquecidos
Nem te olharem, meus versos serão lidos.
Talvez um dia o mundo caprichoso
Procure, nobre dama, algum vestígio
Da mulher que meus livros inspirava;
Não achará porém de teu fastígio,
Senão traços de lágrima perdida
Arcano d'uma dor desconhecida.
O tempo não respeita altiva fronte
A riqueza, o brazão, tudo consome.
Um dia serás pó e nada mais;
Ninguém se lembrará nem de teu nome;
Mas para que de ti reste a memória,
Mulher, no meu desprezo eu dou-te a glória.

Eu sou um ator secundário, uma sombra, mas quanto maior a luz, mais escura a sombra fica. E ela realça o branco da luz. Como sombra do ator principal, eu farei você, a "luz", o número um do Japão.

Monólogo de uma sombra

Sou uma Sombra! Venho de outras eras,
Do cosmopolitismo das moneras...
Pólipo de recônditas reentrâncias,
Larva de caos telúrico, procedo
Da escuridão do cósmico segredo,
Da substância de todas as substâncias!


A simbiose das coisas me equilibra.
Em minha ignota mônada, ampla, vibra
A alma dos movimentos rotatórios...
E é de mim que decorrem, simultâneas,
A saúde das forças subterrâneas
E a morbidez dos seres ilusórios!


Pairando acima dos mundanos tectos,
Não conheço o acidente da Senectus
— Esta universitária sanguessuga ,
Que produz, sem dispêndio algum de vírus,
O amarelecimento do papirus
E a miséria anatômica da ruga!


Na existência social, possuo uma arma
— O metafisicismo de Abidarma —
E trago, sem bramânicas tesouras,
Como um dorso de azêmola passiva,
A solidariedade subjetiva
De todas as espécies sofredoras.


Com um pouco de saliva quotidiana
Mostro meu nojo à Natureza Humana.
A podridão me serve de Evangelho...
Amo o esterco, os resíduos ruins dos quiosques
E o animal inferior que urra nos bosques
E com certeza meu irmão mais velho!


Tal qual quem para o próprio túmulo olha,
Amarguradamente se me antolha,
À luz do americano plenilúnio,
Na alma crepuscular de minha raça
Como uma vocação para a Desgraça
E um tropismo ancestral para o Infortúnio.


Aí vem sujo, a coçar chagas plebéias,
Trazendo no deserto das idéias
O desespero endêmico do inferno,
Com a cara hirta, tatuada de fuligens
Esse mineiro doido das origens,
Que se chama o Filósofo Moderno!

Não importa para onde a sombra vai, mas sim DE ONDE VEM A LUZ que a projeta.

O sol brilha para todos, mas, quem quer ter sua sombra, que plante sua árvore.

Saudade,sombra,fantasma,
coisa que bem não se explica:
algo de nós que alguém leva,
algo de alguém que nos fica.

Apaga-te, apaga-te, chama breve! A vida é apenas uma sombra ambulante, um pobre ator que por uma hora se espavona e se agita no palco, sem que depois seja ouvido; é uma história contada por idiotas, cheia de fúria e barulho, que nada significa.