O tempo a velhice nos condena Com... PR JARDEL CAVALCANTE

O tempo a velhice nos condena
Com sentença de ruga e cicatriz
Sem ter advogado que defenda
Nem aceita habeas corpos de juiz
O cansaço ao corpo fragiliza
Pra doença a saúde perde a briga
No lugar da alegria vem saudade
O sorriso no rosto se desbota
E se escuta o batido de uma porta
Da partida cruel da mocidade

As lembranças são 5 mil ogivas
Vez por outra no peito uma explode
Sua força dos olhos quebra as vigas
Nas trincheiras do rosto a lágrima corre
Sem trégua nem atender apelo
A frieza do tempo traz um gelo
Pouco a pouco o vigor fica dormente
E do ego a visão se torna cega
A tristeza tão pesada nos enverga
Impiedosa , implacável e inclemente

A saudade executa uma chacina
Dos projetos e desejos tão queridos
Pistoleira , cangaceira e assassina
Torturante de sonho adormecido
E depois da chacina vai-se às pressas
E a velhice cumprindo suas promessas
Envenena a esperança do futuro
No acerto de contas da idade
Toda dívida que vem da mocidade
O presente agiota cobra juros

PR JARDEL CAVALCANTE