Poemas de Arthur Schopenhauer

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Por que há de se orgulhar do homem? Sua
concepção é uma culpa, o nascimento, um castigo, a vida uma labuta, a morte, uma necessidade.
Do Original:
“ Quid superbit homo, cujus conceptio, culpa
Nasci poena, labor vita, necesser mori!”

Inserida por profeborto

Uma vida feliz é impossível: o máximo que o homem pode atingir é um curso de vida heroico. Este o possui aquele que luta por um bem destinado a todos contra dificuldades gigantescas, vencendo por fim, mas recebendo pouca ou nenhuma recompensa por seu esforço.”

Os pequenos acidentes que nos vexam a toda a hora podem ser considerados como destinados a nos manter em atividade, a fim de que a força necessária para suportar os grandes acidentes não relaxe por inteiro durante a bonança.

... feliz é quem pode evitar para sempre certas individualidades. Para aprender a suportar os homens, deve-se praticar a própria paciência em relação a objetos inanimados, os quais, em virtude de uma necessidade mecânica ou de qualquer outra necessidade física, resistem tenazmente à nossa ação. Para tal exercício, há oportunidade diária.

Os homens jovens, belos e robustos, estão destinados pela Natureza a propagar a espécie humana, a fim de que essa não degenere.

A dor profunda que é sentida pela morte de cada alma amiga tem origem no sentimento de que existe algo inexprimível em cada indivíduo, peculiar a ele próprio, e está, portanto, absoluta e irremediavelmente perdido.

Arthur Schopenhauer
Parerga e Paralipomena

Não devo agir de modo tal que eu possa seduzir os outros através da prática de coisas escandalosas. Não é admissível, por exemplo, que eu me comporte com ostentação, elevando os outros a incorrerem em despesas que se acham além de seus próprios meios, apenas para me divertir com isso.

Os reis deixam aqui suas coroas e cetros, os heróis abandonam suas armas, […] mas os grandes gênios que estiveram submetidos a eles, que orgulhosamente apenas contemplaram com um olhar casual, os grandes pensadores que não se importavam com as coisas externas, levaram consigo sua grandeza para o além, foram eles que levaram consigo tudo o que tinham.

Os seres humanos em geral, não se portam com maldade enquanto não se sentem atacados.

Há momentos em que pensamos na morte de forma tão nítida e com uma aparência tão assustadora que não conseguimos compreender como, com tal perspectiva à nossa frente, se possa ter um só minuto de sossego e não fiquem todos se lamentando a vida inteira pela sua inexorável aproximação. Em outros momentos, pensamos na morte como uma alegria tranquila e até mesmo ansiamos por ela. Em ambos os casos, temos plena razão.

A cada vez que respiramos, estamos rechaçando a morte, mas nem por isso ela deixa de retornar; de tal modo que temos de lutar com ela a cada segundo; em extensões temporais mais amplas, lutamos com a morte a cada refeição que nos renova, e cada momento de sono que nos descansa, a cada vez que nos aquecemos contra a frialdade e assim por diante. Contudo desde o dia de nosso nascimento fomos votados a ela sem remissão e nossa vida inteira não é senão um adiamento da morte.

Dois rostos bastavam para ele: um voltado para dentro de si mesmo e o outro contemplando o mundo exterior; o interior se afundava no coração das coisas, enquanto o exterior contemplava ceticamente a maneira como essas coisas transcorriam materialmente enquanto girava o mundo e a forma como poderiam estraçalhar seu próprio ser, caso se deixasse levar por elas.

Parecemo-nos com carneiros a brincar na relva, enquanto o açougueiro, com os olhos, está a ESCOLHER alguns entre eles; pois nestes bons tempos não sabemos que INFELICIDADE precisamente AGORA o destino está nos preparando: doença, perseguição, empobrecimento, mutilação, cegueira, loucura, MORTE, etc
... por toda parte o homem encontra OPOSIÇÃO, vive continuamente em luta, e morre segurando suas ARMAS.

“Imaginemos, por um instante, que a humanidade fosse transportada a um país utópico, onde os pombos voem já assados, onde todo o alimento cresça do solo espontaneamente, onde cada homem encontre sua amada ideal e a conquiste sem qualquer dificuldade. Ora, nesse país, muitos homens morreriam de tédio ou se enforcariam nos galhos das árvores, enquanto outros se dedicariam a lutar entre si e a se estrangular, a se assassinar uns aos outros.”

A sociabilidade também pode ser considerada como um mútuo aquecimento intelectual dos homens, parecido ao produzido corporalmente quando, em ocasião de frio intenso, eles se juntam bem perto uns dos outros. Mas quem tem bastante calor intelectual em si não precisa de tal agrupamento.

Sem movimento diário e apropriado é impossível manter-se saudável. Todos os processos vitais exigem, para serem executados convenientemente, movimento tanto das partes onde acontecem quanto do todo.

Quanto mais restrito o nosso círculo de visão, acção e contacto, tanto mais felizes seremos; e, quanto mais amplo, tanto mais frequentemente nos sentiremos atormentados ou angustiados, pois, com essa ampliação, multiplicam-se e aumentam as preocupações, os desejos e os temores.

Lembramo-nos melhor dos primeiros anos de vida do que dos subsequentes. Quanto mais vivemos, tanto menos os acontecimentos nos parecem importantes, ou suficientemente significativos para serem depois ruminados; todavia, este é o único meio para fixá-los na memória, caso contrário, serão esquecidos logo que passarem.

Todo os espíritos são invisíveis para os que não o possuem, e toda a avaliação é um produto do que é avaliado pela esfera cognitiva de quem avalia.

A inveja é natural ao homem. No entanto, ela é, ao mesmo tempo, um vício e uma desgraça. A inveja dos homens mostra o quanto se sentem infelizes; a sua atenção constante às acções e omissões dos outros mostra o quanto se entediam.