Mais cinco minutos, pedi. Lágrimas... Nathália Cavalcante.

Mais cinco minutos, pedi. Lágrimas lentamente rolando sobre sua face... "Cansei da minha vida" foi o que ela disse. Isso porque tua vida havia começado. Se em quatorze anos as coisas já estavam assim, sem sentido, começo nem fim, imagine daqui uns anos. Gostaria de estudar, mergulhar a mente em livros e começar logo sua vida em Porto Alegre. Observando paisagens, sem carregar bagagens -conquistaria tudo novamente-, queria apenas sua câmera, caneta e papel. Tudo que a fez feliz diante das pontadas ardidas. Ter um apartamento, andar sem compromisso. Pensava em ser encarada pelas pessoas, e ouvir perguntas do tipo "quem é esse garota? é nova na cidade?", traria talvez um ar de nasci novamente. Seu apartamento teria seis cômodos. Um quarto vazio, apenas um cochão e malas de roupas... Em um canto tua camera, tuas folhas. E em outro um computador meio empoeirado... E ah, cozinha,banheiro,sala, e um quartinho talvez para visitas. Sem esquecer de uma área, com uma vista que daria em frente ao nascer do sol. Todos os dias teria inspiração para o dia seguinte naquele local. Vida nova, diria. O gurizinho? Quase me esqueci de menciona-lo na história. Não, moço. Não o esqueci. Continua presente aqui nos meus pensamentos, até antes de dormir. Lembra-te, recomeçei minha história, minha vida, nasci outra vez. Mas os sentimentos... Esses não se renovam, não quando é verdadeiro. Bem, eu gostaria que ele viesse me visitar todas as vezes que voltasse para o país pra visitar tua família. Se Porto Alegre fosse caminho de SP, ele passaria de carro em frente ao meu apartamento, e se lembraria das vezes que o fiz sorrir quando nada mais afogava os problemas, risos. Como anda a vida dele? Bem não sei. A última vez que nos falamos, ele estava de saída do Brasil. Tentaria futuro no exterior, se despediu de mim como quem está arrependido antes mesmo de seguir. Apesar de todos os apesares, nossa história nunca mudou. Nossos assuntos nunca deixaram de ser adoráveis com um ar de que um precisava do outro para se tornar completo. Mesmo que os sentimentos dele não fossem só meus... Eu me sentia única. Talvez fosse tola,aliás me sentia tola. Incrível eram as palavras que ele todos os dias não esquecia de repetir. Ganhava meu sorriso, e cada vez mais meu coração... Mesmo que não pudesse ver. Até com suas brincadeiras bem bobas, ele sempre arrancou algo de mim o que nunca saiu de livre e espontânea vontade. Se ele me tinha? As vezes sim, as vezes não. Ele sempre deu um jeito de me ter quando podia. Tenho boas memórias sobre nossas "coisinhas", e isso faz com que ele permaneça em mim sempre. Outro motivo, ele é uma paixão, talvez eterna. Tive muitas paixões, admito. Mas nenhuma como essa. Fim é uma palavra que não vai existir quando o assunto for, o gurizinho, o meu gurizinho. Até porque, fim não combina com ele. Ele tem um temperamento de fazer as coisas eternas, sabe? E ah, como eu o preciso, o precisando tanto quEI ACORDA! Não esta prestando atenção, porque? "Desculpe-me, pensei que estivesse sonhando" foi o que o jovem rapaz me respondeu. É, moço... Sonho, bom sonho, perfeito sonho é o que define essa história... Espero nunca acordar.