Poema Cordel

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O Poeta da Roça

Sou fio das mata, cantô da mão grosa
Trabaio na roça, de inverno e de estio
A minha chupana é tapada de barro
Só fumo cigarro de paia de mio

Sou poeta das brenha, não faço o papé
De argum menestrê, ou errante cantô
Que veve vagando, com sua viola
Cantando, pachola, à percura de amô

Não tenho sabença, pois nunca estudei
Apenas eu seio o meu nome assiná
Meu pai, coitadinho! vivia sem cobre
E o fio do pobre não pode estudá

Meu verso rastero, singelo e sem graça
Não entra na praça, no rico salão
Meu verso só entra no campo da roça e dos eito
E às vezes, recordando feliz mocidade
Canto uma sodade que mora em meu peito

TBT

⁠Dizem que na quinta-feira
é dia de TBT:
hora de lembrança ter,
saudade pra ser certeira!
Mas eu acho isso besteira,
sempre penso no passado,
um lugar já visitado,
um alguém além do tempo,
um dia, um bom momento
no meu peito registrado.

Eu gosto daquela chuva
Daquele som que ela produz
Ao cair e lavar a telha
Do seu correr pela biqueira
Daquele cheiro que sai da terra
De olhar as gotas da janela
De banhar no meio da rua
De brincar com os meus amigos
Dos tempos sem internet, apenas TV
Mas também se nós tivéssemos
Nada insignificante iria interromper
Porque aquele momento nos fazia
Tão felizes como jamais entenderia
Quem não sabe o que é ser.
Esse valor carrega a vida por si
O contemplar de uma simples chuva
A lembrança da infância querida
Sem muita preocupação descabida
Ensina que viver bem é puramente viver
Como a chuva que esfria o calor
Que acalma a alma e alivia a dor
Revela um mundo cada vez menos
Criança e que cada vez mais precisa
De Deus e do Seu inexplicável amor.

O amor quando se alberga
no peito do rico ou pobre
se torna logo um guerreio
com capacete de cobre
e só obedece a honra
porque a honra é mais nobre.

Se o amor é soberano
a honra é sua coroa,
portanto, um amor sem honra
é como um barco sem proa,
é como um rei destronado
no mundo vagando à toa.

Desejava mais do que queria desejar
Queria mais do queria querer
Ansiava mais do que queria ansiar
Chorava mais do que desejava chorar
N'alguns momentos
Vivia sem querer viver
E desejava morrer
Sem querer morrer
Que confusa vida era a minha vida
Que vida mais confusa era o meu viver
Por fim, de tanto penar,
Compreendi que na vida não se pode haver compreensão
Se não compreendemos por meio de nossa própria dor
A dor dos outros.

Quem tem coragem no sangue
Não sente medo da sorte,
Passa em fogo e não se queima,
Embarca em qualquer transporte,
Nada no rio da vida,
Voa nas asas da morte.

A imaginação é o áureo cordel a tecer a fria realidade que nos cerca, talvez o nada que nos espera.

(DUAS PAIXÕES)

Tem Duas coisas nessa vida
Que eu não paro de fazer
A primeira é ler cordel
E a segunda é escrever
manter sempre esse contato
Para a fé eu não perder .✏📚❤

De Pernambuco a Paraíba

De Pernambuco a Paraíba
O cordel se concretiza
No nordeste vasto
Se eterniza

A rima bem escrita
E bem "dizida"
É onde pode se encontra
A sua dona Maria

Seu amor vivido
Um coração dividido
Sempre buscando
Buscando o indivíduo

Onde o nascer sertão
Onde o sol raia
Onde o seu brilho
A "claridão" desbrava

Onde final de semana
Não tem perdão
Junta a galera
E vamos para o "forrozão"

Quero ver num espelho cristalino
o cordel virtual de Alceu Valença;
Elomar dedilhar sua incelença
pr’um amor que buscou novo destino;
Trupizupe ir ao céu compor um hino,
enjoado que estava deste plano,
com feições de poeta soberano
que cantou um baião no Paraíso.
Deus, que gosta demais de um improviso,
Pede um outro martelo alagoano.

Cordel é o canto de cantos diversos,
A voz do poeta, que emana passados,
Presentes, porvires vividos, sonhados,
Pecados, rubores perdidos, dispersos,
O grito fecundo de mil universos,
A gesta bendita que é luz e sacrário,
Lembrança, desejo de ser relicário,
Mergulho profundo no inconsciente,
Cavalo do tempo correndo silente
Nos campos sem cerca do imaginário.

Cordel!

Vem da alma a inspiração
que reflete um dom Divino
isso é coisa de nordestino
das raízes do sertão
são palavras do coração
que ganham vida no papel
são versos doces de mel
que traduz nossa cultura
e representa a literatura
dos folhetos de cordel.

