Coragem e Lealdade Já escrevi e reitero... Reinaldo Azevedo

Coragem e Lealdade

Já escrevi e reitero que há duas qualidades que admiro independentemente de conteúdo ou postulações: coragem e lealdade. Não posso pensar em nada mais asqueroso do que seus respectivos contrários: covardia e traição. Ainda que eu repudie a causa deste corajoso ou daquele; ainda que eu possa achar que o beneficiado pelo amigo leal não vale o esforço, aplaudirei sempre as duas virtudes, mesmo que combata seus protagonistas. Só vale a pena viver assim. E, por óbvio, quero-me e sou corajoso e leal. A leitura de “A Ilíada” explica com mais riqueza o que vai aqui. Se um dia tiverem tempo, leiam-na.

Ao fazer essa lembrança, relevo que trato de virtudes antigas, que não têm marca ideológica. Até porque a esquerda pode ser notavelmente traiçoeira e covarde em nome da “causa”. Há rica literatura, muito especialmente a política, a respeito. E a direita pode praticar as duas coisas em nome do “pragmatismo”, já que costuma ter pouca imaginação para utopias.

“Causa” e “pragmatismo” são, pois, vestes que os pusilânimes e os vigaristas envergam sob o pretexto de cuidar da coisa pública. Cedo ou tarde, os fatos os aguardam. Se cedo, melhor: talvez haja tempo para aprender alguma coisa. Se tarde, nada a fazer. A terra há de comer mais um infeliz.

Reinaldo Azevedo