Não chores ainda Alberto Duarte Bezerra... Alberto Duarte Bezerra

Não chores ainda

Alberto Duarte Bezerra

Não,
Não chores ainda,
Esperas mais um pouco,
Que já estou a ir,
E não gostaria de ter que partir,
Vendo desalento em teu rosto,
Estas lágrimas, este desgosto,
Esta tristeza sem fim.
E se queres fazer meu gosto,
Sorrias para mim.
E deixa que eu possa levar comigo,
Um último sorriso teu,
Um último momento de alegria,
Neste, já tão breve adeus.
Poupa-me de ter a agonia,
De saber que parto para sempre.
E ver que te deixo triste,
Tão sem chão, descontente.
Deixa-me a divagar, um pouquinho,
De que ainda que eu vá embora,
Encontraras outras formas,
De buscar outros caminhos,
Outras maneiras, enfim,
De encontrar afagos da vida,
Mesmo que longe de mim.
Deixa-me relembrar nesta hora,
Das coisas que são e foram belas,
Que por aqui construí,
Que aqui pude viver,
E sempre soube, não me seriam eternas.
E se me dessem a escolher,
Por certo, jamais iria,
Por cá, ainda ficaria,
A usufruir desta vida,
Prolongando este permanecer.
Mas saiba você,
Que aceito esta sina certa,
E já que tem que ser assim,
Vou-me embora, sem contrafeito,
Com o que aqui vivi,
Com o que aqui pôde ser feito.
E vou-me, resignado,
Agradecido, quase satisfeito.
E nessa despedida,
Deixa-me que possa ter a graça,
De um breve momento terno,
E crer que este sono que farei eterno,
Seja uma forma de um longo sonhar,
Já prestes a começar.
E que eu possa levar para este sonho,
As boas lembranças que vivi,
Que juntos compartilhamos,
Nas estradas do nosso andar.
Fica aqui, junto a mim,
Me dá a sua mão,
E deixa-me ainda poder olhar para ti,
Sentir o calor que do teu corpo emana,
Sentir o carinho teu,
Que minha carência, reclama.
E nesta lucidez que ainda me resta,
Neste momento único e final,
Quero ter a fantasia,
De deixar esta poesia,
A despedir-me donde me vou,
Como um último cantar,
Com brio, e sem sofrimento,
E fazer deste momento,
Uma forma de..........
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