Parodiando Oliveira Do Cordel desfilo em letras algumas das minhas saudades:
Saudades da farofa de ovo, café da manhã do meu pai,
das cantigas dos anos 50 na voz de minha mãe, trilha musical dos trabalhos domésticos, das primas que passavam as férias escolares em casa, das corridas pelo quintal com o meu cachorro Tupi, que me rendeu um tombo de cara no chão, saudades do radio vitrola com Mapa Mundi no dial, xodó da família, dos cuidados com as manas mais novas que eu Odinéia e Déa que me rendiam uma baita ciumeira, da caçulinha Andréa, com seus cabelos escorridos e o olhar sempre distante nos seus dez ou doze de idade, o cheiro inconfundível de cimento molhado pela chuva nos verões dos anos dourados, do recreio do Escolástica Rosa e dos sequilhos e do pudim de pão que lá eram vendidos por um ambulante, saudades dos sonhos da padaria Fluminense, saudade dos bondes onde eu ia sempre viajava namorando uma menina imaginária, da mesa sempre farta dos Natais capitaneados pelo patriarca dos Flores, meu amado pai, farta de comida e de parentes , saudades dos olhares das meninas da Vila Margarida, curiosas e assanhadas pelo recém chegado menino de treze anos que eu era e causavam um certo desconforto nos moleques que lá já moravam antes de mim mas me deram coragem para namorar alguém de verdade, das domingueiras do Praia Clube, dos bailinhos americanos da Turma dos Caveiras, dos bate papos com o Gringo, Jorge, Elizeu, Silvinho e Magalhães, das conversas intelectualizadas com o Beleza, saudades do rebaixado fusca garibadíssimo do mano Osmar, das divagações do meu amigo Carlinhos, menino caixa alta, filho dos donos do restaurante Beduíno mas que estava sempre com a gente, saudades da fábrica de calçados que ficava na praça João Pessoa em São Vicente e fazia botas sob medida imitando a dos Beatles, saudades do que eu sonhava ser, enfim uma baita saudades de mim...
odair flores

Damião o roceiro do Sol(poesia de cordel 2006)

Damião vivia bem
Em Minas Gerais
Pois dele se esperava ser um grande capataz
Defensor dos oprimidos
Nas terras dos Generais

Todos na fazenda eram paus mandados
Faziam o que não queriam
Para não serem condenados
A cada tarde traziam dois
Para serem castigados!

Ele escreveu a carta:Fica agora como justo
Os roubos do Senado
Pois reuni o povo Para o nosso liberado
Enquanto o senhor diretor vive na cadeira sentado
Nosso povo todo dia
Vive sendo castigado

Meu coração
é um carrossel de alegria
um aquário de imaginários
e um cordel
encantado de poesia.

Já faz mais de duas horas
Que um cordel quero fazer;
Eu não sei no que vai dar,
Mas ousado eu sei ser
E espero obter sucesso
Nesse meu novo entreter.

Cá estou, em uma cama de hospital
internado há quatro dias;
só sabendo a data de vinda
e nem fazendo ideia da de ida.

Tento ser forte, mas a dor vence
a cada furada carne à dentro.
Remédios já não fazem efeito,
o jeito é rezar e pedir sossego...

O caso é grave,
mas não me faz medo;
porque pra tudo tem um jeito...

Mas o jeito que pra tudo tem
Não é jeito que eu gostaria.
Mas é como diz um velho ditado:
Se não tem tu, vai tu mesmo!

Firme forte vou levando, de barriga.
Que é pra não passar fome,
nem de noite, nem de dia.

Meu sofrer só Jesus Cristin sabe;
Mas minha vitória, todos saberão.
A vida é cheia de obstáculos,
É por isso que virei atleta,
que é pra passar com facilidade.

Cordel do Fogo Encantado

Um rei de berço ministra qualquer civilização. Um rei de fé luta com seu povo. Um rei de terras anda pelo mundo. Um rei de gerações passa sua corôa. E todos são exemplos de amor nesse cordel que chegou ao fim.

Vou sentir falta da figura shakespeariana de Bel. Dos gritos cômicos de Patácio. Do seu filhinho nidinho, o prefeito mirim. Dos personagens santos, Clara e Francisco de Assis. Do profeta que poderia existir na vida real, principalmente ao leste da África. Desse amor de novela que está bem longe da atualidade.

Cordel Encantado, me encantou como " O Cravo e a Rosa". Porém, mais envolvente. Mais rica em histórias e estórias. Um multipluralidade de contos como muitos de nossa literatura dentro de um contexto e suas civilizações, movidos por fé, união e amor. Chorei e choro com essas cenas. Uma pena serem vistas com tanta ênfase numa novela e não na vida real.

O fim de um vicio televisivo e o final de 4 reinados de amor.

Cordel da EJA

Muitas são as dificuldades encontradas por quem constrói o universo da Educação de Jovens e Adultos.
Para os alunos que estão recomeçando com todos os desafios, o preconceito do desnível, os conflitos de concepções, a luta contra o cansaço, a merenda não muito agradável mas um desejo no coração.

Para os professores, o último expediente, tentam manter o sorriso nos dentes para esconder o grande enfado. Ajustam a paciência para aquele aluno exaltado, pega na mão de dona Maria pra ela não escrever errado, mesmo que no curso de matemática para isso não tenha lhe preparado,
ouve até comentários de seus próprios colegas que professor da EJA é um tanto folgado, não sabendo eles que pra ajudar no recomeço exige é serviço dobrado.

Para o gestor é um tanto complicado, mediar os conflitos dos alunos ditos como “os danados”, justificar a falta de água e do material dourado é cobrado de todo lado, professor, aluno, vigia até do secretariado.
E a coordenadora por essas horas está rodando pra todo lado, botando aluno pra dentro, planejando caso a caso, tentando marcar uma reunião que inclua todo o professorado.

Mesmo com tudo isso, é um grande prazer participar pra valer da segunda chance da vida desse alunato semi-alfabetizados, da BNCC escanteados mas no meu coração, sempre amados!

Rayane Valentim

Ao Mestre.

Falar da literatura
Tem que ter sabedoria
O cordel é uma cultura
Que é feita com maestria
Você tem a desenvoltura
Que parece partitura
dos versos da poesia.

CORDEL CEARENSE !⁠
Quis montar um cordel
Pra mode ferecer o cearense
Se Home, muié, fio e donzela
Faz-se um cordel cearense
Cuscuz, tapioca na tijela
Buxada, carne seca, rapadura
Nóis, sertanejos com vida dura
Toicim, maxixe na panela
Enche o bucho de nossa gente
É pra mode nóis trabaiá
Nóis sumo do Ceará
“Eita povo valente”.