O Capitalismo do Amor Querido diário...... Sandra Ceolin

O Capitalismo do Amor
Querido diário... Ou melhor, queridos leitores aqui do meu bloguinho.
Aqui estou eu, de novo, elucubrando sobre a obviedade ululante dessa minha vida pequena e besta.
É que eu sou mais uma boba que acreditou nos contos de fada que me contaram. Em todos eles.
Sabe qual é a verdade que ninguém nunca me contou?
A verdade é que, nem eu nem ninguém, está satisfeito com nada. Porque fomos criados numa sociedade capitalista. Fomos educados para desejar. Desejar aquela blusa, aquele carro, aquele não sei quê que todo mundo tem e nós não.
Essa é a base do capitalismo. Manter o desejo sempre insatisfeito pra que a gente continue querendo e comprando, pra depois querer de novo.
Trouxemos isso pra vida.
Queremos ser solteiros novamente, ou casados um dia. Queremos uma vida mais calma e assentada, ou mais agitada e interessante. Queremos ser mais magros, ou mais gordos, mais altos ou baixos, ter o cabelo liso ou cacheado...
O fato é que sempre queremos o que não temos.
E o segredo que ninguém nunca me contou é que ninguém está melhor que eu. Minhas amigas casadas não estão. Minhas amigas solteiras também não.
Aquelas casadas, que estão fartas de ter que chegar cedo em casa pra prepararem o jantar dos filhos. Que vivem correndo feito loucas pra dar conta dos filhos, do marido e do trabalho. Sabe quando foi a última vez que elas entraram num salão pra fazer as unhas? Nunca. Elas mal se lembram quando é que conseguiram lavar o cabelo. E estão se sentindo exaustas, eternamente culpadas e frustradas porque nunca conseguem estar inteiras, nem no trabalho, nem com os filhos ou com o marido.
Lembra daquela minha vizinha de criança? A que casou com o engenheiro belga, e foram morar na Califórnia? Pois é. Ela vive uma vida infernal, os dois quase não se falam e ele vive pulando a cerca.
E quanto às minhas amigas solteiras e baladeiras? Aquelas que vivem brindando em bares e dançando a noite inteira, arrastando um exército de homens toda noite? Pois é. Elas se sentem vazias e sozinhas. De olho em seus relógios biológicos, não encontram sentido na vida e tudo que querem é se acertar com alguém.
E, hoje finalmente é o sábado que eu tanto esperei. E eu vou ao mercado, vou lavar e passar a roupa da semana. Tentar dar uma atenção aos filhos e aos amigos.
E amanhã, domingo, eu vou arrumar a casa e me preparar pra segunda. E na segunda começa tudo de novo.
Estamos todos no mesmo barco. Ninguém está melhor que eu, apesar do facebook me dizer sempre que sim.
Estamos todos na mesma.
A única saída talvez seja encontrar prazer nas coisas do dia a dia. Ficar feliz com o trabalho e com a rotina, mesmo que ela inclua a roupa pra passar, a casa pra arrumar e os filhos pra cuidar.
Não adianta viver procurando aquilo a gente não tem, porque aquilo não existe.

#EuPrecisavaDizerIsto